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Camponeses atacados por pistoleiros a mando do latifúndio

O acampamento Dois Amigos, na região limítrofe entre Porto Velho e Nova Mamoré, em Rondônia, foi alvo de ataques de pistoleiros no dia 28 de abril. O acampamento localiza-se na linha 29-a, 45 km distante de Nova Dimensão e 30 km de União Bandeirantes. Há anos as famílias que lá vivem e produzem o seu sustento são alvo das investidas de grileiros latifundiários. A área é terra pública da União e foi ocupada pelos trabalhadores em 2014, quando as famílias começaram a produzir em seus lotes.

Segundo o jornalista Montezuma Cruz, em matéria publicada no site Gente de Opinião, “um grupo armado e encapuzado atacou a tiros” as “famílias de camponeses que ocupam uma área de terras pertencente à União Federal”, e que os “disparos foram feitos com armas de grosso calibre, por aproximadamente dez jagunços em caminhonetes, contra homens, mulheres e crianças”.

Ainda segundo Montezuma, “em 25 de julho de 2018, em conflito envolvendo jagunços e acampados, morreram os jovens Tiago Campin dos Santos e Ademar Ferreira, e o sargento da Polícia Militar (PM) João Batista da Costa, de Guajará-Mirim; outro posseiro ficou ferido”. Segundo Montezuma, “suspeita-se da participação de policiais militares no guarnecimento ao ataque da manhã de ontem”, já que cerca de 40 viaturas da PM estão na região. O bando armado encapuzado também destruiu uma ponte e diversas benfeitorias existentes na área do pré-assentamento.

Destaca-se, como em outras áreas de conflito agrário, a presença da PM, mesmo sem mandado de reintegração de posse. É recorrente a presença de policiais e outras agentes do velho Estado, atuando conjuntamente com bandos armados a serviço de latifundiários.

O advogado agrarista que atua na defesa dos posseiros, denunciou o fato ao Ministério Público Federal, à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Secretaria de Justiça, Segurança e Cidadania, Ouvidoria Agrária, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Comissão Pastoral da Terra, entre outros órgãos. Ao todo, são 113 famílias, todas elas aguardando decisão do Incra desde 2014. O advogado foi informado por agricultores que os disparos danificaram cercas e arames.