Reproduzimos abaixo notícia publicada em 16 de novembro de 2022, por Jaílson de Souza, em www.anovademocracia.com.br
Leia a nota completa da LCP no panfleto ao final.
Atentado: Área camponesa é alvo de incêndio criminoso pela extrema-direita
A Área Revolucionária Cleomar Rodrigues, município de Pedras de Maria da Cruz (Norte de Minas), foi alvo de um atentado político, na noite do dia 20 de outubro. A ação criminosa consistiu em um incêndio contra a casa de um morador, na entrada da área, provocado através de uma fresta. Roupas e pertences do morador e materiais de propaganda da Assembleia Popular (AP) foram destruídos pelas chamas.
Segundo denúncia dos camponeses, o atentado ocorreu “durante a saída dos companheiros que haviam ido até a cidade fazer compras”. Apontaram também que “a destruição só não foi maior porque outros camponeses vizinhos perceberam o fogo e correram para conter as chamas que se alastraram no quarto onde ficavam as roupas, uma cama, pote de água, um sombrite da comunidade e os materiais de propaganda”.
Em nota, a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) do Norte de Minas e Sul da Bahia afirmou que o atentado foi provocado a mando de latifundiários da região, “que desde 2008 declararam guerra aos camponeses”. E sublinhou: “Desde aquela época, diversos atentados foram cometidos contra os camponeses pelos latifundiários da fazenda com Antônio Carlos Vinagre à cabeça e latifundiários vizinhos que juntos planificaram e promoveram desde ameaças de morte aos camponeses, fechamento da estrada que dá acesso à cidade pela beira do Rio São Francisco, incêndio do barracão de camponeses pescadores e destruição dos plantios em 2010, até o brutal assassinato, a tiros, do dirigente camponês Cleomar Rodrigues, por tocaia na porteira da área onde vivia, em 22 outubro de 2014”.
A LCP destacou ainda que “os latifundiários se armam cada vez mais à luz do dia e seguem cometendo seus crimes, com total cobertura do velho Estado”.
Esse atentado com fogo se soma a um conjunto de acontecimentos que revelam o crescimento de ações de extrema-direita, instigado pelo presidente de turno Jair Bolsonaro, que declarou, em duas oportunidades, que a LCP é “terrorismo que começa no campo e vai à cidade” e declarando guerra ao movimento. Além de ataques contra a LCP, a extrema-direita tem realizado fechamento das rodovias financiado por políticos, latifundiários, policiais e donos de estandes de tiros (segundo investigações em curso reveladas pela imprensa), chegando até a atentados a tiros, como ocorridos contra a redação de um jornal em Porto Velho, Rondônia, e em um bloqueio no Novo Progresso, no Pará.
Como destaca o editorial semanal Resistir à ofensiva contrarrevolucionária na nova situação, “essas hostes de extrema-direita, desde o esgoto da sociedade, vieram desavergonhadamente à superfície, tramando e executando suas provocações, atentados políticos e ataques armados, instigados por décadas de berreiro reacionário e anticomunista dessa mesma direita liberal que hoje quer se fazer de ‘democrata’”, sendo necessário “golpeá-las medida por medida e com toda a fúria”.
Latifúndio tenta expulsar camponeses
O movimento camponês destacou, na mesma nota, que esse atentado se relaciona com a luta pela terra na região, e acontecimentos que remontam ao assassinato do dirigente camponês Cleomar Rodrigues.
“Antes de ser assassinado, o companheiro Cleomar denunciou diversas vezes que havia recebido ameaças de morte por parte do policial civil Danilo de Januária, em companhia de Marcos Gusmão, que está sendo indiciado pela execução do companheiro, juntamente com Marcos Aurélio. No entanto, com menos de um ano presos, eles foram postos em liberdade, e os mandantes nunca foram sequer citados”, denunciou a LCP.
A LCP destaca que, em 2016, dois anos após o assasinato de Cleomar, “parte das terras griladas pelo latifúndio foi retomada pelos camponeses e a Área passou a ser nomeada Cleomar Rodrigues em sua homenagem”, “as terras foram cortadas e distribuídas entre os camponeses e desde então as famílias lutam para sobreviver com dignidade, produzindo sem nenhum apoio do velho Estado”. No entanto, o movimento denuncia que “recentemente corre uma informação que a fazenda Pedras de Maria foi vendida para Walter Santana Arantes, o carrasco dos camponeses do Norte de Minas”, destacando que “este inimigo do povo norte-mineiro está acumulando crimes contra o povo e sua conta está cada dia mais alta, está tentando expulsar os camponeses da Arapuim, porque conta com seu dinheiro para comprar a justiça e os políticos que são seus aliados”.
O movimento camponês afirmou que “todos os que se associarem a esse bandido já sabem onde estão se metendo e desde já estão com as mãos sujas de sangue do companheiro Cleomar e de tantos outros heróis do povo brasileiro!”.
Veja o panfleto emitido pela LCP de Norte de Minas e Sul da Bahia clicando aqui.