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Contra a crise tomar todas as terras do latifúndio!

 Nos dias 10 e 11 de outubro, na cidade de Januária (MG), realizou-se o 8º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia. Com a consigna central de “Contra a crise: tomar todas as terras do latifúndio!” o 8º Congresso da LCP representou uma importante vitória do movimento camponês combativo na região e por todo país, conclamando o povo do sertão norte mineiro e do sul da Bahia para uma nova onda de tomadas de terras e de fortalecimento da resistência camponesa contra as sucessivas campanhas de difamação, despejos, criminalização e aniquilamento seletivo orquestradas pelo gerenciamento da frente oportunista e eleitoreira de Dilma Rousseff PT/Pecedobê junto do famigerado Ouvidor Agrário dos latifundiários Gercino José da Silva Filho, e sua “Comissão Paz no Campo”.

A agitação de nosso 8º Congresso iniciou-se muito antes de sua realização e milhares de massas receberam com expectativa e ânimo renovados o chamado geral de tomar, cortar e distribuir todas as terras do latifúndio aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra!

As tentativas do velho Estado em dividir e controlar o povo por meio de seus projetos demagógicos e corporativistas; a perseguição da política ambiental imperialista que criminaliza os pequenos e médios produtores; as sucessivas reintegrações de posse e tentativas de despejo; prisões e perseguições políticas não conseguiram parar a luta pela terra.

A mobilização para o Congresso elevou ainda mais a temperatura da região que enfrenta a maior seca dos últimos 100 anos, companheiros e companheiras de outras regiões se deslocaram para o norte de Minas participando de todas atividades de preparação do Congresso, os camponeses redobraram seu ânimo e certeza na luta enquanto a polícia tentava intimidar as delegações abordando e alarmando de forma torpe camponeses, lideranças e apoiadores que participavam das atividades.

Reafirmando o caminho tortuoso, mas invencível da aliança operário-camponesa pelo triunfo da Revolução Democrática Agrária e Antiimperialista, centenas de camponeses pobres das cidades como Januária, Pedras de Maria da Cruz, Juvenília, Manga, Miravânia, Matias Cardoso, Jaíba, Janaúba, Varzelândia, São João da Ponte, Verdelândia, Lontra, Carinhanha, Malhada, Sebastião Laranjeira e outras se somaram à combativa manifestação realizada no sábado pela manhã.

As faixas e palavras de ordem apresentaram a clareza política e o vigor de nosso movimento, que unidos persistimos a quase duas décadas, nadando contra a corrente, apontando o caminho da Revolução Agrária como única alternativa para salvar o povo e o país da ruína. A população parou para receber os panfletos e ouvir as canções e palavras de ordem, ver a passeata com sua demonstração de combatividade, confiança e orgulho dos camponeses que não mais se dobram diante do latifúndio e andam de cabeça erguida pelas ruas da cidade.

Nossas bandeiras vermelhas flamejaram invictas sob o sol escaldante de Januária, levando a boa nova da Revolução Agrária para os corações e mentes das massas camponesas e de nossos sinceros apoiadores. Fazendo tremer, de medo e ódio, o latifúndio e os latifundiários responsáveis pelo assassinato de nosso coordenador político companheiro Cleomar Rodrigues, morto há um ano por pistoleiros dessa cidade: “É morte, é morte ao latifundiário. E viva o poder camponês e operário!”; “É terra, é terra, para quem nela trabalha! E viva agora e já a Revolução Agrária!”; “Conquistar a terra. Destruir o latifúndio!”; “Eleição é farsa, não muda nada não. Organizar o povo para fazer revolução!”; “PT, PSDB, PMDB, PTB, PDT, PSB, DEM, PCdoB, etc. são tudo farinha do mesmo saco!”; “Fora Dilma, fora PT. A terra vai ser nossa o povo vai vencer!”; “Fora Dilma/Lula/PT! Governo de banqueiros e latifundiários, serviçal do imperialismo!”

Na tarde do sábado foi realizada a plenária de abertura dezenas de organizações populares e democráticas, sindicatos e apoiadores da luta pela terra fizeram uso da palavra reafirmando o significado da questão agrário-camponesa e da luta pela terra em nosso país e que a realização do 8º Congresso da Liga representa uma contra ofensiva do movimento camponês contra o cerco que viemos enfrentando.

O apoio e envolvimento de dezenas de organizações populares, sindicatos e entidades de classe, estudantes, professores, profissionais liberais, pequenos e médios comerciantes e artistas populares na organização do 8º Congresso e o ânimo expresso nas palavras de ordem e canções revolucionárias entoadas com vigor por todos os presentes expressam a decisão dos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra, em aliança com os operários, democratas e autênticos revolucionários, em lutarmos junto, ombro a ombro, pela construção de uma nova e verdadeira democracia em nosso país, como parte e a serviço da revolução mundial!

Ativistas de movimentos e organizações como do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e da Unidade Vermelha (UV) contribuíram para imprimir nas atividades o vigor e a energia da juventude combatente que desde 2013, tomam as ruas e avenidas de nosso país.

Famílias que lutam com a Liga há mais de 10, 15 anos e hoje resistem às ameaças de expulsão do velho Estado latifundiário como as famílias do Projeto Jaíba somaram-se às famílias que iniciam sua organização para tomar e cortar as terras do latifúndio. A juventude camponesa participou ativamente da mobilização, organização e realização deste 8º Congresso, abrindo novas e brilhantes perspectivas de permanência na região para muitos destes jovens que são obrigados a mudar-se para outras regiões de campo ou para as grandes cidades em busca de trabalho.

Camponeses e quilombolas deixaram claro sua disposição de lutarem junto à Liga contra o inimigo comum representado e organizado no velho Estado burguês-latifundiário serviçal do imperialismo, principalmente ianque, que com suas demagogias pseudo-ambientalistas e corporativistas, fomentam a divisão no seio do povo, perseguindo o sórdido objetivo de enfraquecer nossa resistência e a expulsão em massa de nossas terras atendendo aos interesses do que chamam de “agronegócio”, das mineradoras e demais monopólios nacionais e principalmente estrangeiros, ávidos pelas nossas riquezas naturais, da mesma forma como fazem por meio do verdadeiro genocídio étnico promovido contra nossos irmãos Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul.

A noite do sábado foi marcada por várias atividades culturais: o Grupo de Teatro Servir ao Povo, formado por jovens do Para Terra 1, apresentou uma peça saudando os Heróis do Povo brasileiro nas pessoas dos companheiros Renato Nathan e Cleomar Rodrigues. A Companhia de Teatro Matutos do Rei, formado por jovens de Manga encenou um julgamento mostrando como age a “justiça” contra o povo pobre. Ainda teve Terno de Folia (folia de reis), o músico popular Marcim da Gaita e sua filha Cibele; e as duplas de violeiros João e Damião do Brejo dos Crioulos – Varzelândia, e Badé e Vandaime de Manga; além dos companheiros que sempre se animam para cantar também a noite ficou pequena para tantas atividades, as apresentações dos cantores prosseguiram no domingo pela manhã.

Na manhã do domingo a plenária prosseguiu com falações das organizações que não concluíram no primeiro dia e dos camponeses participantes do Congresso, a agitação continuava animando a todos; banquinha do jornal A Nova Democracia, banquinhas de produtos da região artesanato, biscoitos e pães caseiros; além da exposição de fotos “Cenas da Revolução Agrária” do fotógrafo Ellan Lustosa.

Durante a realização dessas atividades reuniu-se o Encontro de Delegados, representantes das áreas e comunidades que lutam sob as bandeiras da Liga e que tem aproximado organizando-se para novas tomadas de terra, foram importantes debates sobre os próximos passos da luta na região, avaliações sobre como está nosso trabalho nas áreas e como poderemos progredir e avançar mais. Apontando sempre os 3 pilares do nosso Programa Agrário: tomar as terras e cortar; desenvolver novas formas de produção e o trabalho coletivo, em particular como enfrentar os desafios da seca; desenvolver a organização local através das Assembleias Populares e do estímulo a participação das companheiras e da juventude. O Encontro de Delegados aprovou um conjunto de propostas apresentadas na plenária de encerramento do Congresso juntamente com a eleição da nova coordenação da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia.

As canções e palavras de ordem, bandeiras vermelhas erguidas sendo agitadas marcaram plenária de encerramento do 8º Congresso da Liga, as crianças organizadas na creche que funcionou durante o Congresso apresentaram um jogral sobre a luta erguendo dezenas de bandeiras da Liga em desenhos feitos por eles mesmos, emocionando a todos. Em reconhecimento político e histórico para a luta dos camponeses de toda região a Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia elegeu as lideranças da resistência camponesa de Cachoeirinha na década de 60, como seus Presidentes de Honra o companheiro Jader, falecido em 1º de setembro último, e o companheiro “seu” Sula, presente no Congresso no alto dos seus 94 anos, demonstrando energia e certeza no caminho da luta.

Impulsionados pelo chamado do 8º Congresso de “Contra a crise: Tomar todas as terras do latifúndio!” centenas de famílias entraram em terras na cidade de Pedras de Maria da Cruz, onde antes era só terra e cerca ao longo da estrada barracos começam a ser erguidos e famílias se organizam para construir o seu próprio destino. Centenas de famílias procuram a Liga nas cidades que participaram das atividades do Congresso para pedir apoio e tomar mais terras.

Nosso 8º Congresso demonstra para todos os nossos dirigentes, ativistas e massas que, inevitavelmente, derrotaremos os planos do velho Estado burguês-latifudiário gerenciado pelo oportunismo petista e seus asseclas de colocar uma pedra sobre a questão agrário-camponesa e a luta pela terra! Com nosso vitorioso Congresso apontamos não apenas para a falência completa da “reforma agrária” do governo do oportunismo eleitoreiro petista, mas erguemos ainda mais alto nossas bandeiras vermelhas de boicote ativo a farsa eleitoral, do corte popular, das Assembleias Populares e de seus Comitês de Defesa da Revolução Agrária como respostas concretas, vivas e contundentes ao agravamento da crise econômica, política e moral do capitalismo burocrático e do velho Estado brasileiro!

Viva a Revolução Agrária!

Viva o 8º Congresso da Liga!

Cleomar vive. Morte ao latifúndio!

Terra, água, pão, justiça e nova democracia!

Viva a Revolução Democrática, Agrária e Antiimperialista!