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Camponeses de Santa Cruz do Sol Nascente comemoram 1 ano de resistência!

No dia 31 de Maio as 120 famílias do Acampamento Santa Cruz do Sol Nascente  (Carinhanha/Bahia) comemoraram 1 ano de tomada do latifúndio Tamburi, do latifundiário e ex-prefeito da cidade. Desde que decidiram levantar a bandeira da Ligados Camponeses Pobres em final de 2008, quando ainda estavam na beirada rodovia BA161, onde foram abandonado pelo MST, muita coisa mudou!

Este aniversário foi uma demonstração de confiança das massas na Revolução Agrária, porque a superintendência do INCRA em Salvador, que responde por uma sucursal em Bom Jesus da Lapa quebrou todos os compromissos públicos feitos com as famílias, e por causa disto, 3 dias após as comemorações, venceria mais um prazo do acordo, firmado para que o órgão resolvesse definitivamente a situação das famílias, mas que nada fez.

Essa situação tem exposto às famílias à constante pressão de reintegração de posse, assinada numa canetada desde junho de 2009. Com tudo isso, as famílias não têm cedido às chantagens constantes à que são expostas e vem enfrentando com coragem a todos os ataques do latifúndio e do Estado.

As comemorações foram mantidas

Na cancela de entrada, uma placa com a pintura de homens, mulheres e crianças levantando suas ferramentas e o nome do Acampamento, uma bandeira vermelha da Liga e um cartaz de “Sejam Bem vindos”, com fitas e balões coloridos. Um pouco à frente um porteiro recebia os convidados. Do alto se ouvia o zum zum zum, os fogos e a sanfona, gritos infantis e a expectativa com o almoço coletivo, uma euforia tomava conta dos moradores.

Se não fosse a Assembleia Popular realizada logo depois do almoço, os discursos inflamados defendendo a Revolução, denunciando a burocracia e violência do Estado, os cartazes com fotos de manifestações, encontros, da tomada, de antigos companheiros, fotos das roças e uma mesinha vendendo literatura revolucionária e jornais democráticos, poderíamos dizer que estávamos numa festa junina na roça: eram bandeirolas, sanfoneiros, reizeiros, panelas borbulhando para todos os lados, tachos enormes fumegando com carne de bode, canjica… eram cavalos com cavaleiros uniformizados e jovens preocupados com a apresentação da quadrilha que viria à noite, iluminada por belas fogueiras e um lampião da escola que ficou aceso no caminho.

Nesta Assembleia, estiveram vários convidados, os companheiros do Norte de Minas viajaram de longe e saíram cedo para chegar a tempo, os quilombolas da Barra da Parateca também enfrentaram as péssimas estradas para chegar, foram dois, uma companheira que falou em nome da Associação, denunciando o despejo feito pela Polícia Federal e um companheiro, ambos agradeceram as manifestações de solidariedade recebidas recentemente. Uma participação importante também foi de um companheiro da FETAG e que representou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Malhada, colocando-se a disposição da Área, marcou presença também o “Seu” Constantino, suplente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carinhanha, ele revelou uma luta dentro do sindicato quanto à apoiar ou não o acampamento e foi uma declaração, de solidariedade individual, muito importante.

Mas com certeza, a presença mais esperada e emocionante foi dos companheiros: Flávia e Wanderson, presos por dois meses neste ano em Montalvania e Manga pelos quais foi mobilizada uma grande campanha de libertação. Eles não eram conhecidos pessoalmente por todos na área e a presença causou grande comoção. Eles foram abraçados, beijados, responderam várias perguntas e depois foram abençoados, benzidos e até receberam patuás da sorte!

Mais tarde compareceram também algumas autoridades oficiais da cidade, almoçaram tardiamente, tiraram algumas fotos, conversaram um pouco e foram embora de Hay Lux.

O dia foi pequeno pra tantos acontecimentos, a corrida de argolinha terminou já no escuro, os reizeros fizeram a alegria com a folias-de-reis, seus instrumentos contagiavam um tipo de samba muito especial, seus lenços bordados no pescoço davam a autoridade para tomar conta da festa naquele momento. E o sanfoneiro teve que se virar com o resto da noite, o frio estava tamanho que ninguém se afastava da fogueira. E assim, terminou a festa do orgulho camponês: com sereno caindo e muita história pra contar.

Viva a Revolução Agrária!