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População de Buritis se levanta contra perseguições do Ibama

População fecha as entradas de Buritis em protesto contra o Ibama.

População fecha as entradas de Buritis em protesto contra o Ibama.Em julho, uma operação do Ibama e da Força Nacional de Segurança  apreendeu 2 caminhões carregados de madeira, em  Buritis. A extração de madeira é a principal atividade econômica da região, gerando centenas de empregos. Durante três dias madeireiros, trabalhadores das serrarias, comerciantes e a população em geral fecharam as estradas que dão acesso ao município, exigindo o fim da operação e liberação dos caminhões e das cargas. Os comerciantes também fecharam as portas em apoio ao protesto. Diante da pressão do povo o Ibama suspendeu a operação temporariamente.

Em setembro, outras operações de repressão foram realizadas culminando no fechamento de dezenas de serrarias e madeireiras na região, gerando enorme prejuízo à economia local e impedindo o povo de trabalhar.

Diante destas operações de perseguição aos trabalhadores as populações de Rio Pardo, Buritis, Jacinópolis, Cujubim, Machadinho, Jaci-Paraná, Nova Califórnia, Extrema, Minas Novas e União Bandeirantes têm protagonizado protestos radicalizados nos últimos anos.

O povo tem o direito de trabalhar

População fecha as entradas de Buritis em protesto contra o Ibama.Nas décadas de 60 e 70 do século passado, camponeses de diversas regiões do país foram incentivados pelo gerenciamento militar fascista a se fixarem na Amazônia. O país precisava de nova fronteira agrícola  e somente os camponeses estavam dispostos a desbravar a região, amansando a selva  com suas feras e doenças tropicais e outras dificuldades. O Estado então incentivou o desmatamento, inclusive com financiamentos. Todos se lembram de como era a política na época: quem não desmatasse perdia o lote.

Este foi o período que os grandes latifundiários mais grilaram terras da Amazônia, seja através de maracutaia com o INCRA, massacres de povos indígenas ou expulsão de camponeses. E desmataram milhares de hectares para formação de pastagens.

Entretanto, os imperialistas, principalmente os Estados Unidos e países europeus, precisavam garantir novas fontes de matérias primas que tem em abundância na Amazônia, como minérios de todos os tipos, madeira, água, etc. Iniciaram então o discurso da Amazônia como “patrimônio da humanidade”, “pulmão do mundo” e da necessidade de “internacionalizá-la”.

Afinados como sempre foram com os interesses dos países imperionglistas, os gerentes de turno do velho Estado brasileiro, principalmente a partir de FHC e Lula, acentuaram a criminalização dos camponeses pobres e médios da Amazônia como “criminosos ambientais” e “desmatadores”. Tudo acompanhado do discurso dum suposto “aquecimento global” e “desenvolvimento sustentável”, tentando justificar como se as operações do Ibama e Sedam e outros órgãos repressivos fossem em defesa do meio ambiente.

As duas propostas contra o povo

O deputado Moreira Mendes e outros latifundiários, tentando ludibriar os camponeses começaram a dizer que a aprovação do novo código florestal era de “grande importância para os agricultores”. Este projeto, cujo relator é o deputado Aldo Rebelo do corrupto PCdoB de Renato Rabelo, na realidade defende o interesse dos grandes latifundiários, garantindo o perdão de suas multas milionárias e a derrubada de novas áreas. Prova disso foi a facilidade com que o projeto foi aprovado na câmara dos deputados.

Para os camponeses nada muda. A gerente Dilma já anunciou a criação duma “tropa de elite verde”, como se não bastasse os órgãos repressivos que já existem. A repressão do Ibama/Sedam só atinge os camponeses pobres e médios e pequenos madeireiros. Os latifundiários sempre ficam a salvo.

Para desmascarar a enganação do discurso de “desenvolvimento sustentável” basta ver a total miséria dos camponeses pobres onde foram implementadas as políticas das ONGs ambientalistas, que só permitem a produção extrativista. O estado do Acre, que é um grande modelo  para o PT, depende totalmente de outros estados, inclusive alimentos básicos como arroz, feijão e milho, pois os camponeses são proibidos de produzir nas terras.

As derrubadas e queimadas feitas pelos camponeses para tirar o seu sustento são “crime ambiental”. Os milhares de hectares derrubados pelos latifundiários ou as imensas áreas alagadas pelas usinas de Jirau e Santo Antônio são “progresso” e “desenvolvimento”. As grandes madeireiras também têm todas as facilidades para obtenção de planos de manejo, como é o caso da licitação da Floresta Nacional do Jamari, em que oito grandes madeireiras nacionais e estrangeiras estão inscritas para explorar suas riquezas por 60 anos. Tudo com a benção das ONGs ambientalistas, Sedam, Ibama e do gerenciamento petista.