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Arrastão de reintegrações de posse ilegais e violentas no Sul do Pará revolta as massas camponesas. O povo vai se levantar!

Faixa dos Camponeses do Acampamento Osmir Venuto para as manifestações do dia 28 de abril, dia da Greve Geral.

Os homens da Terra

Vinícius de Morais, 1963

Senhores Barões da terra
Preparai vossa mortalha
Porque desfrutais da terra
E a terra é de quem trabalha

Não há santo que vos valha:
Não a foice contra a espada
Não o fogo contra a pedra
Não o fuzil contra a enxada:
– Granada contra granada
– Metralha contra metralha!

Nos últimos dias, o massacre de camponeses em Colniza, no norte do Mato Grosso; os assassinatos de jovens nas favelas do Rio de Janeiro; os ataques contra os Guaranis kaiowás no Mato Grosso do Sul; e o grande assalto ocorrido na tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina); sem contar os ataques da camarilha de temer/meireles/deputados/juízes contra direitos do povo como a aposentadoria, tiveram destaque no noticiário do monopólio da imprensa mentirosa.Tudo isso é um retrato da verdadeira guerra civil e do caos em que o país está mergulhado. Mas a situação é muito mais grave! Por todo lado é violência e injustiça contra o povo. E os canalhas nem se preocupam mais em fazer estas violências “dentro da lei”, como fazem nos momentos em que a crise crônica deste capitalismo putrefato não está tão aguçada.

No Sul do Pará nos últimos dias, latifundiários e policiais militares, mesmo sem as famigeradas ordens de reintegração de posse que geralmente conseguem com uns trocados, realizaram um arrastão de expulsão de camponeses que lutavam por terra. Pelo menos seis foram realizadas. Todas com violência, e contra camponeses que reivindicavam terras públicas, ou que são do Iterpa ou que deveriam ser do INCRA, mas que estão ilegalmente usurpadas pelos latifundiários.

Em Frei Gil de Vila Nova, Alacilândia, Conceição do Araguaia, Pará, Acampamento Formigão, os camponeses que estavam acampados em um corredor na beira da estrada desde o dia 13 de abril de 2017, foram atacados pelo latifundiário e policiais militares. Vejam alguns trechos da denúncia dos camponeses:

“… neste relatório queremos desabafar. Vivemos em terras onde mandam os coronéis, voltamos à verdadeira ditadura à nível de Brasil, principalmente em terras paraenses. O latifundiário que se diz dono da área (mas que até agora não o comprovou), valente comandava o “tático” da PM de Conceição do Araguaia, que invadiu a faixa onde estavam os camponeses xingando, agredindo e passando a moto-serra nos barracos. As crianças pequenas choravam, as senhoras idosas eram humilhadas com xingamentos e ameaças: se ficarem na terra ou voltarem para esta faixa “vão entrar no pau”. Quando o latifundiário cometeu um ato falho e falou que a terra era do ITERPA (Instituto de Terras do Pará), um camponês prontamente respondeu: exatamente por isso estamos aqui, a terra não é sua, isto aqui era um assentamento do Incra o qual você se apropriou ilegalmente…”

Os camponeses de Frei Gil de Vila Nova expressaram sua revolta com esse ataque:

“O que faremos com essa corrupção toda, a quem vamos recorrer? A polícia que é paga com o nosso dinheiro serve aos latifundiários. Se aproveitam da farda para fazer serviço de pistolagem. Isto é ou não é “abuso de autoridade”? Mas para esse abuso os canalhas do Congresso não estão nem aí. Para eles só é abuso quando um corrupto ladrão rico é preso e algemado”

E os camponeses de Alacilândia concluem suas denúncias com firmeza e decisão:

“Repudiamos todo este arbítrio. Nós temos nossos direitos. Eles querem nos calar a todo custo, mas não nos calaremos. Seremos as vozes do povo sem voz!”

É esta também a compreensão dos camponeses de Santana do Araguaia.

Faixa dos Camponeses do Acampamento Osmir Venuto para as manifestações do dia 28 de abril, dia da Greve Geral.Após várias reintegrações de posse fraudulentas, a primeira em 2007, em março deste ano os combativos camponeses voltaram para a terra, para a gleba que é pública. Como não conseguiria a reintegração de posse na justiça, o manda-chuva Noé mandou a polícia prender, a 32 quilômetros de distância da área, 09 camponeses que faziam parte da Associação do Acampamento. Logo depois, duas acampadas também foram presas fora do acampamento. E a polícia fez um cerco nas estradas para não deixar entrar comida e nem gente. Como é que pode uma coisa destas? Os 09 camponeses foram presos no asfalto que levava à vila Barreira Branca, nem estavam na estrada de terra que levava ao acampamento. Esta foi uma prisão completamente ilegal, como toda ação da polícia a mando do Noé.

Também arbitrárias e ilegais foram as reintegrações contra os camponeses de três acampamentos da FETRAF e um acampamento da Associação Santa Lúcia, do Pau D`arco, onde tiros foram disparados e feriram camponeses após a reintegração de posse. E não era bala de borracha não!

A Liga dos Camponeses Pobres do Sul do Pará e do Tocantins conclama todo o povo a se juntar aos camponeses, aos trabalhadores que se levantam em greve geral, a repudiar a violência da polícia que serve como pistoleira para o latifúndio. Os milhares de hectares de terras que são públicos no Pará tem que ser imediatamente entregues aos camponeses para trabalhar.

A revolta do povo aumenta a cada dia. Que depois não reclamem os covardes de hoje.

Abaixo as reintegrações de posse!

Terra para quem nela vive e trabalha!

Viva a Revolução Agrária!

Liga dos Camponeses Pobres do Pará e Tocantins