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Acampamento Barro Branco (Chupinguaia) – “O ensaio de um novo massacre”

É de conhecimento público que neste próximo mês, completar-se-ão 15 anos do Massacre de Corumbiara, região de Vilhena.

Tragicamente, tem-se a impressão de que na região, algo parecido está ocorrendo novamente, desta vez na região de Chupinguaia. O Acampamento Barro Branco (mais de 65 famílias), está numa ocupação de uma terra pública, cujo título já foi cancelado administrativamente e o INCRA ajuizou em 2006 uma ação ordinária de retomada, pedindo imissão na posse contra Ilário Bodanese, Euzébio da Silva André, Arnaldo da Costa Esperança espólio e Leonilda Tonin André. Com a intervenção do Órgão Federal, o processo tramita agora na Justiça Federal. No entanto, desde que os autos subiram para outra instância, os trabalhadores/as estão sofrendo todo tipo de ameaças e perseguições.

As informações colhidas junto aos Acampados relatam que tais ameaças estão vindo da parte da Polícia Militar, da chamada P2 e também de Jagunços. O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vilhena, Udo Wahlbrink, vem sofrendo constantes ameaças por parte de um dos pretensos proprietários, Ilário Bodanese, Secretário Regional do Governo de Rondônia, cargo de confiança do ex-governador Ivo Cassol e atual candidato ao Senado.

Outras ameaças, calúnias e difamações tem sofrido as pessoas que apoiam os acampados como é o caso do Sr. Adilson Machado, da CPT/RO, quando foi pedir providências junto à Polícia Militar em Vilhena. Na noite anterior (01.07.2010), os trabalhadores/as sofreram um verdadeiro atentado, quando dois barracos foram queimados por pistoleiros, outros foram derrubados e novas ameaças de morte foram feitas.  Todas as Instâncias Policiais de Vilhena já foram alertadas, inclusive a Policia Federal. No entanto, a cada dia que passa, a ousadia dos pistoleiros e jagunços parecem decretar e anunciar uma tragédia semelhante àquela de Santa Elina, totalmente ao  arrepio da lei. Fica a impressão de que a ação dos pistoleiros, notadamente uma ação de mando, permanecerá desapercebida tanto aos olhos da Justiça quanto da Polícia. A Segurança Pública que deveria ser direito de todos parece ser prerrogativa de interesses de alguns. Claramente configura-se no presente caso, uma realidade de grilagem, favorecimento e impunidade, inconcebíveis para os tempos em que vivemos. A fim de que não se reedite o “Massacre de Corumbiara” e de que a dignidade e os direitos dos trabalhadores/as sejam respeitados, é que se requer providências imediatas e seja assegurada assim a vida e a integridade dos acampados e de quem os apoia.

É neste sentido, que pedimos sensibilidade e intervenção.

Providências também já foram requeridas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia – FETAGRO

Ji-Paraná (RO), 02 de Julho de 2010.

Afonso Maria das Chagas
Assessoria Jurídica CPT/RO