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‘GLO do campo’: Bolsonaro e generais querem usar Exército para combater camponeses

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Em pronunciamento no dia 25 de novembro,
o fascista Jair Bolsonaro afirmou que visa a criação de uma “Garantia
da Lei e da Ordem” (GLO) para reprimir o movimento camponês e
restabelecer os latifúndios que tiveram suas terras retomadas
(“reintegração de posse”).

A proposta consiste em que o chefe do
Executivo autorize as Forças Armadas a reprimir as tomadas de terra de
maneira imediata após a decisão judicial. Em resumo, permite o uso das
Forças Armadas como força regular de repressão aos camponeses. Hoje, a
solicitação é feita pelo governo estadual e, posteriormente, é
necessária a assinatura do presidente. “Tem de ser algo urgente. E você
dando uma resposta urgente, você inibe os demais que porventura queiram
aquilo. E olha só, eu tô falando, tudo passa pelo parlamento”, afirmou.

Em suas redes sociais, Bolsonaro
prosseguiu: “A tropa da GLO não é para fazer relações públicas, ela vai
para se impor, conter ações terroristas, depredação de bens, queima de
ônibus, evitar que inocentes morram, etc.”, afirma, tachando como
“terrorista” a luta camponesa. E conclui: “No mais, para enfrentar a
esses marginais, é que se faz necessário o excludente de ilicitude”.

Segundo o próprio Bolsonaro, a medida
tem como alvo os movimentos camponeses e citou o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “A propriedade privada é um dos
pilares da democracia. Você não pode comprar um imóvel no campo ou na
cidade e de repente alguém vai lá e toma conta. Toma conta não, invade.
Aí não é democracia. Onde a propriedade privada não existe é no
socialismo, no comunismo. Não chegamos lá ainda”, disse, omitindo o fato
de que muitos latifundiários que têm suas terras tomadas só as
conseguiram através do roubo, da prática de trabalho escravo e da
grilagem.

A repressão do Exército na prática

O governo de Bolsonaro e seus generais,
no entanto, já está colocando em prática o uso das Forças Armadas na
repressão à luta camponesa.

Na Amazônia, em setembro, ocorreu,
encoberta pela “Garantia da Lei e da Ordem” (GLO) de suposto combate aos
incêndios e pela Operação “Verde Brasil”, a invasão dos militares em
acampamentos da Liga dos Camponeses Pobres (LCP).

De acordo com a nota emitida pela
Comissão Nacional da LCP, “os camponeses da área relataram que durante
uma semana os militares das Forças Armadas reacionárias cometeram todo
tipo de intimidação, ameaça, abuso e humilhações”.

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Um representante da LCP, durante um debate na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no dia 22/10 (ver aqui),
denunciou ainda que o cerco militar não é restrito à área Enilson
Ribeiro. “Agora, todos os acampamentos da LCP estão cercados, com
militares estacionados do lado, em regiões nas quais não há nenhum foco
de incêndio! Isso para mostrar como eles estão aí para combater a luta
pela terra”. Disse ainda que o que teme esse governo latifundista é que a
resistência e luta dos camponeses de Seringueiras sirvam de exemplo e
que, por isso, o governo move tropas contra os camponeses.

Excludente de ilicitude

No dia 21, no lançamento do partido
fascista “Aliança pelo Brasil”, Bolsonaro anunciou ter enviado ao
Congresso Nacional o chamado excludente de ilicitude, um projeto que
pode isentar de punição os agentes de “segurança” e militares em
operações de GLO. A nova medida possibilita que essas ações também
possam ser adotadas em reintegrações de posse nas áreas rurais.

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