1

Situação da luta pela terra

Assembléia dos camponeses do Sol Nascente

Incra é só enrolação

Assembleia dos camponeses do Sol NascenteNo dia 25 de abril realizou-se no Incra em Porto Velho uma audiência com o superintendente Olavo Nienow e Ouvidor Agrário Gercino José da Silva. Participaram 11 companheiros da LCP representando as áreas de Cujubim, Rio Crespo, Theobroma e Ariquemes. A reunião teve como objetivo discutir os despejos que ameaçam várias áreas. Tanto o  Ouvidor Agrário como o Incra disseram que nada podem fazer.

Na região de Theobroma apenas o burareiro 243 deverá ser regularizado. Como disse um companheiro “do bolo não saiu nem a migalha”.

Outra questão polêmica foi em relação ao acampamento Lamarquinha, área ocupada pela LCP e que o Incra manobrou para colocar famílias ligadas ao MST, inclusive pagando transporte delas, com isso o Incra quis jogar um movimento contra o outro. Para não gerar conflito com a massa os companheiros da LCP aceitaram ser assentados em outra área na região de Rio Crespo, inclusive por que as famílias do MST estavam sendo jogadas de um canto para outro há mais de 10 anos. Só que o Incra prometeu assentar as famílias e no entanto chegou a dar 4 lotes na mesma área para fazendeiros. Na reunião a posição dos representantes da LCP foi de não fazer mais acordos com o Incra, pois sempre deixa de cumprir com sua palavra.


Despejo no Canaã

Cerca de 25 policiais estiveram na área do Canaã e despejaram as famílias de suas casas, praticaram todo tipo de humilhações aos camponeses, inclusive deixando as pessoas com fome e sede. Qualquer um que tentasse conversar eles diziam para calar a boca, pois senão seria algemado e preso. Queimaram os barracos e até mesmo as galinhas chocadeiras. Os camponeses foram levados para a delegacia, onde foram tratados como criminosos. Todos, inclusive crianças foram obrigados a prestar depoimento, tirar foto de frente e perfil e assinar um termo para depor no próximo dia 19. Após o despejo cerca de 10 jagunços armados fazem a segurança da área. Apesar das ameaças as famílias estão dispostas a voltar o mais rápido possível.


Famílias retomam as terras no acampamento Raio do Sol

Camponeses mostram parte de sua produçãoO acampamento fica na linha C-50 no município de Ariquemes, possui cerca de 40 famílias todas construíram casas no lote.

O latifundiário tentou comprar as lideranças oferecendo 30 mil reais para que saíssem da terra. A resposta dos camponeses foi imediata, nossa dignidade não está a venda, queremos a terra para trabalhar.

No dia 24 de abril ocorreu o despejo das famílias, 8 policiais, o advogado Josué Leite, a fazendeira Maria Diana Mercedes e um pistoleiro participaram da operação, ao todo foram utilizados 1 ônibus,
Arroz empilhado por camponês. Essa mesma pilha foi queimada por policiais e pistoleiros
2 viaturas e um veículo da fazenda. O advogado e o pistoleiro atearam fogo em 8 barracos de palha e uma casa de madeira. Não satisfeitos com tanta maldade queimaram a produção de um ano inteiro, pilhas de arroz e milho na frente da policia. O arroz dava para 3 famílias passarem o ano. O milho dava para tratar as criações por um ano ou mais. Também arrancaram dezenas de plantas.

A operação de despejo durou de 9 da manhã às 3 da tarde. As casas queimadas, os companheiros tiveram que tirar da boca de seus filhos para construir, investindo 3 mil reais para serrar madeira e comprar telha de eternit.

O advogado ameaçou os camponeses dizendo que se retornassem para área ele iria levá-los para o Urso Branco. Este é o terceiro despejo que enfrentam na área. Apesar de todas estas investidas e ameaças os camponeses mantém 5 alqueires de mandioca, 3 de arroz, 4 de milho, 10 hectares de feijão no ponto de colher, 500 covas de banana, 200 covas de cupuaçu, 250 covas de açaí de touceira e 1 alqueire de batata doce, etc.

Dois dias após o despejo as famílias decidiram retornar para a terra e reocuparam a fazenda e se preparam para reconstruir tudo que foi destruído com a solidariedade entre os companheiros. Esta terra fica numa área de dezenas de burareiros sem documentação e que mais e mais famílias estão se organizando para tomar. O objetivo das famílias é tomar todas as terras desta região criando uma extensa área onde vivam somente camponeses.


Ouvidoria Agrária cruza os braços diante da ação de milícias do latifúndio

No acampamento Gonçalo cerca de 150 famílias lutam pela terra desde 2001, sofreram vários despejos quando ainda estavam na fazenda Limajuti em Vale do Anari. Em 2005 o Incra e a Ouvidoria Agrária, para evitarem confronto chamaram os camponeses para uma reunião no quartel da PM em Jaru para fazerem um acordo. A proposta da Ouvidoria Agrária e Incra foi de que as famílias acampassem na fazenda Pica Pau (hoje fazenda Oregon) composta por 5 burareiros de 420 alqueires cada um, na região de Theobroma, a área seria ajuizada, cortada e entregue aos camponeses.

No início de 2006 os camponeses entraram na área cortaram os lotes, construíram casas, estradas e possuem uma grande produção: 300 sacos de arroz, 20 litros plantados de feijão, 150 sacos de milho, 8 mil pés de café, 20 mil pés de mandioca, 4 mil covas de cana, 15 mil pés de banana, 5 mil pés de cacau, 300 pés de manga, 200 pés de coco, 300 pés de abacaxi, 200 pés de mamão, 200 pés de cupuaçu, 150 pés de jaca, 150 pés de caju, 100 pés de laranja, 50 pés de limão, 15 pés de acerola, 10 pés e jabuticaba, 1 saco de feijão de corda, 5 litros de amendoim plantado, 150 covas de tabaco, 217 aves, centenas de hortaliças e outras frutas.

Os moradores da região sofrem com malária, não têm assistência da Sucam, as estradas estão péssimas. Uma juíza de Ariquemes disse que não podem haver escolas e nem documentação de gado enquanto a área não for regularizada.

Os proprietários da fazenda moram em São Paulo e Brasília. A polícia já esteve 5 vezes no local, em pelo menos duas esteve junto o gerente da fazenda e jagunços. Recentemente estiveram a COE que utilizou veículos da fazenda para transportar soldados, disseram que estavam ali para procurar bandidos e fugitivos.

Em reunião no dia 25 de abril de 2007 com lideranças de várias áreas da Liga dos Camponeses Pobres em Porto Velho o Incra voltou atrás na promessa de cortar toda a área e disse que cortaria apenas dois burareiros, que são o 216 e 217. Mas o que aconteceu depois foi que policiais e pistoleiros expulsaram as famílias, inclusive destes dois burareiros.

No dia 17 de maio foi denunciado ao Incra e a Ouvidoria Agrária Nacional a presença de bandos armados na área, mas disseram que não tinham veículos disponíveis para averiguar e que quem iria seria o Major Apolônio. Não vai adiantar nada, pois no dia do despejo ele chegou ao acampamento junto dos pistoleiros fortemente armados. Ele viu e não fez nada. Quando são os latifundiários que denunciam, a polícia vai até os acampamentos no mesmo dia, como aconteceu no acampamento José e Nélio em Jacinópolis onde uma denúncia vazia feita de manhã pelo latifundiário Geraldo Coleto da fazenda Condor de que os camponeses possuíam armas foi prontamente atendida pelos policiais na tarde do mesmo dia.


Famílias são expulsas e ameaçadas de morte

Mesmo com a promessa do INCRA de que as terras seriam entregues, as famílias da área Gonçalo foram despejadasNo dia 16 de maio de 2007 foram despejadas as famílias do acampamento Gonçalo. Participaram da operação cerca de 50 policiais militares de Ariquemes acompanhados de 25 jagunços que foram apresentados como “braçais”. Eles estavam fortemente armados. Além das 60 famílias acampadas foram despejadas mais 10 famílias que já estavam morando nos lotes.

Mesmo com a promessa do INCRA de que as terras seriam entregues, as famílias da área Gonçalo foram despejadasA polícia e os jagunços entupiram 3 poços, molharam alimentos para que estragassem, estragaram uma parte das plantações dos camponeses, mataram galinhas e queimaram a igreja que era toda de madeira. Também queimaram os barracos de moradia dos camponeses diante das crianças que choraram. Os policiais ainda ficaram rindo e fazendo piadas dos camponeses. O major Apolônio, que comandou a ação de despejo disse que se precisasse eles dariam tiro. Ao todo foram gastos 500 mil reais na operação de despejo.

No dia 18 entraram na área 40 pistoleiros fortemente armados acompanhados de um dos pretensos proprietários da área e seu gerente, com tratores e vários veículos. Despejaram outras 40 famílias que resistiam nos lotes, dizendo que se não saíssem por bem sairiam por mal, que eles não tinham dó nem de si mesmos muito menos dos outros e que estavam prontos para matar. Eles comentaram que não trabalham por menos de R$100,00 a diária, mais uma prova de que não são meros “braçais”.

Os objetos das famílias foram amontoados nos tratores. Os camponeses que sempre produziram, têm na área arroz na hora de colher, feijão para bater, milho para quebrar, além de porcos e galinhas que não podem retirar, pois os jagunços ameaçam matar quem entrar na área. Os bandos armados mostram ostensivamente suas armas e dizem que têm muito mais. Até no dia 20 os jagunços continuavam na área e um avião ainda sobrevoava o novo acampamento dos camponeses, possivelmente fotografando e filmando.


Camponeses em Rio Crespo se organizam e resistem as ameaças do latifúndio

Mais de 40 famílias tomaram as terras do burareiro 119 na linha C-80 em novembro de 2006 no município de Rio Crespo. A área tem 420 alqueires e não possui nenhum registro no cartório de imóveis. Desde que entraram na área as famílias estão sofrendo ameaças de morte por parte do latifundiário Jaime Giacomelli da fazenda Dois Irmãos, que grilou as terras do burareiro 118 e agora quer expulsar as famílias dizendo que a área é dele.

Camponeses no início da tomada de CujubimNo começo de abril, Jaime, seu filho e um pistoleiro entraram no acampamento armados e dizendo que as famílias vão perder as terras. Chegaram a efetuar disparos para intimidar os camponeses. As famílias já iniciaram a roçada e se preparam para o plantio.

As famílias do acampamento Cafezal em Rio Crespo não vão desistir das terras, pelo contrário, estão dispostas a resistir aos ataques do latifundiário Jaime Giacomelli e seus bandos armados. Recentemente os camponeses da área procuraram a LCP para apoiar na tomada de terra.


Sol Nascente: mulheres prendem dois ônibus da prefeitura

No mês de abril mulheres do acampamento Sol nascente que reivindicavam junto ao prefeito e a secretaria de educação a melhoria das condições no transporte de alunos cansaram de esperar. Dezenas de mulheres bloquearam a estrada durante a madrugada e prenderam dois ônibus da prefeitura afim de que suas reivindicações fossem cumpridas. Os ônibus ficaram presos por um dia inteiro e só foram liberados quando o prefeito assumiu o compromisso de resolver o problema.

Os camponeses desta área criaram uma pequena vila, chamada Sol Nascente que já conta com 70 casas, pequenos comércios e escola. São milhares de famílias que vivem na região.


Os camponeses de Jacinópolis 2 são os verdadeiros donos das terras

Desde o ano passado se arrasta o cumprimento da liminar de despejo que recentemente foi suspensa por falta de recursos por parte da viúva do latifundiário. São 33 famílias que há 3 anos tomaram as terras. Estas famílias foram despejadas da região do Rio Floresta e desde aquela época (2004) o Incra prometeu que as assentaria em qualquer área. Os camponeses cortaram os lotes, em 70% deles já têm casas construídas.

Somente este ano a PM foi ao acampamento 3 vezes para tentar intimidar os camponeses, mas não funcionou. Pelo contrário, o povo abriu 30km de estradas e vai produzir 750 sacas de arroz, 300 sacos de milho e 200 de feijão. Sem contar as hortas, criações de animais, plantio de banana e mandioca.

Em reuniões entre o latifundiário Lourival e camponeses da área no início de 2006, o Incra e a Ouvidoria Agrária afirmaram que Lourival não tinha direito as terras e que se os camponeses quisessem poderiam deixar 100 hectares para ele. Os camponeses da área tentaram negociar várias vezes com Lourival, que não só se negou como passou a ameaçar e atacar os camponeses dizendo que poderia perder tudo, mas que mataria todas as lideranças.

No dia 26 de março fez um ano que foram assassinados José (Polaco) e Nélio (Bico de Jaca) e o menino Lucas de 10 anos foi baleado na cabeça. Ele está com a bala alojada na cabeça o que causou sequelas e não pode retirar, pois pode perder a visão. Sua família enfrenta dificuldades para continuar os tratamentos. O mandante do crime foi o latifundiário Lourival. A polícia de Buritis na época afirmou que os responsáveis foram os pistoleiros do Lourival e depois voltou atrás dizendo que ele não era culpado, isso sem que fosse feita nenhuma investigação. Até hoje os culpados não foram punidos.

Mais de 8 companheiros estão processados pelo Estado, alguns tiveram que pagar fiança para não serem presos. Está tramitando na justiça uma ação contra os companheiros e outra dos companheiros contra o delegado da polícia civil de Buritis, Iramar e o policial Amazoninha. A justiça parece querer livrar o delegado jogando a responsabilidade no policial.

Em reunião com os camponeses no dia 23 de março, os representantes da Ouvidoria Agrária disseram que nada podem fazer e o que resta ao povo é aceitar o despejo.

O acampamento já sofreu 3 despejos e mais de 10 investidas da PM, sem falar das perseguições do latifundiário. Agora estão decididos a resistir. As ameaças não intimidam, o pior já passou! No caso de despejo vão se espalhar na mata e na serra para impedir a ação da polícia.


Mais uma tomada de terra em Buritis

Entre a fazenda Botelho e a fazenda do senador Amir Lando, camponeses da região de Buritis tomaram as terras próximas do conhecido marco vermelho. Mais de 100 famílias foram mobilizadas, logo de início já cotaram uma extensa área de terra que foi distribuída ás famílias. A fazenda Botelho esta ameaçando os camponeses. O acampamento fica entre o rio Formoso e a reserva Bom Futuro, a 40 km de Jacinópolis.