Berreiro e repressão contra a LCP não vão parar a luta pela terra

Nas últimas semanas todo berreiro contra a luta pela terra e a LCP – Liga dos Camponeses Pobres, em Rondônia continuou e foi incrementado pelo fascista Bolsonaro.

Na abertura da exposição agropecuária em Uberaba, no último dia 1º de maio, o fascista Bolsonaro louvou os latifundiários ladrões de terra da União e disse: “O nosso governo poucas invasões tivemos no campo, …. Se bem que, deixo claro, temos um foco mais grave que os malefícios causados pelo MST em Rondônia. Nós temos aqui um exemplo da LCP, Liga dos Camponeses Pobres, que tem levado terror ao campo naquele estado. Estive reunido esta semana com o governador, ministro da justiça, para traçarmos uma estratégia de como conter este terrorismo, que obviamente começa no campo e com toda certeza pode ir pra cidade.”

Na semana seguinte, durante a inauguração da ponte sobre o rio Madeira, divisa de Rondônia e Acre, Bolsonaro mais uma vez voltou a atacar e ameaçar a LCP dizendo: LP, se prepare, não vai ficar de graça, no barato, o que vocês tão fazendo. Não tem espaço aqui pra grupo terroristas. Nós temos meios de fazê-los entrar no eixo e respeitar a lei .(sic)

Também o coronel pm Marcos Rocha, governador de Rondônia, pau mandado de Bolsonaro, e marionete dos latifundiários, louvou os ladrões de terra da União e atacou a LCP, tachada por ele como organização criminosa, terrorista, etc. Em pronunciamento difundido em redes sociais, entre outras sandices, afirmou: Temos presenciado há meses problemas sérios em relação a conflitos agrários, mas que não são de movimentos sociais legítimos. …. Mas estes atuais são criminosos que se escondem no manto de movimentos trabalhadores sem terra. (…) policiais assassinados, jovens executados, torturas, fazendas produtivas e legais destruídas, casos de estupros, destruição da floresta, roubos e estoque de armamento de uso exclusivo das forças armadas, refino de cocaína e outras drogas. Além de todos os crimes contra a vida, o crime ambiental também tem sido grave. Crime organizado que quer se espalhar pela região norte e por todo Brasil e nós não vamos deixar. Toda invasão de terra incorrem em crime e requer reintegração de posse por seus verdadeiros donos.” (sic)

Após os ataques de sua pm assassina serem repelidos pela resistência dos camponeses e da Justiça suspender por tempo indeterminado a ordem de despejo, esta marionete dos latifundiários correu a Brasília com sua récua para pedir socorro ao governo federal que já enviou efetivos da força nacional e polícia federal para aumentar a repressão e perseguição. E seguem incrementando campanha de criminalização contra a luta pela terra, o acampamento Manoel Ribeiro, a área Tiago dos Santos, contra a LCP e demais organizações e pessoas que defendem e lutam pelo direito de terra pra quem nela trabalha, ademais da ameaça de despejo de dezenas de áreas, onde milhares de famílias vivem e produzem já há mais de dez anos.

Bolsonaro que não se envergonha de dizer que seu governo pertence e serve aos latifundiários, trata essa gente como laboriosa, que carrega o país nas costas. O pau mandado Marcos Rocha, em mais uma de suas piadas de mau gosto, chegou a caracterizar os latifundiários assim: produtores que acordam com o dia escuro e cuidam de sua lavoura, de seus rebanhos que alimentam muitos brasileiros”.

Em seus discursos Bolsonaro falou ainda de uma genérica liberdade: a liberdade é o bem maior que nós podemos ter em nossa pátria”. Também afirmou que a garantia da propriedade é tudo pra nós.” e que a emenda constitucional 81/2014 que permite desapropriar terra onde há plantio de drogas e onde é flagrado exploração de mão de obra de forma servil (chamam de situação análoga a escravidão) não será regulamentada em nosso governo”.

Quem são os terroristas?

Em nossa última nota divulgada “Em Rondônia, quem são os terroristas?” deixamos claro quem de fato pratica terrorismo em Rondônia se utilizando das próprias estruturas do Estado para isso.

Quem está fazendo terrorismo contra o povo e o país é Bolsonaro e o governo militar de fato, que já levou a morte mais de 430 mil brasileiros em cerca de 400 dias! Com sua pregação de que a “Covid-19 é só uma gripezinha”, que não precisa usar máscara sanitária e nem distanciamento social, para as pessoas tomarem remédio pra lombriga, piolho e malária, e mandar sabotar a vacinação cortando verbas da saúde, enquanto aumenta os gastos com os militares, em banquetes e altos salários, não abrindo pra população brasileira os leitos nos hospitais das FFAA em todo o país, quando centenas agonizam e morrem nas filas por uma UTI, não garantindo a fabricação nem a compra de oxigênio e remédios para intubação etc.

Terrorista é Bolsonaro, no passado e presente, e as forças militares e policiais que secularmente massacram nosso povo e apoiam este fascista, assassinos do povo brasileiro. Valentões para matar gente pobre desarmada ou rendida, mas covardes e cagões para morrer! Vejam os episódios da matança cometida na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, 28 jovens assassinados pela polícia, muitos executados friamente após se renderem. Por piores crimes que possam ter cometido (coisa ainda não provada) não existe pena de morte no Brasil, muito menos através de execução sumária sem julgamento ou chance de defesa. Mas estão se lixando pra suas próprias leis. Toda operação justificada como combate ao aliciamento de menores pelo tráfico varejista de drogas, resultou no assassinato de 28 jovens, um recorde mesmo numa cidade onde a matança de pobres pela polícia é rotina diária. O boçal que responde por governador do RJ se reuniu com Bolsonaro dias antes da chacina. E tal operação ignominiosa da polícia recebeu elogios e aplausos do fascista e seu vice, o general Mourão.

Terroristas são os latifundiários ladrões de terra, que com seus bandos armados de pistoleiros ou se utilizando diretamente das próprias forças policiais a seu serviço, esses sim, causam verdadeiro terror no campo, cometendo toda sorte de crimes e atrocidades, assassinando impunemente camponeses e demais lutadores do povo. Só na região amazônica são inúmeros os assassinatos de camponeses e indígenas, cometidos ano após ano, incluindo aí muitos ativistas e dirigentes do nosso próprio movimento. Para citar apenas alguns na história mais recente, onde a repugnante ação criminosa do latifúndio e o velho Estado cometeram as maiores barbáries na vã tentativa de afogar em sangue a resistência dos camponeses, episódios onde ficou demonstrado o heroísmo dessas massas, como os casos dos massacres cometidos pela pm e pistoleiros, como o assassinato de 11 e tortura de centenas na então fazenda Santa Elina, Corumbiara-Rondônia (1995); assassinato de 19 da fazenda Macaxeira, Eldorado de Carajás-Pará (1996); o despejo na fazenda Forkilha, Redenção-Pará (2007), seguido do assassinato de 12; os assassinatos de 11 em Pau D’Árco-Pará (2017); os 2 jovens assassinados e queimados, na fazenda Tucumã, Vale do Jamary-Rondônia (2017) e os 9 assassinatos em Colniza-Mato Grosso (2017), estes dois casos perpetrados por um bando chefiado pelo sargento pm de Rondônia, Moisés; o ferimento por tiros e mutilados com golpes de facão de 22 indígenas Gamela, Viana-Maranhão (2017). Crimes estes amplamente conhecidos cujos executores e mandantes seguem impunes.

Quem são os grileiros, invasores e ladrões de terra e quem são os verdadeiros produtores rurais?

Os latifundiários só são produtores nas matérias do Globo Rural, e na publicidade do “agro é pop, agro é tudo”. Os latifundiários são parasitas, a sua produção é feita pelos trabalhadores e técnicos seus empregados. Tal produção de criação de gado e monoculturas como cana-de-açúcar, soja, milho, algodão e florestas homogêneas em grandes extensões de terras, utilizando-se de tecnologias, fertilizantes, agrotóxicos, sementes transgênicas e maquinários, tudo importado e na exploração dos trabalhadores com base em relações servis ou similares a escravidão, são destinadas apenas para exportação. O verdadeiro produtor rural são os pequenos e médios, os mais de 5 milhões de famílias de camponeses sitiantes e centenas de milhares de médios proprietários, que produzem 70% do alimento que chega na mesa dos brasileiros, além de outras matérias-primas. Somados são dezenas de milhões de pequenos e médios proprietários detendo menos da metade das terras, sem contar as mais de 5 milhões de famílias de camponeses sem terra.

Já os latifundiários, que são uma ínfima minoria da população (dezenas de milhares), detêm mais da metade das terras agricultáveis (mais de 200 milhões de hectares), são verdadeiros parasitas, são ladrões de terras públicas da União, assassinos de camponeses, indígenas e quilombolas, beneficiários de privilégios indecentes como fartos financiamentos públicos a perder de vista, rolagem sem fim de dívidas e sucessivos perdões das mesmas, isenção de impostos, são os únicos que não contribuem para a previdência social e empregam quantidade ínfima de trabalhadores (especializados), a exceção do setor de frigorífico que emprega mão-de-obra extensiva. Os latifundiários são os maiores devastadores da natureza e incendiários de florestas para pastos de criação extensiva de gado e monoculturas, fazem uso indiscriminados de venenos, inclusive muitos proibidos em outros países, causando inúmeros e graves malefícios a saúde da população.

Ao contrário de trazer desenvolvimento, onde existe latifúndio, que não compra um prego sequer no comércio local, reina o atraso, os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ainda mais pobres. Os latifundiários ladrões de terras da União querem a todo custo manter seus privilégios às custas da exploração brutal, miséria, e sangue dos pobres.

E uma vez mais, afirmamos claramente, a tal propriedade que dizem defender, a propriedade de latifúndios, não tem nenhuma legitimidade. Os latifundiários alardeiam o direito a propriedade, mas omitem que o que hoje se dizem donos, obtiveram ao custo do roubo e sangue, da usurpação de terras alheias, ou seja, são verdadeiros ladrões de terras que não respeitam a propriedade alheia. Se utilizam das mais variadas fraudes, principalmente o que é conhecido como grilagem, através de falsificação de documentos. Em vários estados da região norte, se for comparar a extensão de terras que existem tituladas nos cartórios, com o que existe na realidade, o que existe em papel cartorial ultrapassa em muito a própria extensão territorial do estado. Quando chamamos os latifundiários de ladrões de terra da União, é porque são exatamente isso. Essa conversa de que latifundiários conquistaram suas grandes extensões de terra com trabalho, é estória pra boi dormir. As terras do latifúndio, se puxadas a sua origem, são todas terras roubadas da União, roubadas de territórios indígenas, roubadas de pequenos e médios proprietários, muitas vezes usados como bucha pra amansar a terra, enfrentando malária (e outras pestes) e feras, para depois serem expulsos a bala. Isso ocorreu largamente na história de Rondônia.

Os latifundiários querem sustentar o fraudulento argumento de que tais terras foram legitimamente compradas, que têm documentos, etc e tal. Ora se são terras que originalmente foram roubadas dos seus legítimos donos, antes territórios de povos indígenas ou terras da União, e legalizada através de fraudes, tal negociação não tem nenhuma legitimidade. Quem compra uma mercadoria roubada comete crime de receptação, também é ladrão. A situação dos latifundiários na Amazônia é esta, se não são os ladrões grileiros, são os “receptadores” do roubo de terras públicas da União.

Então não venham com esse discurso de defesa de propriedade para atacar a LCP. Não somos contrários à propriedade privada, defendemos os pequenos e médios proprietários, bem como a entrega das terras dos latifúndios para os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Somos contra a criminosa concentração de terras na mão de um punhado de parasitas. Somos a favor de democratizar a propriedade da terra, de que ela seja dividida em parcelas para todos os que necessitam de terra pra trabalhar, essa sim, é uma luta justa e profundamente legítima.

E dizemos mais, nós defendemos a propriedade da terra pelos camponeses, e não só a posse e usufruto das terras, mas defendemos que os camponeses tenham os títulos de suas propriedades. Isso é seguidamente negado aos camponeses nos chamados “projetos de assentamentos” do INCRA. Tempos atrás no Maranhão, numa cerimônia em um “assentamento” do Incra, fazendo demagogia, Bolsonaro disse que é bom os pobres do campo terem a posse da terra, mas precisavam também da titulação, do documento de propriedade da terra, para fazerem negócios, empréstimos bancários, etc. Pois bem Bolsonaro, por que ao invés de regularizar o roubo das terras da União hoje na mão dos latifundiários, não faz a titulação de todas as terras hoje na posse de pequenos e médios proprietários, de camponeses, incluindo as terras de “assentamentos” do INCRA? Os camponeses de forma legítima, reivindicam e exigem a regularização e titulação de todas suas terras. Se realmente defendem o produtor rural, os camponeses, por que não fazem isso?

Na verdade o que Bolsonaro e outros chamam de produtor rural, ou “pessoas de bem”, “trabalhadores de verdade” não são os homens e mulheres de mãos calejadas, os pobres do campo, mas os latifundiários endinheirados, parasitas que vivem à custa do suor do trabalho alheio e das terras e do dinheiro da Nação.

Quem não respeita as leis?

Já denunciamos inúmeras vezes toda sorte de ilegalidades cometidas pelo velho Estado na sanha de reprimir e despejar famílias camponesas em Rondônia. Servindo aos latifundiários passam por cima das suas próprias leis para garantir seus interesses.

Após o cerco de duas semanas por tropas com ataques ao acampamento Manoel Ribeiro, e mesmo o judiciário tendo suspenso a ordem de despejo por tempo indeterminado e de ter ordenado que a pm se abstenha de atacar as famílias acampadas, ao contrário, desde então a polícia não deixou de fustigar o acampamento. E na última semana, uma vez mais passando por cima de determinação judicial, chegou ao ponto de invadir a área, e lançar operativo da pm contra as famílias, utilizando de sobrevoos de helicóptero e drones, viaturas, balas de borrachas e bombas. Para justificar tal ilegalidade contam a estória de que estavam ali para “evitar roubo de gado”.

E insistem em tratar a luta pela posse das terras da fazenda da antiga Santa Elina, encharcada de sangue indígena e camponês, como crime. O que existe ali é uma disputa pela posse dessas terras, com clara situação caracterizada e chamada de conflito agrário. Mas os gerentes desse velho Estado já tomaram posição ao lado do latifúndio criminoso e quer inverter a situação como se os camponeses é que estivesse cometendo crimes.

A verdade é que na área Manoel Ribeiro, a polícia se comporta como guaxeba do latifundiário. Antes eram policiais pistoleiros a soldo do latifundiário Toninho Miséria, com gordas diárias de R$ 900,00, que tocavam o terror atirando contra o acampamento. A situação era tão descarada que tal bando foi desbaratado com prisões do fazendeiro, dos policiais pistoleiros e outros guaxebas, a partir de denúncia movida pela Defensoria Pública, acatada pelo Ministério Publico Estadual e deferida pelo judiciário. Mas no lugar desse bando armado do latifúndio, colocaram todo o aparato policial do velho Estado, agora reforçado por tropas federais da Força Nacional de Segurança. Ou seja, trocaram os guaxebas pelas tropas oficiais cumprindo o mesmíssimo papel, de reprimir e atacar as famílias a serviço dos latifundiários bandidos, ladrões de terra pública da União, assassinos de camponeses e indígenas.

E toda a enxurrada de calúnias que movem contra a LCP para satanizá-la, tem o claro objetivo de criar opinião pública para criminalizar a luta pela terra e justificar a perseguição e repressão aos camponeses organizados, inclusive a aplicação de seus sinistros planos de execuções encobertas, como têm sido casos de militantes e dirigentes da LCP.

E chegam ao absurdo de fazer acusações nos vinculando a produção e tráfico de drogas. Mas os verdadeiros traficantes são esses grandes latifundiários, envolvidos até o pescoço nesse tipo de coisa, que se utilizam das vastas extensões de terra que se adonaram para isso. E que moral tem essa gente pra nos fazer tal acusação sem prova alguma, se já foram pegos em flagrante traficando drogas internacionalmente em aviões da FAB, e na própria comitiva do Bolsonaro? E não adianta dizer que não tem nada com isso, pois a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, e por isso jogaram toda a culpa num dos militares da comitiva, mas tal episódio que seguramente não foi o primeiro, só foi descoberto não por ação do governo, mas pela intervenção do Estado espanhol.

De que liberdade Bolsonaro está falando?

Quando Bolsonaro enche a boca para falar de liberdade, o que de fato quer dizer, é reclamar liberdade para as classes dominantes explorarem e oprimirem ainda mais sem freio os pobres. Quer que os latifundiários possam explorar os camponeses até a última gota de suor e sangue, que possam submeter as condições mais vis de trabalho sem poder receber nenhuma punição por isso. Quer “liberdade” para o latifúndio e seus bandos armados seguirem assassinando e cometendo outros crimes impunemente. Quer “liberdade” para a polícia bater, arrebentar e assassinar e nem sequer passar por uma investigação. Isso porque impunidade já gozam atualmente, já matam e não sofrem nenhuma punição concreta, mas querem mais “liberdade” ainda, querem carta branca para matar ainda mais. Quer “liberdade” para roubar e avançar sobre o pouco que resta de territórios indígenas reconhecidos, das florestas e riquezas do solo e subsolo e por aí vai.

Da parte desse velho Estado genocida, sustentado pelas baionetas e canhões, seus crimes contra o povo, não começaram agora. Isso vem de muito longe, há mais de 500 anos, quando aqui pisaram os primeiros europeus e passaram a dizimar os milhões de povos indígenas aqui existentes, passando pela brutal escravidão dos negros sequestrados da África, pelas repressões sangrentas e sufocamento de todas lutas e rebeliões que buscavam sua libertação e a independência da nação do jugo das potências estrangeiras. E a formação do que hoje conhecemos como exército brasileiro se deu a partir de ignominiosos capítulos de massacres às tentativas do povo brasileiro pela república e pela democracia como Revolução Farroupilha, reprimida e concluída com o acordo de paz selado pela chacina dos Lanceiros Negros em Porongos, da Cabanagem, Balaiada, Revolução Pernambucana, Revolução Liberal, Sabinada, etc., o genocídio do povo paraguaio, na vergonhosa guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, onde serviram de instrumento do imperialismo inglês na destruição do desenvolvimento nacional que vinha trilhando esse país. Se desenvolveu em cima de massacres e sufocamento das rebeliões populares como Canudos, Contestado e Movimento Tenentista e de tantos outros. E o oprobrioso serviço que sempre prestou à reação das classes parasitas de latifundiários e grandes burgueses, serviçais do imperialismo, primeiro, principalmente, inglês e depois norte-americano, de arrasar a ferro, fogo e sangue todas as tentativas democráticas de transformar nosso país. E mais recentemente como lambe botas do imperialismo participou ativamente da invasão do Haiti e da repressão ao seu povo.

Assim que é extensa a “folha corrida” dos crimes contra o povo cometidos pelas forças militares e policiais que hoje são o governo de fato no país. Se achando os donos da república, se colocam a postos para reprimir toda e qualquer luta popular que ameace a manutenção do sistema de exploração e opressão do povo e rapina das riquezas nacionais, cumprindo o papel de salvaguardar os interesse do latifúndio, da grande burguesia, e do imperialismo, principalmente norte-americano, em nosso país.

Só a Revolução Agrária entrega terra aos pobres no campo!

E não nos iludimos, e alertamos aqueles que ainda não enxergaram, que vivemos no país desde 2013, com as massivas rebeliões populares, o desenvolvimento de situação revolucionária resultante da crise geral de decomposição deste atrasado capitalismo burocrático, frente a qual o Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), num plano compaginado com o imperialismo norte-americano de aprofundar a militarização do continente sul-americano por temor aos inevitáveis incêndios em “seu quintal”, que ameaçam sua dominação. Trata-se de uma ofensiva contrarrevolucionária preventiva, por cuja direção pugnam a extrema-direita de Bolsonaro e a direita militar hegemônica no mesmo ACFA. Tanto Bolsonaro, como filhote do regime militar de 1964, quanto o ACFA, disputam entre si a direção desse golpe, embora ambos, em sua ideologia anticomunista americanófila, por formas e meios diferentes perseguem o mesmo objetivo da salvação da velha ordem de exploração e opressão ameaçada de colapso. Bolsonaro pela via do regime militar fascista e o Alto Comando pela via de reformas constitucionais pugnam pela restruturação do Estado para implementar a máxima centralização do poder no Executivo, tirar a economia da crise para impulsionar o capitalismo burocrático e lançar campanhas de repressão aos inevitáveis protestos e rebeliões populares para conjurar o perigo de revolução.

Para barrar estes sinistros planos da reação só a mobilização das amplas massas em lutas cada vez mais contundentes, sejam as de caráter reivindicativo e de defesa dos direitos do povo pisoteados, como as “reformas” Trabalhistas e da Previdência, contra o arrocho salarial, alta do custo de vida, desemprego, miséria e fome impostos pelas medidas econômicas do governo de salvação da grande burguesia e latifundiários na pandemia, a do auxílio emergencial de 1.000 reais e vacinação já para o povo; sejam as lutas pelos direitos e liberdades democráticas aviltadas, cada dia mais, pela aplicação da cria do regime militar fascista de 1964, Lei de Segurança Nacional, usada pelo governo do genocida Bolsonaro para ameaçar e intimidar os e as lutadoras populares, como os ataques a jornalistas, como a Ricardo Noblat, ao jovem João da Silva Junior, às lideranças indígenas Almir Suruí e Sônia Guajajara, entre outros. E claro que a luta camponesa é um fantasma que os assombram. É por isso que se lançam com tanto ódio contra a justa luta camponesa pelo fim do latifúndio e de todas relações que o sustenta. Luta essa que está na raiz das pendentes e atrasadas tarefas democráticas de nosso país, luta que traz em suas entranhas a solução desses problemas fundamentais que se arrastam há séculos.

Onde avança a Revolução Agrária, com a destruição do latifúndio e conquista da terra cortando e distribuindo parcelas aos camponeses pobres sem-terra ou com pouca terra, a situação se desenvolve e muda a favor dos camponeses, pequenos e médios comerciantes, e para os demais trabalhadores. Dezenas de milhares, milhões de famílias com seu pedaço de terra reduz o desemprego, aumenta a produção de alimentos, fortalece o mercado local, e leva progresso pras cidades, principalmente as pequenas e médias.

Por mais que tentem, por mais repressão, ataques e campanhas de calúnias, não vão conseguir parar a luta pela terra. Muito ao contrário do que dizem alguns que capitularam, àqueles que se acoelham diante da reação sonhando que assim, debaixo da cama e à espera das eleições, se deterá o fascismo, devem parar de maldizer os que seguem de pé na luta e saírem em campo a combater o verdadeiro inimigo do povo. A luta pela terra segue e seguirá crescentemente, apesar de cada vez mais cruenta a que se nos impõe a realidade. Ela seguirá ganhando simpatia e apoio dos setores verdadeiramente democráticos e progressistas da nossa sociedade. E desde aqui agradecemos as muitas e diárias manifestações de solidariedade recebidas. Se nos atacam com tanta força é justamente porque estamos no caminho certo, porque representamos uma ameaça aos indecentes privilégios dos poderosos e endinheirados que se nutrem deste putrefato sistema de exploração e opressão secular de nosso país.

Bolsonaro e seu governo militar de fato, mostram suas guarras e dentes para intimidar os camponeses e seus apoiadores, buscam mais uma vez aplicar o terror e afogar em sangue a sagrada luta pela terra. Mas irão fracassar inevitavelmente! Nossa luta é prolongada, como tem sido prolongada a resistência secular de nosso povo. Porém as lições aprendidas nos asseguram que da mesma forma que ao longo da história a resistência camponesa tomou as armas para defender a vida das massas do campo e por seus direitos sempre negados, saberá tomá-las com maior sabedoria.

O fato de ter sofrido muitas derrotas, o povo não está condenado ser eternamente derrotado. Muito ao contrário, foi exatamente a persistência na luta, apesar das derrotas e aprendendo delas, que podemos conhecer o caminho da vitória. A reação pensa que sempre derrotará as massas, mas os camponeses têm aprendido muito e lutarão. Ao energúmeno Bolsonaro que pensa nos intimidar com seu recado na inauguração da ponte no Madeira: “LP, se prepare, não vai ficar de graça, no barato, …… nós temos meios de fazê-los entrar no eixo e respeitar a lei”, respondemos, pois então, nós sabemos como o povo vai derrubar seu governo genocida!

Ao afundar o país em profunda crise, com o desemprego campeando e ao mesmo tempo reprimindo as massas, impedindo as famílias de trabalharem, empurram os camponeses a lutar pela terra. Para se conseguir um pequeno pedaço que seja, é preciso fazer uma guerra danada, se os camponeses não precisassem realmente da terra para viver não estariam nela. Para os camponeses, sobreviver significa conquistar um pedaço de terra para trabalhar. Buscam tachar essa luta como guerrilha, pois bem, se assim querem, quanto mais repressão, mais ódio de classe e maior resistência. Independente da vontade de quem quer que seja entramos já num novo tempo, não só o Brasil, mas todo o mundo, um novo período de revoluções da História universal. E apesar de Bolsonaro e seu governo militar de fato, todos que escaparem da morte pela covid-19, todos que viverem verão! Bolsonaro precisa e quer arrastar o país para a guerra civil e nisto com seus amos latifundiários estão transformando os camponeses em combatentes, que a seu modo e a sua maneira lutarão para garantir seus direitos sagrados e por seus justos interesses, dentre os quais a defesa de uma Nova Democracia e um Brasil Novo para nosso Povo.

Abaixo a criminalização da luta pela terra! Fim das perseguições e prisões!

Fora das nossas áreas, polícia guaxeba do latifúndio ladrão de terra da União!

Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

Terra para quem nela trabalha!

Viva a Revolução Agrária, morte ao latifúndio!

Abaixo o governo militar genocida de Bolsonaro!

Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres – LCP

12 de maio de 2021

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