Camponeses decidem pela tomada das terras e pelo Corte Popular

Luta camponesa
Na noite do dia 13 de Janeiro em vibrante assembleia Popular no Engenho Pau D’olho no Município de Catende, Zona da Mata sul Pernambucana, em conjunto, a Associação de Moradores e Trabalhadores do Engenho Pau D’olho e a LCP de Pernambuco, agrupados em torno da tremulante Bandeira Vermelha da Liga dos Camponeses Pobres, erguida solene e decididamente pouco antes da concorrida, pulsante e combativa Assembleia Popular, mais de 150 Camponeses Pobres e suas familiais, tomaram três decisões unânimes e fundamentais, a primeira delas; fundir sua organização com a LCP e apoiá-la decididamente; a segunda, moer a cana por conta, seguindo o exemplo dos engenhos Santa Luzia e Ousadia, que após longos 15 anos sofrendo a ininterrupta e implacável exploração dos “novos usineiros” e capatazes “socialistas” da cooperativa Harmonia e de toda cloaca de oportunistas do MST, FETAPE e de seus satélites sindicais, finalmente se colocaram na trilha do caminho do movimento camponês revolucionário, a terceira e mais importante foi à tomada da terra e a consequente decisão pelo Corte Popular.

Depois de um entusiástico debate, onde todos participaram dando sua opinião e desabafando toda revolta represada, uma pequena comissão se reuniu e traçou alguns planos práticos e medidas urgentes, necessárias para o encaminhamento da luta dali em diante, uma delas e mais importante no momento, de maior urgência, era impedir que a Usina Catende, que já havia moído mais  de 300 toneladas nesta safra e tinha com a associação e os camponeses dividas monstruosas, DAPES atrasadas, moagens de safras anteriores ainda não pagas, dividas individuas com camponeses que trabalharam no corte e salários atrasados a mais de quatro meses consecutivos, continuassem roubando a cana do Engenho Pau D’olho, então planejaram e prepararam o bloqueio da rodagem para por nisso, um ponto final.

O Bloqueio da Rodagem: Decisão tomada, Decisão Cumprida

As 04:00 horas da manhã do de 14/02/2011 os cerca de 200 camponeses pobres e suas familiais, moradores do Engenho Pau D’olho, com foices, facões e muita valentia, intrepidez e combatividade sob a liderança da LCP e da associação interromperam e obstruíram a “rodagem” (estrada) com troncos de arvores e pedras impedindo a passagem dos caminhões, ônibus e tratores da Usina Catende e montaram acampamento a margem da rodagem, e logo, prontamente não tardou em chegar o “socorro”, a capangada sob a chefatura de um tal de Jorge um dos “gerentes” que pululam no pátio da Usina e nos engenhos, gerente que por aqui em Catende é eufemismo usado para pistoleiro bem pago com o dinheiro dos operários e camponeses pobres.

Com muita lábia e enrolação, o “gerente Jorge” veio mentindo e se fazendo de amiguinho dos camponeses, buscando seduzi-los e convencê-los, choramingando, falando que iria pagar as DAPS atrasadas, os salários e as contas das safras anteriores, em fim, liquidar com as monumentais dividas acumuladas com os camponeses pobres e as suas familiais e com a Associação, o que se mostrou inútil diante da irredutível e tenaz decisão, alguns exclamaram; “nós daqui não vamos sair, só desocupamos a rodagem depois de toda cana tombada e moída” outro acrescentou; “nem mesmo a policia arranca nós daqui, nós estamos com a Liga e a associação, desta vez vocês não vão roubar nossa cana seu bando de ladrões”.

Os camponeses se atreveram e botaram a jagunçada pra correr. Atreveram-se a Lutar e Atreveram-se a Vencer!

Como a ladainha não demoveu os camponeses pobres da sua inabalável decisão, passaram imediatamente a chantagem, intimidação e a ameaças ostensivas, o tal “gerente” Jorge chefe da capangada, foi muito categórico ao dizer, “se vocês moerem com a Norte Sul pode ficar certos que não vão receber” e mais “vocês tem que ter muito cuidado, o que vocês estão fazendo é errado, vão se arrepender muito, coisas muito serias podem acontecer com vocês”.

Após eletrizantes discursos dos coordenadores da LCP e de lideranças da Associação que fizeram calar a jagunçada, e sob as ressonantes e ruidosas palavras de ordem “A terra para os camponeses e a Usina para os Operários” e “è Terra, é Terra, Pra Quem Nela Trabalha, e Viva desde Já a Revolução Agrária” a massa valente e com moral alto abanando os facões na fuça do Jorge e de seu bando, pôs em desabalado trote pra correr a jagunçada com o rabo entre as pernas.

Ao se espalhar como um estouro de boiada, a noticia, do bloqueio da rodagem e que os camponeses pobres do Engenho Pau D’olho puseram pra correr a jagunçada da Usina Catende, afluíram ao acampamento, camponeses pobres do engenho Riachão, que souberam da exitosa Assembleia Popular e da repercussão de suas decisões, solicitando que a Liga visitasse sua área para explicar e aprofundar o debate sobre a questão de como viabilizar e organizar o Corte Popular no Engenho Riachão.

A Revolução Agrária é Picareta, e os Campesinato são como o Velho Yukong

A revolução Agrária é como um repente que rima desejo; sonho; luta; realidade; poesia e vitoria, podemos fazer uma analogia: a Revolução Agrária seria a picareta (ferramenta com que Yukong na antiga lenda chinesa, a cada golpe desfechado derrubava a gigantesca montanha) o campesinato pobre sem terra ou com pouca terra é como se fossem o velho YUKONG, que com sua singela picareta, incansavelmente, parte por parte vai paciente e intrepidamente destruindo a montanha do latifúndio de velho e de novo tipo.

A Revolução Agrária avança irrefreavelmente com a energia que emana dos seus mártires e o espírito dos seus combatentes vivos, embalada com a força camponesa e sob a sinfonia operária, forjando a aliança operário-camponesa, construindo a historia até o triunfo.

David Capistrano