Repercutimos abaixo matéria publicada do portal de AND. Aproveitamos para acrescentar imagens que recebemos em nosso correio eletrônico.

Atendendo ao chamado do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO) e da Associação Brasileira de Advogados do Povo (ABRAPO), seus representantes, o Comitê de Apoio ao Jornal A Nova Democracia, professores da Universidade Federal de Rondônia e do Instituto Federal de Rondônia, representantes do Diretório Central dos Estudantes da UNIR (DCE/UNIR), dos Centros Acadêmicos de Letras Inglês e Geografia, das Executivas Nacional e Rondoniense de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe e ExROEPe), membros dos grupos de pesquisa HISTEDBR/UNIR e do Grupo de Pesquisa em Gestão do Território e Geografia Agrária da Amazônia (GTGA), o Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e o Movimento Feminino Popular (MFP) participaram nos dias 12 e 13 de abril de Missão de Solidariedade à Área Revolucionário Gedeon José Duque, dirigida pela Liga dos Camponeses Pobres, ouvindo relatos e demonstrando apoio à luta empreendida pelos camponeses.
O objetivo da missão era ouvir camponeses e camponesas da área Gedeon José Duque, alvo de ataque de pistoleiros nos últimos dias; além de verificar in loco as condições físicas e emocionais das famílias, coletar depoimentos e registro dos incidentes e realizar visita às áreas camponesas Valdiro Chagas, Gonzalo e das adjacências. Com base nos dados coletados, a Missão também se propôs a produzir um relatório circunstanciado, com base na coleta de informações que eventualmente identifique crimes cometidos por pistoleiros (guaxebas), latifundiários, agentes das forças de repressão e de outros órgãos estatais, além de levantar possíveis omissões do Estado. O relatório, após concluído, será enviado para o conjunto de entidades de defesa de direitos humanos a nível regional, nacional e internacional; bem como a entidades de classe e movimentos sociais.

Ao chegar, os integrantes da missão foram recebidos com aplausos pelos camponeses reunidos na sede da AR Valdiro Chagas. Em seguida, visitaram os camponeses das Áreas Revolucionárias Valdiro Chagas e Gonzalo 1 e 2 e da Vila Amigos do Campo, convidando-os a participar da Assembleia Popular e da celebração ao Dia dos Heróis do Povo Brasileiro que ocorreria no dia seguinte. Lado a lado dos camponeses, ressaltavam a importância da participação e da unidade dos camponeses para defender a Área Revolucionária Gedeon.
Durante as mobilizações, foi possível ouvir relato das famílias afetadas pela ação criminosa dos pistoleiros do Movimento “Invasão Zero” dirigidos pelo chefe de pistolagem Gesulino Cesar Travagine Castro com o apoio da Polícia Militar. Ao correspondente local de AND, um camponês relatou que “A polícia deu a entender que vinha dos assentados, mas acabou que eles estavam era protegendo os pistoleiros”. Outras famílias denunciaram que os pistoleiros queimaram barracos, produção e mataram porcos e cachorros, além de agredir camponeses das áreas vizinhas e ameaçá-los de morte. De acordo com os relatos, a pistolagem agia, junto da PM, em um Gol, nove caminhonetes e uma pá carregadeira.
Todo o dia foi marcado por uma ativa unidade expressa em trabalho coletivo e solidariedade. Camponeses, estudantes e professores organizaram-se em torno dos trabalhos necessários para a organização da Assembleia Popular, confeccionando bandeiras da LCP e faixas. Durante o dia, um médico, representante do Cebraspo, realizou atendimentos básicos de saúde às famílias.



Solidariedade e combatividade marcaram o segundo dia de missão
Coletivamente, estudantes e professores uniram-se aos camponeses para a produção do almoço coletivo dos presentes. Desde a colheita da mandioca até o trato dos alimentos, todos participaram juntos, reforçando o trabalho coletivo. Ao mesmo tempo, uniam-se na ornamentação do espaço para a Assembleia Popular.
Na Assembleia Popular do dia 13 de abril, reuniram-se todos para celebrar a memória dos heróis do povo brasileiro. Camponeses, estudantes e professores entoaram canções de luta como o Hino da Liga dos Camponeses Pobres, “Conquistar a Terra”, as canções “Bella Ciao” e “O Risco”. Saudaram efusivamente a Liga dos Camponeses Pobres e a Revolução Agrária.
Mais de 130 pessoas participaram desta atividade, onde lideranças camponesas puderam denunciar os crimes dos latifundiários, ao mesmo tempo em que defenderam a justeza da autodefesa das massas, conclamando a unidade de ações coordenadas de todas as famílias das áreas para defender suas terras e famílias. Ao final da atividade, grande parte dos participantes tomou parte na leitura de um manifesto, ao mesmo tempo em que, a plenos pulmões, foram à frente do local do ato, entoando canções de luta e palavras de ordem de resistência como: É terra pra quem nela trabalha! E viva agora e já a Revolução Agrária! É morte ao latifundiário e ao burguês! E viva o poder operário e camponês!

Ainda, renderam homenagens a diversas personalidades do movimento camponês e popular do Brasil, como aos companheiros Renato Nathan, Gedeon José Duque, Valdiro Chagas e ao nosso amado e eterno diretor- geral, o grande professor Fausto Arruda com os dizeres: Fausto Arruda, presente na luta!

Camponeses não desistem de lutar
A missão de solidariedade reforçou o ânimo e disposição dos camponeses em lutar por sua terra. Mesmo com a repressão da pistolagem a mando do latifúndio e com a convivência das forças policiais, os camponeses reforçaram a combatividade afirmando que, apesar do ataque do Movimento “Invasão Zero”, não irão parar de lutar até conquistar as terras da Área Gedeon José Duque.
“Não somos um grupo de sem-terra, porque a gente tem nossa terra que está lá, só precisa tomar de volta e fazendeiro com nós não se cria, não”, disse um camponês.