Assassinatos não vão parar a luta pela terra!

Luta camponesa

 Hino da Revolução Agrária:

“… se a gente morrer nessa luta,
o sangue será uma semente,
justiça vamos conquistar,
a história não falha,
nós vamos ganhar! …”

Rosenildo antes de ser assassinado, desfraldando a bandeira da LCPO Companheiro ROSENILDO PEREIRA DE ALMEIDA, 44 anos, foi executado à tiros na noite da última sexta-feira, dia 7 de julho de 2017, em Rio Maria, Pará, onde residiam seus familiares.

Rosenildo estava com seu netinho, de três ou quatro anos, na garupa da moto. Ele diminuiu a velocidade de sua moto em um quebra-molas, quando uma outra moto com dois elementos se aproximou e fizeram os covardes e fatais disparos.

Rosenildo era conhecido por todos em Pau d’Arco como “Negão”. Era um dos mais antigos lutadores pelas terras griladas da Fazenda Santa Lúcia; já estava no seu lote onde tinha porcos, galinhas e roça, quando veio a reintegração de posse. Rosenildo nunca se intimidou, sempre enfrentou, e ultimamente era um dos principais organizadores do ACAMPAMENTO JANE JÚLIA, organizado pelas famílias que lutam pela Fazenda Santa Lúcia junto com a Liga dos Camponeses Pobres do Pará e Tocantins.

Rosenildo havia participado, nos últimos dias, da reconstituição feita pela polícia federal da “chacina de Pau d’Arco”. Corre o boato na região de que os nomes de quatro lideranças estão em uma lista, marcadas para morrer, e que o Rosenildo seria um dos assinalados nessa lista.

O companheiro ADEMIR DE SOUZA PEREIRA, também de 44 anos, foi assassinado à tiros na tarde do dia 6 de julho de 2017, em Porto Velho, Rondônia. Ademir era Coordenador do ACAMPAMENTO TERRA NOSSA, organizado para lutar pelas terras griladas da Fazenda Tucumã, em Cujubim. O Acampamento coordenado por Ademir fica no município de Ariquemes. Ademir foi assassinado quando saiu por alguns instantes da mesa do Incra, quando uma pauta da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental estava sendo discutida com o Superintendente Regional, Cletho Brito. A esposa de Ademir, inclusive, estava do lado do Superintendente quando foi avisada da morte do marido.

No velório, realizado no dia seguinte, na residência de familiares, em Ariquemes, a esposa do companheiro Ademir recebeu um bilhete entregue por um moto-taxista com ameaça de morte para ela e seus três filhos. Durante toda a noite, caminhonetes e carros, reconhecidos pelos acampados presentes, como pertencentes aos fazendeiros da região, passaram na rua, em frente da casa. Vinham acelerados e sempre passavam devagar na frente da casa, olhando para dentro – e por várias vezes.

Pelo fim dos crimes do latifúndio!

No bilhete de ameaça estão cinco cruzes acima de desenho representando um homem, uma mulher e três crianças, sendo que a cruz e o desenho que representa o Ademir estão riscados com X e as outras em aberto. A filha da esposa do Ademir registrou boletim de ocorrência em Ariquemes/RO, mas não há expectativa de providências por parte da delegacia, pois todos os ataques sofridos pelos camponeses do Acampamento Terra Nossa teve a participação das policias da região do Vale do Jamari.

Denunciamos uma vez mais o Estado brasileiro e todos os seus gerentes por estes crimes covardes contra camponeses e suas lideranças.

Conclamamos uma grande mobilização popular para barrar estes crimes. Desse Estado podre e corrupto não vai vir nenhuma justiça, só mais assassinatos.

Conclamamos todos os camponeses a avançar nas tomadas de terras. Só assim vamos por fim ao banho de sangue promovido pelos latifundiários, grandes burgueses e imperialistas contra os camponeses e todo o povo pobre do Brasil, no campo e nas cidades.

VAMOS HONRAR O NOME E A LUTA DOS COMPANHEIROS ROSENILDO E ADEMIR. ASSUMIR COM MAIS EMPENHO AINDA SUAS TAREFAS, PROTEGER SEUS FAMILIARES, SEGUIR EM FRENTE!

Companheiro Rosenildo: presente na luta!

Companheiro Ademir: presente na luta!

Viva o Acampamento Jane Júlia, em Pau D`arco!

Viva o Acampamento Terra Nossa, em Ariquemes!

Terra para quem nela vive e trabalha!

Viva a Revolução Agrária!

“Cai orvalho de sangue do escravo,
Cai, orvalho, na face do algoz
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz.”

Bandido Negro, Castro Alves

Liga dos Camponeses Pobres do Pará e Tocantins
Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres