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Companheiro Zé 200, presente!

No dia 14 de maio de 2007, faleceu o companheiro José Vieira de Oliveira, da Área Gonçalo (Theobroma), onde era conhecido com Zé 200.

José tinha apenas 42 anos. Ele nasceu em Jaurú (Mato Grosso) e chegou em Rondônia 26 anos atrás. Ele era camponês e trabalhou muitos anos de diária e empreita em fazendas no Mato Grosso, Acre, Amazonas e Rondônia. Quando ele conheceu o acampamento Gonçalo abraçou com força a luta camponesa por um pedaço de terra.

Em pouco tempo se tornou um dos coordenadores da Área. Ele era calmo, amigo, respeitador. José não pensava só nele, dizia que antes de morrer queria ajudar os companheiros a tomar terra.

Ele deixou mãe, irmã, sobrinhos, deixou ainda parentes em outros estados e uma companheira que tinha na Área Gonçalo, com quem pretendia se casar, assim que pegasse o lote.

Já fazia algum tempo que o companheiro estava doente. Tratou-se por 6 meses em São Paulo, já de volta pegou malária várias vezes. Em três semanas antes de morrer ele piorou, esteve várias vezes em Jaru para consultar. Na última vez, quatro dias antes de morrer ele não consultou porque não tinha mais ficha.

A família e companheiros não tiveram nem o direito de saber a verdadeira causa e circunstância da morte do ente querido. Fatos estranhos mostram o descaso com o povo. O médico de Jaru não quis assinar o atestado de óbito, que foi assinado por um medico de Ouro Preto. No laudo ainda consta que ele morreu na estrada, a caminho de Jaru, mas familiares de José conversaram com duas enfermeiras que o atenderam no hospital municipal. Elas disseram que ele chegou vivo, foi medicado, mas não resistiu.

José teve o tratamento que o povo pobre tem por parte deste Estado opressor que só sabe sugar os impostos, o suor e sangue do trabalhador e o tratar como um cão. O caso do companheiro é mais um entre milhões pelos hospitais e postos de saúde de todos os cantos do país.

O jornal Resistência Camponesa presta humildemente uma última homenagem ao companheiro José de Oliveira, mais um filho do povo, pobre, trabalhador e lutador. Temos certeza que chegará um dia em que o sonho do companheiro será realizado e toda terra será entregue a quem nela trabalha.