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Áreas Lamarquinha e Terra Boa

Lamarquinha: construção de estrada, ponte e escola

O Acampamento Lamarquinha começou em 2004 em Theobroma. Os camponeses cortaram os lotes por conta e distribuíram para as 15 famílias que começaram a perfurar poços e a produzir. Em dezembro de 2006, depois de dois anos que as famílias estavam vivendo e trabalhando na área o Incra disse que eles tinham que sair porque as terras eram reservadas para os camponeses do acampamento Antônio Conselheiro, dirigido pelo MST. Esta é uma prática comum do Incra para jogar massas contra massas. Os camponeses do Lamarquinha mudaram-se para a linha C-100, no município de Rio Crespo, confiando na promessa do Incra de legalizar as propriedades, dar cestas básicas por um ano, liberar créditos habitação e fomento e construir estradas. Mas, como sempre, foram apenas palavras.

Crianças na escola da área Lamarquinha e Terra Boa. Os camponeses invadiram o prédio do Incra em Ariquemes, em 2007, como forma de pressionar pelo cumprimento das promessas. Mas até hoje, só o que os camponeses receberam foram cestas básicas uma vez e restos de cestas que tiveram que buscar em Porto Velho, créditos fomentos para apenas 7 famílias e mais enrolação.
Comenta-se em Rio Crespo que o Incra já liberou para a prefeitura o dinheiro para a construção da estrada da área e em setembro de 2008, como era ano eleitoral a prefeitura de Rio Crespo passou patrol na estrada, mas ficou pior do que estava.

Cansados de esperar, quem conseguiu construir a estrada de 5 Km, além de uma ponte, foram os próprios camponeses, com o apoio de um pequeno madeireiro.

Futebol entra as duas áreasOs camponeses ainda construíram a escola que também atende às crianças do acampamento vizinho Terra Boa. Depois de irem em comissões dezenas de vezes na prefeitura de Rio Crespo, os camponeses conseguiram os pregos, a corrente, o óleo queimado e a gasolina para serrar a madeira. As próprias famílias dividiram as telhas de amianto e fizeram todo o trabalho de construção da escola.

As 15 famílias camponesas que moram em seus lotes na área Lamarquinha já produzem café, cacau, mandioca, banana, cupuaçu, abacaxi, caju, manga, laranja, mexerica, criam galinha, porco e gado e a maioria já construiu suas casas.

Terra Boa: corte e distribuição de lotes e novo acampamento

Crianças na área Terra BoaO acampamento existe desde final de 2007 em um Burareiro no município de Rio Crespo. No prazo de apenas um ano os camponeses cortaram os lotes por conta, distribuíram, começaram a construir suas casas e preparar a produção. Durante este período eles contaram com o apoio dos camponeses vizinhos da área Lamarquinha que reconhecem que a região melhorou depois do início do acampamento Terra Boa.

Além da malária, as famílias têm enfrentado ataques de pistoleiros a mando de um grupo de latifundiários. José Pierre Matias, que se diz dono da área, como a maioria dos fazendeiros que firmaram contrato com o Incra para uso dos Burareiros há décadas atrás, não cumpriu o acordado. E o contrato não dava posse ao fazendeiro, apenas o direito de produzir na área. Para combater os camponeses ele se aliou aos bandidos Chaule, Ernandes e Nô e usaram de ameaças e ataques covardes contra as famílias. O pior ataque ocorreu em abril de 2008, quando 28 pistoleiros humilharam e machucaram vários camponeses do acampamento, inclusive mulheres e crianças, e sequestraram, torturaram e ameaçaram dois camponeses da área Lamarquinha.

Mas nada disto dobrou os camponeses do Terra Boa que seguiram firmes na Revolução Agrária e em janeiro de 2009 tomaram outro burareiro vizinho. O acampamento antigo e o novo juntos somarão 80 lotes e eles já planejam tomar mais terras. E assim eles vão transformando em terra produtiva esta região que é um verdadeiro deserto de Burareiros abandonados e latifúndios.

Em janeiro o Ibama, Força Nacional de Segurança e Polícia Federal retomaram a operação Arco de Fogo em Cujubim fechando algumas madeireiras e provocando a demissão de dezenas de funcionários. Os camponeses do Terra Boa estão convidando estas famílias a entrarem no novo acampamento. A população de Cujubim não quer passar pelo pesadelo da crise e desemprego que viveram ano passado devido a esta mesma operação Arco de Fogo.