Na madrugada do dia 11 de outubro, uma operação ilegal de reintegração de posse levada a cabo pela DECA de Marabá a soldo da família Mutran resultou no assassinato dos camponeses Adão Rodrigues de Souza, 53 anos e Edson Silva e Silva; na prisão de outros quatro companheiros; e em vários homens e mulheres feridos à bala.
Os policiais comandados pelo delegado Antônio Mororó promoveram essa matança a título de cumprir mandado de busca e apreensão, velho artifício utilizado quando não têm mandado de reintegração de posse.
Em nota publicada no dia 14 de outubro o MST, a FETAGRI, a FETRAF, a CPT, o IZM, a SDDH e o Coletivo Veredas denunciaram o crime, provando seu caráter premeditado; provando que as decisões dos tribunais locais que permitiram e justificaram a ação criminosa da DECA afrontam a jurisprudência e decisão definida pelo STF durante a pandemia; e também identificaram a origem fraudulenta das terras griladas pela família latifundiária e escravagista Mutran, a quem a DECA de Marabá prestou serviços de pistolagem. Importante sua leitura.
Também nesta manifestação das entidades é justa a comparação com o “modus operandi” praticado no Massacre de Pau D´arco, ocorrido na Fazenda Santa Lúcia, em 2017. Partimos daqui para acrescentar.
Na Fazenda Santa Lúcia, em 2017, também foram assassinados posseiros, e foi a pronta denúncia da LCP do Sul do Pará e Tocantins, e logo da CPT, que impediu que o crime fosse apresentada como acerto de contas de grileiros. Na ocasião denunciamos a chacina como parte da crescente violência do latifúndio sob a gerência de Temer, pois havíamos denunciado a chacina dos Gamelas no Maranhão e o Massacre de Colniza (este praticado pelo guaxeba conhecido em Rondônia como Sargento Moisés, fartamente denunciado pela LCP).
Em menos de uma semana, a partir da crescente aproximação com os posseiros da Fazenda Santa Lúcia feita pelo saudoso companheiro Pelé da Comissão Nacional da LCP, retomamos a área. Até hoje os companheiros estão lá em seus lotes, sem que o Incra tenha resolvido a questão. Lá se vão 07 anos!
Do mesmo modo agora, em que o governo federal não soltou um pio que seja para denunciar o “invasão zero” como criminoso; em que a Força Nacional de Segurança atuou junto com polícias militares estaduais para acobertar ataques e assassinatos de camponeses e indígenas; em que a “reforma agrária do governo” está completamente paralisada, assim como as demarcações dos territórios indígenas; em que a guerra reacionária contra os camponeses corre a todo vapor; neste momento tratar a CHACINA DOS POSSEIROS DA MUTAMBA como de exclusiva responsabilidade de um delegado degenerado e corrupto em parceria com o judiciário e livrar a cara das autoridades do Executivo, Helder Barbalho e Luiz Inácio, é um erro gravíssimo.
As massas camponesas precisam de terra para trabalhar e viver, e estão lutando e se mobilizando vigorosamente, como inclusive aqui no Pará. Não é porque o monopólio da imprensa esconde que não está havendo luta. Como pequena prova destacamos os milhares de cadastros feito pelos bombeiros do governo federal junto com lideranças corruptas aqui no Estado do Pará, quase 20.000! Terra que é bom, nada!
Conclamamos todos os movimentos de luta pela terra a se unirem, não para disputar quem tem mais influência no governo, consegue mais cadastro, etc, etc, etc. Mas para enfrentar e derrotar os bandidos latifundiários e entregar a terra para os camponeses. Somos milhares! E é se aproveitando de que muitos têm compreensões diferentes da luta que a canalha promove as chacinas covardes. Tal como em 2017 em Pau D`arco, agora em 2024 o ataque é principalmente contra camponeses que lutam sem bandeira, os posseiros, pois no nefasto cálculo do latifúndio o desgaste do repúdio aos seus crimes será menor.
Na Feroz Batalha de Barro Branco ocorrida em finais de setembro em Alagoas, logramos a primeira vitória das massas contra o “invasão zero”. E como afirmamos em recente manifesto: “Se é guerra que querem, é guerra que terão!”
Justiça para os posseiros da Mutamba!
Viva a Revolução Agrária!
Morte ao latifúndio!
Viva a Heroica Resistência Nacional Palestina!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
Liga dos Camponeses Pobres do Sul do Pará e Tocantins
24 de novembro de 2024