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Editorial – nº 19

A grave crise econômica que se arrasta desde 2008 e que tem os Estados Unidos como centro, é a base sobre a qual está se desenvolvendo uma situação revolucionária no mundo. Rebeliões varrem o norte da África e Oriente Médio. Inglaterra, França, Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal e Itália (Europa) foram palco da justa rebelião popular, com grandes protestos de imigrantes e juventude. Nos Estados Unidos gigantescas manifestações contra perdas salariais e desemprego. Na América Latina o povo em luta desmascara as gerências oportunistas ditas de “esquerda” na Bolívia, Chile, Argentina, Venezuela e Brasil.

É a crise do imperialismo. Para tentar contorná-la, as potências lançam mais e mais agressões aos povos e nações oprimidas e aumentam o saque de suas riquezas naturais e mão de obra barata. Só que ao fazerem isso, elevam ainda mais as contradições e mais povos se levantam em lutas. Estados Unidos, Rússia, China, Alemanha e França iniciam os preparativos para uma terceira guerra mundial, fazem nova repartilha de territórios como na Líbia, Costa do Marfim, Iraque e Afeganistão.

Os protestos e rebeliões em todo o mundo tendem a crescer, ainda que de forma desigual, e representam o anseio de milhões e milhões de pessoas por um mundo sem miséria, sem exploração e sem opressão. Não são manifestações isoladas. São os povos em luta, clamando por revolução, empurrados pela grave crise do capitalismo.

No Brasil apesar de toda ladainha de que a crise não viria e muita propaganda triunfalista sobre crescimento, o que vemos é o corte brutal de gastos públicos com educação, saúde, reforma agrária, entre outros. Tudo para seguir financiando a monstruosa dívida pública dos Estados Unidos.

Como consequência direta disso tem ocorrido lutas do povo contra o arrocho salarial, por melhores condições de trabalho, por moradia, etc. Greves de operários, greves de policiais militares, bombeiros, professores, técnicos, funcionários dos correios, bancários. Também as lutas dos estudantes contra aumento de passagens, ocupações de reitoria e greve nas universidades públicas. Sem falar nas tomadas de terra que nunca cessaram.

Os sintomas da crise podem ser vistos em todas as cidades, grandes e pequenas: desaceleração da economia baseada em financiamentos e créditos, aumento do desemprego, perdas salariais, aumento da inflação, aumento do custo de vida, aumento de impostos, aumento da delinquência e banditismo generalizado.

De fato a situação do país não é o mar de rosa que pintam os políticos e os monopólios de comunicação, mas sim a dura realidade da crise econômica que atinge todo mundo e que no Brasil só pode se agravar dado sua condição de semicolônia exportadora de matérias primas baratas.

No rastro da crise econômica vemos o aprofundamento da crise política do velho Estado. As brigas entre as frações das classes dominantes na disputa pelo poder traz a tona escândalos de corrupção que servem apenas para deslocar um grupo para que outro assuma seu lugar e continue controlando os mesmos esquemas. A corrupção é própria deste sistema, não um privilégio deste ou daquele ministério, deste ou daquele governo. Está em todas as instituições do Estado nos três poderes. Mas o pior crime contra a nação é a entrega das riquezas aos monopólios nacionais e estrangeiros.

É claro que a resposta do velho e podre Estado brasileiro diante da crise que se avizinha é aumentar a repressão a todo e qualquer protesto, criminalizando as lutas do povo. Na questão agrária a gerência Dilma tenta enterrar a luta camponesa deixando claro que não existe plano nenhum para assentar famílias sem terra e que a prioridade é seguir financiando o “agronegócio” exportador. A chamada “reforma agrária do governo” é uma grande farsa que tem se desmascarado cada vez mais para os camponeses pobres. No caso de Rondônia, por exemplo, as famílias que nos últimos anos não esperaram o Incra e resolveram cortar as terras por conta estão vivendo muito melhor, construíram casas, produzem e vivem com fartura e dignidade. Ao contrário, as que vivem enganadas por direções oportunistas e eleitoreiras ligados ao Incra, como MST, Fetagro, etc, seguem em condições miseráveis e vivendo anos debaixo de lona.

Hoje em Rondônia existem cerca de 70 áreas ocupadas, sendo que a maioria está sob ameaça de reintegração de posse. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra as perseguições e assassinatos de camponeses aumentaram nos últimos anos, fruto principalmente do aumento da concentração de terras, principalmente na região norte do país.

A palavra de ordem do movimento camponês mais que nunca é intensificar as tomadas de terra, cortar as terras por conta e entregá-las aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Fazer a Revolução Agrária em nosso país, destruindo o latifúndio parte por parte, estabelecendo novas relações de produção nas terras tomadas e exercendo o poder político nas áreas em que vivem e trabalham. Este é o único caminho e primeiro passo para construir uma verdadeira e nova democracia em nosso país.