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Carta em repúdio ao cerco ao acampamento Manoel Ribeiro em Rondônia e em solidariedade aos camponeses

A Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia e as entidades abaixo assinadas vêm, através desta carta, tornar público seu repúdio ao cerco militar ao acampamento Manoel Ribeiro em Chupinguaia/RO e prestar solidariedade aos camponeses em luta.

Desde o dia 30/03, policiais militares, autorizados pelo governador de Rondônia, o PM Marcos Rocha, vem realizando uma operação de cerco militar às centenas de famílias do acampamento Manoel Ribeiro, localizado no município de Chupinguaia/RO. A operação criminosa, cinicamente chamada de “Operação paz no campo”, tem intimidado camponeses com abordagens e revistas humilhantes; interrogatórios; corte de cerca e invasão de terra, entre outras ilegalidades. Além de manter as estradas sitiadas, a polícia militar tem realizado detonação de bombas de efeito moral; de gás lacrimogêneo; fogos de artifício; disparos de balas de borracha; sobrevoo de helicóptero sobre a área do acampamento; tentativa de despejos arbitrários, dentre outras práticas de tortura psicológica contra as famílias durante todo o dia e noite, inclusive durante a madrugada. Em meio a essas criminosas investidas, dois camponeses chegaram a ser presos e espancados para darem nomes de supostas lideranças do acampamento.

Além disso, em função da operação ilegal, o governo suspendeu os atendimentos do serviço público de saúde e, de forma completamente absurda, suspendeu a vacinação contra covid-19 na região, durante o momento mais crítico da pandemia em nosso país.

Como denunciado pela ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta, em comunicado publicado no dia 02 de Abril de 2021, a operação de reintegração de posse é ilegal uma vez que “em função do cenário de pandemia e da Recomendação nº 90, de 2 de março de 2021 do Conselho Nacional de Justiça, deixou claro que a reintegração somente poderia ser cumprida, após a data de 29 de junho de 2021, desde que ocorra inflexão na curvatura da pandemia.”

O acampamento Manoel Ribeiro abriga mais de 150 famílias que, em agosto de 2020, tomaram a fazenda Nossa Senhora Aparecida, última parte da fazenda Santa Elina, local de uma das maiores resistências camponesas da história do Brasil, ocorrida em 1995, quando inúmeros camponeses foram torturados eao menos 16 assassinados pela polícia, comandada pelo coronel Hélio CysneirosPachá, a mando do latifúndio local, no episódio que ficou mundialmente conhecido como “Massacre de Corumbiara”, pelo qual o Estado Brasileiro respondeu na Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. O coronel que comandou essa ação criminosa naquela oportunidade é hoje o secretário de segurança do Estado de Rondônia e um dos responsáveis pelo cerco criminoso levado a cabo atualmente.

Nós, estudantes, professores, trabalhadores em educação expressamos nossa calorosa e classista solidariedade aos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro. Exemplares defensores dos direitos do povo e legítimos donos da fazenda Nossa Senhora Aparecida! Convocamos a todos os verdadeiros democratas, cientistas, intelectuais do povo, organizações populares a se somarem na solidariedade e na denúncia desse crime de responsabilidade do governador de Rondônia, Marcos Rocha e do Secretário de Segurança Pública, o bandido a soldo do latifúndio Hélio CysneirosPachá.

A luta pela terra é um direito justo e legítimo, previsto na Constituição Federal e deve ser garantido. Miramo-nos no exemplo dos camponeses que bravamente têm resistido ao cerco e intimidação, demonstrando que nada será capaz de deter a luta pela terra.Defender os camponeses do acampamento Manoel Ribeiro é defender este direito sagrado ao trabalho e vida digna para o povo! É o dever de todo brasileiro e brasileira comprometidos com o futuro do país.

Todo apoio aos camponeses da área Manoel Ribeiro!

Defender a posse das terras pelos camponeses da área Manoel Ribeiro!

Abaixo a criminalização da luta pela terra!

Assinam:

Executiva Estadual de Estudantes de Pedagogia de São Paulo (EEEPe-SP)

Centro Acadêmico de Pedagogia – Cecília Meireles – Gestão E Vamos à Luta – Unifesp

Executiva Mineira de Estudantes de Pedagogia (ExMEPe)

Grupo de Estudos Exata Realidade (GEER)

Comitê de Solidariedade Ananin – PA

Executiva Rondoniense de Estudantes de Pedagogia (ExROEPe)

Diretório Central dos Estudantes – DCE UNIR

Centro Acadêmico de Pedagogia – CAPED/Zenildo Gomes da Silva – UNIR

Centro Acadêmico de Enfermagem – Andréa dos Santos Ribeiro – UFG

Diretório Acadêmico de Pedagogia – Gestão Pedagogia e Resistência – UNEB Campus III

Centro Acadêmico de Pedagogia – Anita Garibaldi – UFFS (Laranjeiras do Sul – PR)

Centro Acadêmico Anísio Teixeira – Gestão Valquíria Afonso Costa – UFPR

Frente Estudantil Contra a EaD – Paraná

Executiva Paranaense de Estudantes de Pedagogia – ExPEPe

Comitê Sanitário de Pinhais – PR

Comitê Sanitário da Vila Torres – PR

Comitê de Saúde Popular do Parolin – PR

Núcleo de Estudos sobre o Ensino de Filosofia – NESEF – PR

Centro Acadêmico de História Remís Carla – Unespar campus de Paranavaí

Centro Acadêmico de Pedagogia Remís Carla – Unioeste Campus de Cascavel

Comitê Sanitário de Defesa Popular de Ouro Preto

Coletivo IFSP Contra EaD – Campus São Paulo

Centro Acadêmico de Estudos da Química (CAEQ) – Unicamp

Frente Estudantil Contra a EaD – USP-RP