
Um grupo de aproximadamente 15 pistoleiros fortemente armados está atacando neste momento a Área Revolucionária Gedeon José Duque, em Machadinho d’Oeste.
Segundo relatos dos camponeses, os pistoleiros se instalaram em uma fazenda vizinha à Área Revolucionária no dia 28 de março, sexta-feira, que seria do pretenso proprietário do imóvel ocupado pelos camponeses, conhecido como Negão. No dia 30, domingo, por volta das 14 horas os pistoleiros adentraram a mata que circunda a área, portando fuzis e dispararam atingindo duas vezes um camponês na perna.
Nos últimos dias, o grupo paramilitar operando aos moldes do grupo Invasão Zero, tem circulado nos comércios da região ameaçando uma nova ofensiva, desta vez com um contingente ainda maior, de 30 a 50 pessoas. No dia 1º de abril, terça-feira, foram identificadas 8 caminhonetes com homens armados circulando no entorno da área. Segundo camponeses, dentre os componentes do grupo foram identificados Policiais Militares da ativa e da reserva.
Segundo relatos, o bando é chefiado pelo chefe de pistolagem Gesulino Cesar Travagine Castro, que possui longo histórico de envolvimentos com crimes no campo, acobertados pelos órgãos do Estado e da Polícia Militar de Rondônia. Gesulino estaria operando a serviço do fazendeiro conhecido como Negão, que se diz proprietário das terras da Área Gedeon, terras que são de propriedade da União, com destinação à Reforma Agrária. Gesulino também estaria articulado e a mando da Fazenda Silveira, latifúndio sojeiro que tem buscado grilar as terras do entorno para expandir sua produção.
A situação é de tensão, como novos ataques podendo ocorrer a qualquer momento. Os camponeses seguem resistindo de todas as formas, afirmam que não sairão de suas terras e advertem que o que vier a acontecer será da total responsabilidade do governador Marcos Rocha e com a conivência do Governo Federal (Lula/PT). Além disso, responsabilizam o Incra, que até hoje não fez nada para destinar a terra aos camponeses sem terra ou com pouca terra da região.

Sobre a Área Revolucionária
Vivem hoje na Área Revolucionária Gedeon José Duque mais de 120 famílias camponesas que tem produzido para sua subsistência. A área recebeu este nome em homenagem ao destacado dirigente da Liga dos Camponeses Pobres assassinado pela Polícia Militar de Rondônia em outubro de 2021. Gedeon foi liderança das massas nas Áreas camponesas Dois Amigos, Tiago Campin dos Santos e Ademar Ferreira, situadas na região noroeste de Rondônia, áreas que foram palco das mais importantes lutas do povo brasileiro contra o governo militar genocida de Bolsonaro e generais, quando na ocasião da heroica resistência camponesa contra a Operação “Nova Mutum”.
Por sua vez, a AR Gedeon, localizada em Machadinho d’Oeste se situa em região de forte conflito com o latifúndio. É vizinha às Áreas Revolucionárias Valdiro Chagas e Gonzalo 1 e 2 que têm sido palco de reiterados crimes cometidos pela Polícia Militar e Polícia Civil, recentemente relatados ao AND, como blitz e abordagens abusivas, ameaças e criminalização da luta pela terra e perseguição a dirigentes. Além disso, a AR Valdiro Chagas foi acometida por tentativas de reintegração de posse em anos anteriores, frustradas pela ação combativa dos camponeses.
Bandido e chefe de pistolagem com longo currículo
De acordo com o Portal Resistência Camponesa, Gesulino Cesar Travagine Castro é autor e mandante de dezenas de assassinatos na região de Buritis, cidade de Rondônia localizada a 330 km da capital Porto Velho, na região de Ariquemes. Foi condenado a 35 anos de prisão por ser o mandante no episódio que ficou conhecido como “Chacina de Buritis”, que resultou no assassinato de 6 pessoas em Abril de 2012 em Buritis, por disputa de terras.
Em Cujubim, cidade de Rondônia localizada na mesma região, a 159 km da capital, Gesulino cooptou também policiais civis e militares para acobertar seus crimes, e segue espalhando terror com seus crimes acobertados pelos órgãos do Estado de Rondônia.
