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Camponês assassinado em Jacinópolis

No dia 21 de março o camponês Dercy Francisco Sales, o “Mané” foi encontrado morto em seu sítio na linha 6 no município de Nova Mamoré. Dercy nasceu no Espírito Santo e veio com seus pais e seus irmãos para Rondônia na década de 70. Trabalharam durante anos na região de Jaru e Buritis sem conseguirem comprar um pedaço de terra.

Dercy foi um dos fundadores do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Buritis e junto com outras famílias iniciou a tomada das terras griladas por grandes latifundiários na região de Nova Mamoré e que deram origem ao distrito de Jacinópolis. Em 2003 seu sobrinho Ozeías Martins foi assassinado na região a mando do latifundiário e madeireiro Carlos Schumann. A morte de Ozeías que também era acampado serviu para unir as famílias ainda mais em torno da conquista das terras. Dezenas de famílias de várias partes do estado cortaram as terras e rapidamente iniciaram a produção nos lotes transformando toda a área através de muito trabalho e sacrifício.

Em março de 2007 uma operação de guerra da polícia militar e civil realizou dezenas de prisões em Jacinópolis e Nova Mamoré para atacar o crescimento das tomadas de terra. Na ocasião Dercy e seus irmãos Sebastião e Alcélio foram presos sem nenhuma acusação. Dercy foi torturado por policiais no seu sítio, sofreu espancamento e afogamento. Os três foram levados para a delegacia de Buritis onde o advogado por várias vezes foi impedido de visitá-los. Após várias denúncias de entidades classistas e apoiadores os três foram libertos, mas Dercy ainda teve que prestar serviço comunitário, pois em seu sítio fora encontrada uma espingarda de caça velha.

Nos últimos meses Dercy estava mobilizando famílias para uma tomada de terra, o que leva a crer que foi vítima de mais um ataque covarde dos bandos armados a serviço do latifúndio na região.

Uma semana antes da morte de Dercy, no dia 14 de março,outros 3 camponeses foram assassinados de forma brutal em Campo Novo durante uma festa na linha 2. A versão da imprensa a serviço do latifúndio nada disse sobre o fato do assassino ser pistoleiro da fazenda Catâneo. Os mesmos pistoleiros em março de 2008 atacaram as famílias do acampamento Conquista da União, em Campo Novo. Liderados pelo latifundiário de Ariquemes Edson Luiz Liutti e com a cumplicidade das autoridades o bando armado efetuou centenas de disparos contra homens, mulheres e crianças indefesas, também atearam fogo nos barracos destruindo todos os pertences dos acampados. Até hoje nenhum dos responsáveis foi punido por este crime.

Latifundiários de Buritis e Campo Novo estão organizando milícias armadas para tentar deter a luta camponesa. A recente prisão de policiais militares envolvidos em grupos de extermínio a serviço de latifundiários e empresários na região de Porto Velho só comprovam isso, na verdade na história da luta pela terra em Rondônia os fatos demonstram que está têm sido a regra e jamais a exceção. Esta onda de violência do latifúndio é uma resposta ao crescimento da organização dos camponeses em todo país e particularmente na região amazônica e à radicalização da luta pela terra, alimentados pelo fracasso da reforma agrária do governo.