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Companheiro Paulo Justino: presente na luta!

No dia 1º de maio, no distrito de Rio Pardo, mais um camponês foi covardemente assassinado. Paulo Justino Pereira era presidente de uma associação que lutava pelos direitos dos camponeses da região, principalmente terra para mais de 250 famílias despejadas há dois anos.

Esta foi a principal reivindicação que ele apresentou numa reunião com Gercino José, o Ouvidor Agrário Nacional, nos dias 28 e 29 de abril em Porto Velho. Paulo Justino disse que as famílias cansaram de esperar por solução do governador Confúcio Moura (PMDB) ou da presidente Dilma/Lula (PT) e decidiram reocupar suas terras. Gercino José não tomou nenhuma medida e ainda repreendeu Paulo.

Paulo Justino é mais um líder camponês assassinado logo após reuniões com Gercino José e outras “autoridades” agrárias. É o “roteiro da morte” tantas vezes usado por latifundiários e pistoleiros para identificar lideranças camponesas e matarem em seguida. Tonha e Serafim, assassinados em Ariquemes (2003), Luis Lopes, no Pará, Elcio e Gilson em Rio Alto (2009), Josias e Ireni assassinados em Colniza, Mato Grosso (2014), Cleomar Rodrigues, dirigente da LCP, assassinado no Norte de Minas Gerais (2014), e tantos outros. Todos estes crimes covardes foram cometidos por pistoleiros a mando de latifundiários e com a conivência de Gercino, ouvidor nacional dos latifundiários.

No último dia 17 de abril o topógrafo Jander Faria também foi assassinado em Rio Pardo. Ele participava da mesma associação de Paulo Justino. Comenta-se na região que outros cinco homens foram assassinados recentemente, todos defendiam que as famílias despejadas reocupassem suas terras em Rio Pardo.

Rio Pardo faz divisa com Buritis, região onde o latifúndio é mais violento. No dia 9 de abril de 2012 o líder camponês Renato Nathan foi assassinado por policiais e até hoje nada foi investigado. Em novembro de 2014, o camponês Luis Carlos da Silva foi sequestrado e segue desparecido. Parentes tiveram que denunciar na imprensa e bloquear uma rodovia estadual por várias horas para que policiais realizassem buscas.

Em janeiro, foi assassinado José Antônio dos Santos, antiga liderança do acampamento 10 de maio. Quem se diz dono destas terras é Caubi Moreira Quito, que em dezembro confessou em depoimento para delegado da Polícia Civil que pagou policiais para fazerem serviço de pistolagem.

Claramente há um grupo de extermínio formado por pistoleiros e policiais a serviço de latifundiários. Inclusive setores da própria polícia já informaram essa situação. Mas tudo se mantêm encoberto e nenhuma medida é tomada. Por outro lado, “como nunca antes nesse país”, os camponeses seguem sendo despejados, caluniados, perseguidos, presos, sequestrados, torturados, desaparecidos e assassinados.

Punição imediata para os executores e mandantes de violências contra camponeses!

Lutar pela terra não é crime!