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Assassinos de José e Nélio são condenados

José e Nélio assassinados por bandos armados do latifúndio

José e Nélio assassinados por bandos armados do latifúndio
José e Nélio assassinados por bandos armados do latifúndio

No dia 26 de março de 2006 no município de Campo Novo/RO os camponeses José Vanderlei Parvewfki conhecido como Polaco e Nélio Lima Azevedo, conhecido como Pindaíba foram assassinados brutalmente numa emboscada por pistoleiros a mando do latifundiário Lourival Carlos Lima. O menino Lucas Kaoltchinfki de 12 anos também foi baleado na cabeça e ficou hospitalizado durante meses. Outros camponeses que estavam juntos conseguiram furar o cerco.

Os camponeses faziam parte do acampamento Jacinópolis 2 organizado em 2003 pela Liga dos Camponeses Pobres e já haviam sofrido vários ataques de bandos armados do latifundiário Lourival, ameaças de policiais civis e militares de Buritis e da própria juíza da comarca Dra. Cristiane Costa de Almeida que havia dito à época que não haviam famílias no acampamento, apenas bandidos e baderneiros. O delegado da polícia civil Iramar Gonçalves realizou buscas no acampamento e colheu depoimentos acompanhado de Lourival e seus capangas. Segundo os camponeses denunciaram policiais receberiam pedaços da terra para defender o latifundiário.

Lourival havia grilado estas terras da União além de ter expulsado várias famílias de camponeses na base de ameaças e mortes.

Mas ao contrário do que pretendia Lourival e seus serviçais, a morte dos camponeses José e Nélio serviu para unir as famílias em torno de seu objetivo que era de cortar toda a fazenda e distribuir às dezenas de camponeses sem terra. Após alguns meses as 50 famílias tomaram a sede da fazenda, cortaram e entregaram os lotes onde  vivem, trabalham e produzem com dignidade até hoje.

Segurança para a justiça do latifúndio

Acampamento José e Nélio
Acampamento José e Nélio

O julgamento deveria ter ocorrido na cidade de Buritis, mas no dia da audiência camponeses da área Jacinópolis 2 participaram em grande número para evitar uma farsa, o que fez com que o julgamento fosse transferido para Ariquemes.

A desculpa alegada pela juíza da 1ª Vara Criminal, Fabíola Inocêncio foi de que integrantes da Liga dos Camponeses Pobres tentariam tumultuar o julgamento. A juíza usou da mesma artimanha quando do julgamento de Wenderson Francisco e Joel Gomes em abril de 2007 na cidade de Jaru, quando houve uma grande campanha de solidariedade em defesa dos camponeses acusados e que resultou na libertação de Wenderson injustamente acusado da morte de um pistoleiro do latifundiário Antônio Martins “Galo Velho”.

Um forte esquema de segurança foi montado no dia 5 de junho com barreiras policiais nas entradas da cidade de Ariquemes. No dia 6, a segurança foi reforçada no Fórum da cidade. O trânsito foi paralisado e policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE), fortemente armados se posicionaram na frente do prédio e na frente da sala de audiência.

Na verdade a juíza teme que o povo se manifeste contra os abusos da justiça do latifúndio.

O Julgamento dos pistoleiros

Mais de 40 policiais militares e integrantes da Guarda Municipal de Ariquemes foram envolvidos no esquema de segurança montado para garantir o julgamento dos pistoleiros Jadir Roque Machado e Lorival Alves de Souza, acusados do assassinato dos camponeses José e Nélio.

O julgamento durou mais de 15 horas, ao término, Lorival Alves de Souza, foi sentenciado a 13 anos de prisão e Jadir Rocha, a 6 anos, ambos em regime fechado.

Os pistoleiros foram punidos, mas os latifundiários e policiais envolvidos em crimes contra camponeses em Rondônia continuam impunes. É o caso do latifundiário Edson Luiz Liutti (família Catâneo) mandante do assassinato do motorista Edson Dutra Barros em abril de 2008. O assassinato ocorreu numa emboscada de bandos armados contra o caminhão que transportava camponeses para o acampamento Conquista da União em Campo Novo. Mais de um ano após o crime o latifundiário continua impune, sequer foi intimado a dar explicações a “justiça” sobre sua participação em grupos armados na região de Campo Novo.

Punição ao latifundiário Edson Luiz Liutti e seus bandos armados!
Tomar, cortar e entregar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!


LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental