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Ligado na Liga

Vou te fazer três perguntas

Vou ter que pôr todas juntas

Pra facilitar a resposta,

Quero que o moço me diga

Seguindo o tom dessa rima

De cima pra baixo ou debaixo pra cima

O que é que tem na Liga?

Pois é com muito respeito

Que eu respondo ao sujeito

Que quer saber a razão

Que tem essa gente sofrida

Que traz sinais de ferida

Da longa estrada da vida

A grande massa esquecida

Suor e calo nas mãos

Pois é de um canto e de outro

Que vêm esses cabras macho e essas mulheres guerreiras

Que vive igual bananeira

Que até mesmo sendo mãe solteira

Sozinha sustenta o cacho

Tem gente que veio distante

Muito além do horizonte

Não trouxe nenhum apego

Que por ter pouco estudo,

Se esforçava, fazia de tudo

Mas perdeu seu emprego

Tem gente que já foi um sucesso

E com certeza eu confesso, sem nenhum constrangimento

Que já foi até patrão

Foi por causa da inflação

Perdeu tudo que tinha

E não teve condição de quitar o financiamento

Tem gente que já foi meieiro

Arrendatório, empreiteiro, ou pequeno empresário

Tem gari, tem porteiro, ajudante de pedreiro

Que hoje é companheiro contra o latifundiário

E esse povo que move esse País

E não é nada do que diz nos jornais ou na TV

A luta que nós enfrenta

A bandeira que nós com orgulho ostenta

Nas letras que nos representa

Nós somos a LCP

Desde o grande ao pequeno

Do menor até o maior

Tem o sangue vermelho

Do herói companheiro

Que derramado na terra, foge da opressão

Foge do patrão, mas nunca foge da guerra

E faz a Revolução

Tudo que dá liga tem na Liga

Católico, ateu ou crente

Tem gente de toda cor

Tem cor de toda gente

Imigrante, nativo e estrangeiro

Tem gente de perto, gente de longe e até gente de fora

Gente que reza e gente que ora

Tem cristão, tem judeu

Tem até amigo meu que crê em Nossa Senhora

E em cada canto têm um santo

Cada santo tem seu dia

Cada um no seu propósito

Que se apega em quem confia

Defendendo sua fé

Caminhando em harmonia

Quero que o companheiro

Entenda com clareza

Que o que esse povo deseja

É paz, amor, alegria

E que não falte na nossa mesa

Que é a maior riqueza

O pão nosso de cada dia

(Poema de Girson Sudário, do Acampamento Tiago dos Santos, em União Bandeirante/RO, Brasil)