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A luta camponesa se prepara para entrar numa nova etapa

Enquanto colocava o boné do MST, Lula perseguia e criminalizava o movimento camponês combativo.
Lula aumentou a concentração de terras

Enquanto colocava o boné do MST, Lula perseguia e criminalizava o movimento camponês combativo.Antes de ser eleito presidente Luís Inácio/PT prometeu por mais de vinte anos que se pudesse mudar uma única coisa no Brasil, esta seria fazer uma reforma agrária radical. Já no início de seu mandato elaborou um plano de assentar um milhão de famílias, apresentado com muita propaganda. Mas que não passou de pura demagogia para enganar os camponeses, pois sequer previa de onde sairia o orçamento para atingir tais metas.

Contou ainda com a cumplicidade da Contag e MST que além de não questionar essa enganação, abandonaram as mobilizações e tomadas de terra dizendo que o momento era de apoiar Lula e que era preciso ter paciência e esperar pela reforma agrária do governo. Lula afirmou que no país havia espaço para o agronegócio e a agricultura familiar, mas na prática financiou o primeiro com bilhões e a segunda com cortes de gastos. Promoveu latifundiários e usineiros escravocratas a heróis nacionais e transformou camponeses pobres em bandidos e criminosos. O resultado foi que entre 2003 e 2010 assentou apenas 154 mil famílias, um número menor do que o realizado nos oito anos da gerência de FHC, que Lula tanto acusou de não ter vontade política de realizar a reforma agrária.

Para tentar desmobilizar os camponeses em luta em algumas regiões do país, principalmente no nordeste, a gerência Lula utilizou programas assistencialistas como bolsa escola e bolsa família. Porém as massas camponesas seguiram lutando, apesar de todo empenho do oportunismo no gerenciamento do Estado e das campanhas de difamação e satanização movidas pelos monopólios de comunicação.

A criminalização e perseguição ao movimento camponês mais combativo foi o centro da política agrária de Lula através da “operação paz no campo” que prendeu, torturou e despejou camponeses, como ocorreu no sul do Pará na ocupação da fazenda Forkilha, em 2007. Isso incentivou ainda mais os latifundiários de todo o país a utilizarem bandos armados para perseguir e assassinar trabalhadores impunemente.

Dilma quer enterrar de vez a questão agrária

Com Dilma a situação dos camponeses ficou ainda pior.Já no inicio da gerência de Dilma Roussef podemos ver que a situação dos camponeses ficará ainda pior. Em sua campanha eleitoral nem para enganar falou da questão agrária, pois trata disso como algo resolvido. Já em seu discurso de posse disse que quem quiser terra terá de comprar, pois não permitirá mais ocupações. Deixou claro também que o caminho do Brasil é seguir exportando matéria prima barata e que seguirá aplicando a política criminosa de financiar com bilhões o agronegócio. Já para o povo foi anunciado o corte de 50 bilhões de reais dos gastos públicos, dentre eles os destinados a reforma agrária.

Para enquadrar ainda mais o MST Dilma retirou o comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário das mãos do MST e colocou um burocrata qualquer, demonstrando seu total desprezo pelos camponeses.

O episódio do assassinato de um casal de ativistas camponeses no Pará, no início deste ano teve grande repercussão e obrigou o Estado a tomar medidas para dar resposta à opinião pública nacional e internacional, porém, só de fachada. Os assassinatos, perseguições e prisões de camponeses e demais trabalhadores acontece todos os dias em nosso país.

A crise do MST e sua capitulação vergonhosa

A direção do MST se encontra numa encruzilhada. Para manter sua estrutura antes financiada pelo Estado e não perder suas bases mais radicalizadas terá de retomar as mobilizações ainda que seja só para fazer propaganda e logo sair das terras. Mas ao fazerem isso encontrarão resistência dos camponeses que cada vez menos aceitam sua linha reformista e oportunista de ocupar em beiras de estradas e fazer acampamentos relâmpagos para pressionar o INCRA a negociar. Os camponeses querem cortar a terra o mais rápido possível para plantar e sustentar suas famílias.

A crise no MST é grande e aponta para sua completa capitulação frente dificuldades da luta e a reação. Em janeiro de 2010, seu principal dirigente João Pedro Stédile, deu uma entrevista ao jornal Zero Hora de Porto Alegre/RS decretando o fim das ocupações como tática e a necessidade de novas alianças para o movimento. Segundo ele, as ocupações de terra não interessam mais porque não somam aliados como antes.

O mesmo Stédile em entrevista na revista Carta Capital de julho deste ano conclamou o movimento a: “lutar por um novo tipo de reforma agrária chamado por ele de reforma agrária popular, baseado na produção de alimentos sem agrotóxicos e na implantação de agroindústrias e democratização do ensino nas áreas de assentamento”.

Por trás do novo discurso de Stédile vemos sua velha prática reformista de negar a principal contradição em nosso país, a que opõe milhões de camponeses pobres sem terra a um punhado de latifundiários de velho e de novo tipo (agronegócio) que detém uma das maiores concentrações de terra do mundo. Defende que não é necessário destruir o sistema latifundiário, apenas melhorar a qualidade técnica da produção nos assentamentos já existentes. O MST trata o agronegócio e a agricultura familiar como opostos, mas na verdade são apenas dois lados de uma mesma moeda, que é o sistema latifundiário numa semicolônia como o Brasil.

A estrutura fundiária existente em nosso país há mais de 500 anos, jamais sofreu alteração e segue nos dias de hoje aumentando a concentração de terras com o agronegócio. Uma verdadeira transformação no campo só pode ser realizada pelos camponeses pobres em aliança com os operários e demais classes trabalhadoras da cidade, pois atinge diretamente os interesses dos grandes latifundiários, da grande burguesia e das potências imperialistas que dominam o Brasil, principalmente os Estados Unidos. Esta mudança jamais poderá ser obra das classes dominantes e seus gerentes de turno. Basta ver como ao longo de nossa história o Estado brasileiro tratou a ferro e fogo os levantes camponeses e outras revoltas populares que ameaçavam as classes dominantes e seu poder. Assim como hoje se preparam para reprimir o crescimento da luta do povo trabalhador em especial a luta camponesa combativa.

Elevar a propaganda e agitação da Revolução Agrária

O que todos estes oportunistas não contam é que as massas camponesas podem azedar seus projetos e estarão cada vez mais dispostas a se mobilizar quanto mais se aprofundar a crise econômica. Diante do aprofundamento da crise política, econômica, moral e social do velho Estado brasileiro, da falência da chamada “reforma agrária do governo” e da capitulação completa da direção do MST o movimento camponês combativo deve elevar ainda mais alto a bandeira da Revolução Agrária. Intensificar a mobilização e organização dos camponeses pobres para tomar as terras do latifúndio, cortar por conta e entregar as terras, defender sua posse e estabelecer Assembleias Populares exercendo a verdadeira democracia, onde os camponeses decidam todos os dias sobre todas as questões de suas vidas nas áreas onde vivem e trabalham. É a verdadeira democracia contrapondo a falsa democracia burguesa com suas eleições podres e corruptas em que o povo é chamado a participar apenas em um dia, de dois em dois anos, para escolher aqueles que usarão o chicote contra o povo, entregarão nossas riquezas para o saque estrangeiro e roubarão os cofres públicos.

Somente com a destruição completa do latifúndio em todo o país, ainda que isso se dê parte por parte do território, distribuindo as terras aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra, estabelecendo novas relações de produção baseadas na cooperação e exercendo o poder político nas áreas tomadas é que poderemos romper com o principal elo de dominação que oprime nosso povo e mantém a nação subjugada aos países imperialistas. Só a Revolução Agrária como primeira etapa da Revolução de Nova Democracia poderá salvar o país da ruína e libertar nosso povo da exploração e opressão.