
Nos últimos meses, camponeses da Área Revolucionária Gedeon José Duque, em Machadinho d’Oeste – RO, vêm recebendo uma série de ataques de pistoleiros, em conluio com a Polícia Militar e Civil, em um esquema organizado nos moldes do “Invasão Zero”. Tentam a todo custo expulsar os camponeses de suas terras fazendo a própria “reintegração de posse”, como satirizam, destruindo plantações, queimando barracos e bandeiras da Liga dos Camponeses Pobres e atirando contra os camponeses. O chefe da pistolagem ligado a esses e outros acontecimentos nos últimos 13 anos é Gesulino Cesar Travagine Castro, bandido a serviço de latifundiários da região, que já possui um longo currículo de crimes, como homicídios e ataques aos camponeses pobres e suas terras na região.
Entre os anos de 2019 e 2020, os assassinatos do ex vereador Jarbas Teixeira e Cristiano Rezende, ambos na área Bacuri, tiveram o envolvimento de Gesulino e seus pistoleiros, com a conivência das polícias de Cujubim e Ariquemes. Em 2021, um camponês escapou de tentativa de assassinato e sofreu com perseguições e ameaças de Gesulino por conflito agrário nesta mesma área (Bacuri).Também há suspeitas de seu envolvimento no assassinato de Kenas Gomes de Souza Nogueira, ex vereador de Cujubim (MDB).
Gesulino também está envolvido na rede de crimes de Chaules Volban Pozzebon, famigerado latifundiário e madeireiro de Cujubim, que chegou a ser condenado a 99 anos de prisão e que mantinha uma complexa organização criminosa em Rondônia para cometer toda sorte de abusos, como trabalho escravo, invasão de terras para extração ilegal de madeira, homicídios de lideranças ambientais e de posseiros. Gesulino também foi condenado por envolvimento nestes crimes, mas foi solto, certamente pelo serviço ignominioso de pistolagem que presta a latifundiários do estado.
Em 2023, Gesulino foi condenado a 35 anos de prisão por ser o mandante dos assassinatos que ficaram conhecidos como “Chacina de Buritis”, ocorrida em abril de 2012 na Linha C-34, Rio Alto, em Buritis, que resultou na morte de 6 pessoas. O episódio, motivado por vingança pessoal de Gesulino, resultou na morte de pessoas por engano. Dois dos pistoleiros contratados e as quatro vítimas que estavam no carro alvejado morreram na emboscada. Pouco tempo depois, os outros dois pistoleiros contratados também foram mortos, provavelmente para queima de arquivo. O mais curioso é que em 2015 Gesulino foi submetido a julgamento do Júri na comarca de Buritis, porém várias testemunhas à época não compareceram no julgamento por medo do acusado. Outros jurados, temendo represálias, absolveram o infrator que foi posto em liberdade imediatamente, contrariando todas as provas do processo. O Ministério Público recorreu da decisão e pediu o desaforamento do caso e um novo julgamento em Ariquemes só foi ocorrer em 2023. A mãe de Gesulino, Meire Rosângela Travagine Castro, tinha claro envolvimento na chacina e foi indiciada no processo como a fornecedora dos armamentos, mas foi absolvida.





Durante a absurda liberdade provisória concedida após a chacina de Buritis, foi preso em flagrante em 2014 junto a Fernando Rodrigues Tavares (que também já respondia por homicídio) em Ariquemes por porte ilegal de armas e posse de colete balístico policial (crime inafiançável). Ambos estavam em deslocamento prestes a cometer um novo homicídio. Novamente, foi posto em liberdade.





Nem dois anos se passaram desde a última condenação em 2023 (de 35 anos!) e Gesulino já está solto para promover novos episódios de terror e medo na região, como vem ocorrendo em Machadinho D’Oeste. Nas redes sociais, livre como um inocente, exibe a vida em Cujubim com sua esposa e também pistoleira, Marina Yamashita, e suas três filhas. Escancara seus negócios e os eventos em seu “haras” Fazenda 4 marcos, inclusive eventos beneficentes para pintar a imagem de bom moço. Ao mesmo tempo, exibe com toda a liberdade e certeza de impunidade os ataques e ameaças recentes aos camponeses da área Gedeon.
Sua relação com políticos da região vem crescendo, nomes como o Vice prefeito de Ariquemes André Rosseto, o Senador Marcos Rogério, o Deputado Estadual Alex Redano além de outras figuras carimbadas de Rondônia, buscando inclusive cacifar-se eleitoralmente. Só não saiu candidato nas últimas eleições devido aos impedimentos judiciais relacionados aos processos contra ele.

Com este passado e longa ficha criminal, de onde Gesulino tira dinheiro para se exibir, construir e produzir dentro de sua Fazenda? Tudo através de seus esquemas de pistolagem: recebe financiamento de fazendeiros, de grupo de latifundiários de Ariquemes, Cujubim e Rio Crespo, em troca dos serviços de pistolagem contra camponeses pobres sem terra ou com pouca terra e com isso conseguiu montar a Fazenda 4 marcos. Todo o esquema conta com a colaboração das polícias militar e civil e com o judiciário de Rondônia, com quem negociou a prisão e condenação para substituir esquemas anteriores na região. Hoje, desfila de Dodge Ram blindada e segue ampliando sua rede de negócios como “pecuarista” para lavar o dinheiro oriundo dos crimes de pistolagem.