Dois trabalhadores rurais, pai e filho radicados há 23 anos numa pequena propriedade rural na Praia dos Coqueiros na região da comunidade de Costa Dourada no litoral sul do município de Mucuri, foram interceptados sobre uma motocicleta perto de casa no final da manhã desta quarta-feira (17/03), por 4 homens a serviço da Fibria Celulose (antiga Aracruz Celulose), e um deles foi morto com um tiro à queima roupa na cabeça.
O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, levou um tiro à queima roupa em cima do olho esquerdo que transfixou na nuca. O pai dele, Osvaldo Pereira Bezerra, “Osvaldinho”, 53 anos, teve o braço esquerdo quebrado em dois lugares em razão dos ataques sofridos pelos homens que fazem vigilância para a empresa de Celulose, que depois da união da Aracruz com a Votoratim em 16 de novembro de 2009, a empresa passou a se chamar Fibria Celulose S/A.
Os homens que promoveram o ataque contra pai e filho resultando na morte de um deles, são integrantes da empresa Garra Escolta Vigilância e Segurança Ltda. Segundo uma terceira pessoa que acompanhava as vítimas, porém a pé, os homens fizeram abordagem repentinamente e já chegaram agredindo sob acusação que o senhor e o jovem, eram os responsáveis pelos furtos constantes de madeiras da empresa na região.
Tanto a Fibria Celulose quanto a Suzano Papel e Celulose, proíbem que os trabalhadores de carvoarias e outros operários aproveitem dos restos dos eucaliptos que são deixados em meio as derrubadas, inclusive com vários episódios já registrados nesta região de perseguições e tiroteios promovidos pelos seguranças das empresas. Mesmo diante de tantas tentativas de formar associações para que as empresas possam fazer a doações dos chamados gravetos para os usuários que aproveitariam do material para carvão, o esforço não tem dado certo, pelo contrário, tem resultado em ataques, e desta vez com morte. Sendo que as empresas de celulose na região são acusadas permanentemente de cometer crimes ambientais e promover desagregação social tirando o homem do campo e empurrando-os para os centros urbanos sem dar a mínima parcela de contribuição social a estas comunidades que elas ajudam a empobrecer a cada dia.
O jovem Henrique de Souza Pereira, o “Hique”, 24 anos, morto com um tiro na cabeça por seguranças da Garra, deixou esposa e um filho de 4 meses de idade. O episódio provocou fúria e revolta em dezenas de pessoas vizinhas ao local onde o rapaz morava, inclusive com perseguição a um carro da Garra.