LCP do Norte de Minas e Sul da Bahia: ‘Viva o Dia do Povo Preto!’

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Reproduzimos abaixo nota recebida da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia com motivo do 20 de novembro.

 

 

Viva Zumbi dos Palmares, Herói do Povo Brasileiro!

Viva o Dia do Povo Preto!

A Liga dos Camponeses Pobres saúda o dia 20 de novembro exaltando a heroicidade do líder guerreiro Zumbi dos Palmares! Saudamos a história de resistência dos quilombos contra a escravidão e pela construção de uma vida livre sem exploração e opressão.

É dia de saudar e reafirmar o exemplo de luta e resistência do povo preto em nosso país, que é a imagem e semelhança das classes populares do Brasil; e terá sua libertação particular, enquanto grupo étnico massacrado pelo sistema de exploração imperialista, com a vitória da revolução de todo povo oprimido, do qual os negros fazem parte e são maioria.

O Brasil foi o território que mais “recebeu” africanos escravizados. Mais de 6 milhões de homens e mulheres foram sequestrados de suas nações de origem no continente africano, trazidos em condições de indescritível crueldade pelos colonizadores, torturados cotidianamente e obrigados ao trabalho forçado. Por mais de 300 anos os negros foram escravizados nesse país. Gerações e mais gerações nascidas escravas e vendidas como uma mercadoria, famílias inteiras separadas à força, degradadas em sua condição humana, tratadas pior do que animais.

Juntamente com os povos originários, as populações indígenas, os negros foram os primeiros trabalhadores do Brasil, compuseram a primeira classe social oprimida e explorada que construiu toda a riqueza do sistema colonial e sua exploração serviu para erguer e consolidar o desenvolvimento do sistema capitalista e imperialista. O povo preto constitui o núcleo das forças da Revolução Brasileira, como maioria da classe operária e camponesa. Sendo toda sua história de luta pela liberdade como um prenúncio da luta que essa enorme e poderosa massa negra, que conforma a aliança operária-camponesa, que tem desencadeado ao longo dos séculos lutas de libertação, e que estão desencadeando as lutas para levar a Revolução de Nova Democracia até o fim.

A luta pela autoafirmação do povo preto e toda sua história e cultura, a luta por enfrentar o genocídio do povo preto nas grandes cidades e no campo despertará como nunca ao longo de nossa história a fúria revolucionária organizada e invencível. Ressentimentos, desejos de vingança e fúria que há séculos vem sendo represadas pela mais brutal repressão, a ferro e fogo, das classes dominantes exploradoras e opressoras. E não poucas vezes em seus levantamentos têm sido desviadas pela ação do oportunismo, com seus discursos adocicados de intelectuais pequeno-burgueses divisionistas, corporativistas e racistas, atados e como parte complementar desse velho Estado burguês-latifundiário serviçal do imperialismo.

A questão racial está historicamente vinculada à questão social, em particular a questão agrária, da propriedade da terra. Terra de onde os povos indígenas foram expulsos pela invasão dos conquistadores portugueses. Terra de onde o trabalho, suor e sangue do povo preto escravizado, extraíram as riquezas para o reino de Portugal e para Inglaterra. Terra que nos 522 anos de história de nosso país foi saqueada e negada ao povo pobre, negada aos negros pela famigerada lei de terras de 1850, vigente até os dias atuais, para enfim negar terra a todos os camponeses pobres! Assim nos encontramos em pleno século XXI e a questão agrária no Brasil permanece inalterada.

A Revolução é o único caminho para libertar toda a classe explorada e demais massas populares e saldar definitivamente essa dívida de humanidade com o povo preto e todos os povos oprimidos e explorados de nosso país e de todo mundo.

Convocamos camponeses, remanescentes de quilombolas e povos indígenas a lutar pela destruição do latifúndio! Tomar todas as terras do latifúndio e distribuir em parcelas aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra e aos quilombolas; impulsionar a produção e a comercialização. Apoiar e defender a justa luta dos povos indígenas pela retomada e autodemarcação de suas terras ancestrais.

 

Viva a Revolução Agrária!

Viva a aliança operária-camponesa-quilombola-indígena!

Terra, água, pão, justiça e Nova Democracia!

 

Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia