Força Nacional e PM contam diferentes estórias para esconder chacina de camponeses

Policiais da Força Nacional de Bolsonaro e seu governo de generais, e da PM assassina do coronel Marcos Rocha, marionete de latifúndio, promoveram mais uma chacina de camponeses, no último dia 13 de agosto, (como denunciado aqui: Força Nacional de Bolsonaro e PM de Marcos Rocha assassinam camponeses em Rondônia) ceifando a vida de trabalhadores honestos, os camponeses Amarildo, Amaral e Kevin, moradores da área Ademar Ferreira, distrito de Nova Mutum Paraná, área rural de Porto Velho.

Em suas diferentes versões, todas elas mentirosas e repugnantes, para justificar os assassinatos, policiais afirmaram que foram recebidos a tiros pelos camponeses e só atiraram para se defender. É a mesma estória de sempre, mil vezes utilizada para justificar o assassinato de pobres e contam com o auxílio de parte dos monopólios de imprensa e sites de notícia lixo de Rondônia (todos financiados com verba do governo), que tomam como verdade os embustes dos policiais assassinos e criminosos, reproduzem suas mentiras sem nenhuma investigação ou comprovação dos fatos, assumindo assim explícita parcialidade dos graves fatos, se tornando cúmplices dos crimes do velho Estado, reproduzindo suas mentiras para justificar o sangue derramado de trabalhadores.

As versões policiais são tão grotescas que mesmo contando com a cumplicidade de parte da imprensa, e tendo o monopólio da mentira, não conseguem contar uma mesma estória. Como diz o ditado “mentira tem perna curta”.

No dia 15 de agosto, dois dias após a chacina, na página oficial da PM assassina foi publicada a matéria Operação da PMRO na área da Fazenda Santa Carmem prende invasores e apreende farta munição e armas, assinada pelo pseudo-jornalista Lenilson Guedes, que mal e porcamente reproduz adaptação do boletim de ocorrência redigido pelos policiais criminosos. Em tal boletim de ocorrência e matéria informam a participação de equipes da Força Nacional de Segurança Pública. Posteriormente soltaram a informação de que a Força Nacional negou oficialmente participação na chacina e em seguida, a matéria foi retirada da página da PM.

As centenas de famílias da área Ademar Ferreira são testemunhas do fato inconteste de que a Força Nacional de Bolsonaro participou da chacina, com tropas e viaturas. Desde que chegou a Rondônia já tirando vidas causando acidentes em estradas, as tropas da Força Nacional tem atuado junto com a PM e pistoleiros do latifúndio em ataques contra camponeses nessa mesma área, inclusive realizando disparos contra as famílias. E já tinha feito incursões frequentes semanas antes, preparando os assassinatos, tendo sido inclusive divulgado fotos registrando a participação da Força Nacional junto da PM e pistoleiros (veja aqui: Força Nacional de Bolsonaro, PM e pistoleiros atiram contra camponeses). Os camponeses da área Ademar Ferreira denunciaram que no dia 12 de agosto, policiais da Força Nacional chegaram a atirar, uma vez mais, contra camponeses numa estrada local.

Depois de passar dias monitorando a área com drones e helicópteros, no dia 13 de agosto os policiais invadiram os lotes dos camponeses pela mata, a pé, com roupas camufladas, agachados e rastejando armados com fuzis. Não estavam fazendo “patrulha rural”, entraram para matar em ação previamente preparada. As famílias sobreviventes denunciam que além dos assassinatos cometidos por policiais em terra, policiais também fizeram disparos de fuzis em direção as famílias e barracos desde o helicóptero que passou a sobrevoar a área durante a ação policial criminosa. Vários trabalhadores ficaram desaparecidos, refugiados na mata, inclusive a esposa de Amarildo e mãe de Amaral, que só foi reencontrar seus companheiros no dia seguinte, quando só então soube das execuções. Vários veículos e barracos com todos os pertences dos camponeses foram criminosamente incendiados pelos policiais, além do roubo de objetos de valor que ali estavam.

No inquérito policial da chacina, os policiais apresentaram a farsa absurda de que Kevin atirou neles enquanto pilotava sua moto! Mentira deslavada. Kevin foi fuzilado por dezenas de disparos pelas costas quando pilotava sua moto em direção ao lote que possuía na área. Kevin não estava armado, e se estivesse, como poderia pilotar moto com embreagem (que necessita o uso das duas mãos) em caminhos precários e irregulares e ao mesmo tempo disparar contra policiais armados de fuzis? É preciso ser muito ingênuo ou estar tomado de completa má-fé para acreditar numa farsa desta.

Da mesma forma é mentirosa a estória que registraram no boletim de ocorrência afirmando que Amarildo e seu filho Amaral, de apenas 17 anos, receberam os policiais a tiros. Eles foram assassinados a tiros de fuzil enquanto trabalhavam em seus lotes e não estavam armados, só tinham ferramentas de trabalho e garrafa d’água que ficaram abandonadas ao lado das poças de sangue onde foram mortalmente alvejados.

Os corpos já sem vida de Amarildo, Amaral e Kevin foram rapidamente removidos do local. A polícia como de praxe conta a mentira de que levaram os corpos para socorrer porque ainda estavam vivos. Nada mais do que repetição da rotina macabra de se eximir de acusações e reforçar versão mentirosa. Cínicos! Jogaram os corpos da carroceria da viatura como se fossem animais, tiraram os corpos já sem vida do local para dificultar qualquer tipo de perícia e ocultar vestígios dos crimes que cometeram, assim como não apresentaram suas armas para serem periciadas, como está bem registrado do nos autos do flagrante do delegado de polícia civil Marcos Correa.

Além dos assassinatos covardes cometidos, os policiais, realizaram prisões de famílias inteiras, incluindo esposas e crianças. Entre os presos estava um casal de trabalhadores que trafegavam no carro da família. Policiais mandaram parar, ao mesmo tempo em que fuzilaram o veículo. Os tiros, como mostram fotos divulgadas pelos camponeses, atingiram os vidros do carro, passando entre as cabeças do casal que por pouco também não foram assassinados. No próprio inquérito, os policiais admitem que o condutor do veículo obedeceu suas ordens de parar.

A sucessão de crimes cometidas pelos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais, do Batalhão de Choque e da Força Nacional foi tão gritante que o delegado que atendeu à ocorrência não quis se ocupar do caso empurrando o problema para o plantão seguinte. Os trabalhadores presos foram colocados em liberdade no mesmo dia, por completa falta de provas e o delegado do inquérito sequer aceitou as acusações de “esbulho possessório”.

Policiais seguem realizando operativos na região enquanto pistoleiros fortemente armados transitam no local, e não se pode aceitar que sigam impunemente cometendo crimes contra os camponeses. Os crimes cometidos pelo velho Estado devem ser rigorosamente investigados, e os mandantes e executores punidos.

Urge elevar a campanha de denúncia contra mais estes crimes covardes de Bolsonaro e seu governo de generais genocidas, do governador marionete de latifundiários, Marcos Rocha, e seus policiais, contra os camponeses em luta pela terra, bem como o apoio ativo à Revolução Agrária e à Liga de Camponeses Pobres, LCP.

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