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Polícia Federal mantêm camponês em cárcere privado

Desde o dia 23 de outubro o camponês Gerolino Nogueira de Souza, 56 anos, está sendo mantido em cárcere privado pela polícia federal. No dia 09 de setembro Gerolino foi preso numa operação ilegal pela polícia militar ambiental no distrito de União Bandeirantes. Mais de 30 policiais fortemente armados atacaram as famílias indefesas no acampamento Nova Conquista. Os policiais chegaram atirando contra os camponeses há uma distância de 400m e depois de rendê-los humilharam, agrediram e apontaram armas para cabeça de homens, mulheres e crianças.

Não bastasse isso, o comandante da operação major Josenildo Jacinto Nascimento levou os camponeses presos para a sede da fazenda Mutúm, onde pelo menos 6 deles sofreram tortura. Este episódio aconteceu 9 dias antes de terminar o prazo dado pela justiça federal para que o latifundiário-grileiro-empresário Luis Carlos Garcia (Luis da Dipar) desocupasse a área uma vez que as terras foram reconhecidas como sendo da União.

A operação do batalhão ambiental da polícia militar foi realizada sem ordem judicial e contrária a uma decisão federal que reconheceu que a terra era da União e concedeu imissão de posse ao Incra para o assentamento das famílias.

Além da polícia ambiental, atuaram pistoleiros fardados e policiais militares e de Jaci-Paraná, União Bandeirantes e Mutúm-Paraná. Ao todo foram presos 10 camponeses que foram enviados para o presídio Urso Branco sem julgamento.

Os camponeses foram libertados após uma campanha de denúncias realizada por apoiadores, sendo que apenas Gerolino continuou preso, mesmo sem ter cometido nenhum crime.

Após ter sido mantido preso no Hospital João Paulo II acorrentado numa cadeira por 7 dias e depois mais 37 dias no presídio Urso Branco, Gerolino foi libertado no dia 23 de outubro, sendo que havia um mandado de soltura desde o dia 26 de setembro.

Desde então o setor de investigação ao crime organizado da Polícia Federal e o INCRA estão mantendo em sigilo sua localização e realizam interrogatórios sem a presença de um advogado, com o pretexto de “protegê-lo”. Uma comissão de professores, estudantes, advogados e apoiadores tiveram que insistir por várias vezes para poderem falar com Gerolino, o único que conseguiram foi uma conversa sob a vigilância de agentes da PF.

A Sra. Márcia Pereira representante do Incra e Comissão Paz no Campo, está tentando iludir Gerolino com a promessa de que irá assentá-lo em outra área e nada diz sobre a entrega das terras as famílias acampadas.

Absurdo dos absurdos!!! Toda esta ação é uma das mais escandalosas que já ocorreu em Rondônia. Despejo e prisões sem mandados judiciais, violência e tortura da polícia contra os camponeses, prisão de réus primários e sem julgamento no Presídio Urso Branco, cárcere privado. Mas esta prática é regra e de modo nenhum exceção em relação aos pobres em Rondônia. Basta vermos a situação do presídio Urso Branco, com superlotação, casos e mais casos de torturas, prisões sem julgamento nem acompanhamento jurídico, presos que já deviam estar em liberdade. Situação gravíssima que pode explodir a qualquer momento.

E toda esta repressão do Estado a serviço do latifúndio é ainda pior contra aqueles que como seu Gerolino ousam lutar por um pedaço de terra e se opor a grileiros inescrupulosos e policiais corruptos. Conclamamos a todos verdadeiros democratas brasileiros a seguirem na luta pela liberdade do camponês Gerolino.

Liberdade imediata para o camponês Gerolino!
Punição imediata para os responsáveis pelas torturas e prisões ilegais!
Entrega imediata das terras às famílias do Acampamento Nova Conquista!
O povo quer terra, não repressão!

Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental