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Camponeses de União Bandeirantes são atacados e despejados de suas terras

No dia 2 de julho, por volta de 11 horas, cerca de 18 viaturas, um ônibus escolar e um caminhão baú, se dirigiram ao acampamento Nova Conquista para efetivar o despejo. O acampamento fica no distrito de União Bandeirantes, a 175 km de Porto Velho.

Os camponeses ao saberem que a polícia e muitos guaxebas se dirigiam ao acampamento, fugiram com medo que a ação de despejo terminasse em mais um derramamento de sangue.

Os policiais atearam fogo nos barracos, queimaram alimentos, roupas, colchões, se apropriaram de bicicletas, fogões e vários pertences dos moradores. Várias pessoas foram agredidas e humilhadas, inclusive crianças e mulheres grávidas que saíam do local.

Depois de incendiar tudo, os restos de barracos e pertences foram arrastados e amontoados por uma pá carregadeira. Os camponeses relatam que estão desaparecidas duas pessoas e há suspeita de possíveis assassinatos. Até o momento Altair Jesus dos Santos (21 anos) e José Américo Pacheco da Silva (30 anos) continuam desaparecidos. As famílias temem pela vida desses acampados.

Os camponeses denunciam que esse covarde ataque foi ordenado pelo latifundiário Luiz Carlos Garcia (Luiz da Dipar), pelo juiz estadual Jorge Luiz dos Santos Leal que “tanto protege a grilagem de terras em Rondônia”, e teve a participação de pistoleiros que aterrorizam a região, como os conhecidos João Cabeça Branca, Adailton Martins, José Carlos Reis e Mazinho.

Mas os camponeses não se abalam diante da repressão. Denunciam os crimes cometidos pelo latifúndio, sua justiça e seus bandos armados e reafirmam a sua disposição de lutar pelo direito a terra:

“Mesmo depois que pereceram muitas vidas na localidade de União Bandeirantes, e inclusive acampados do nosso acampamento, a atuação dos grileiros, dos pistoleiros, da polícia e da justiça permanece exatamente do mesmo jeito, agindo todos de forma orquestrada contra o sagrado direito do povo trabalhar na terra”.

“Tanta covardia e injustiça é praticada todos os dias contra nós com a participação do Estado com o único objetivo de manter a especulação e a grilagem de terras, enquanto o povo passa fome nas cidades.”

“A partir de hoje ninguém mais vai nos humilhar, chega de sermos pisados!”