1

LCP repudia ataque de pistoleiros e se solidariza com as famílias em Verdelândia

Enquanto as famílias reorganizavam acampamento, os pistoleiros liderados pelo filho do latifundiário, chegaram em duas caminhonetes, encapuzados, apontando armas longas calibre 12, revolveres e pistolas. Os camponeses que correram para o mato foram alvejados pelos disparos. Os demais foram feitos reféns, obrigados a deitar no chão, torturados sob fortes ameaças e xingamentos. Chutes, socos, coronhadas na cabeça e queimaduras provocadas pelos canos quentes das armas.

Um vereador, que apoiava as famílias, levou tiros nos dedos da mão e também no braço e foi levado para Montes Claros em estado grave. Uma camponesa de 65 anos levou um tiro de raspão no queixo e seu neto, ao tentar protegê-la, levou um tiro nas costas ficando com a bala alojada no pulmão. Os pistoleiros roubaram as carteiras, bolsas e celulares dos camponeses destruindo os documentos, queimando as roupas e demais pertences e levando todo dinheiro que havia. Os veículos que se encontravam no acampamento tiveram tanques perfurados, faróis e setas quebrados e capôs amassados.

Esses crimes contra o povo têm sido cometidos corriqueiramente em todo o Norte de Minas, particularmente nessa região de Verdelândia e Varzelândia já tiveram várias denúncias da existência de grupos armados por latifundiários, que andam a luz do dia ameaçando quem quer que atravesse seu caminho. Várias mortes já foram registradas e nenhuma providência é tomada pelas ditas autoridades, pois esses grupos são acobertados pela polícia e pela justiça e os crimes como estes seguem sem nenhuma punição, desde o histórico massacre de Cachoeirinha em 1967!

Em Varzelândia, dia 9 de janeiro, o latifundiário e prefeito da cidade Felisberto, junto com seus capangas e acobertado pela PM, dispararam tiros contra uma das lideranças dos camponeses quilombolas que reivindicam as terras prometidas mil vezes pelo Incra no já oficialmente reconhecido território quilombola Brejo dos Crioulos.

  • Perseguições políticas e ambientais, criminalização; prisões de camponeses, com ou sem ordem judicial;
  • Expulsão violenta das terras por pistoleiros acobertados pela polícia militar como ocorreu na fazenda Beirada, em Manga, em novembro de 2012;
  • Completa falência e burocratização dos órgãos responsáveis pela reforma agrária, como o INCRA;

As terras da fazenda Torta – Morro Preto foram oferecidas pelo INCRA aos camponeses há mais de oito anos. Com a promessa de vistoria e negociação, dezenas de famílias passaram a produzir e viver nas terras. Como o INCRA não fez nada, as terras acabaram vendidas para o bandido latifundiário João Dias, que mandou pistoleiros destruir os barracos, colocar gado nas roças e passar o trator na área ocupada pelas famílias.

Nós da Liga dos Camponeses Pobres nos solidarizamos com as famílias atacadas na fazenda Torta, e com todos os camponeses permanentemente ameaçados pelo latifúndio e o Estado no Norte de Minas e em todo país. Apesar de não estarmos na organização direta destas famílias camponesas, reconhecemos seu direito histórico às essas terras em Verdelândia e repudiamos o covarde ataque. Convocamos a todo o povo norte-mineiro a se manifestar contra essas atrocidades.

Terra para quem nela vive e trabalha! Morte ao latifúndio! Viva a Revolução Agrária!

Janeiro de 2014