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Membro do jornal AND, visita área camponesa e realiza debate

No dia 26 de maio de 2015 ocorreu na área camponesa Renato Nathan 2 (Ariquemes) um debate com o professor Fausto Arruda, membro do conselho editorial do jornal AND – A Nova Democracia. Participaram quase 50 camponeses e apoiadores. Fausto Arruda falou sobre o jornal AND e sobre a situação política geral de nosso país e vários participantes deram suas opiniões. O ato foi encerrado com uma singela homenagem ao camponês Paulo Justino, assassinado no último 1º de maio, a mando de latifundiários da região de Rio Pardo e com a conivência do Ouvidor Agrário Nacional Gercino José.

Ativistas da LCP iniciaram a atividade com uma grave denúncia internacional: a greve de fome do professor Dr. GN Saibaba, iniciada no último dia 11 de abril. Ele é um dos maiores ativistas em defesa dos direitos dos povos da Índia e em combate a guerra que o Estado fascista indiano lança contra os camponeses e os povos tribais daquele país. O professor foi sequestrado pela polícia no dia 9 de maio de 2014 e desde então está preso arbitrariamente, a mais de mil quilômetros de distância de sua família, em condições desumanas que estão piorando sua saúde frágil. Saibaba tem 90% dos movimentos do corpo limitados, sofre de doenças cardíacas graves e não está tendo acesso a tratamento médico e dieta adequados. Durante a greve, o professor universitário chegou a ser hospitalizado ao perder os sentidos, mas foi reencaminhado a detenção. Todos democratas do mundo devem lançar-se na campanha internacional em defesa da vida e da liberdade deste importante democrata.

Em seguida, Fausto Arruda falou sobre o AND e seu papel de informar os fatos relevantes ao povo brasileiro, fazer análises e apresentar opiniões de quem luta verdadeiramente. Mas destacou que o leitor é quem decide o que fazer com estas informações. E incentivou cada um a ler o jornal e tirar suas próprias conclusões.

Segundo o professor, muitos querem a paz, mas isto não basta, é preciso lutarmos por ela. O camponês, que trava a luta mais urgente de nosso país, só tem paz com a terra. E a terra só é conquistada com luta. Destacou o almoço farto que foi servido a ele numa família e a beleza das construções coletivas, das casas, roças e criações que podem ser vistos na área, tudo conquistado com suor dos camponeses, união, organização e luta. Em suas palavras: “O jornal está a serviço de valorizar o homem do campo. É um Brasil que o Brasil precisa conhecer, pois muitos não sabem a trajetória do alimento até chegar à mesa.”

Quando conseguem seu pedaço de terra, muitos camponeses pensam que não precisam mais se unir e se organizar coletivamente, basta trabalhar com sua família. Fausto Arruda defendeu que os trabalhadores merecem muito mais: escola e posto de saúde dentro das áreas, estradas e pontes de qualidade, maquinário, assistência técnica e preço justo para sua produção. O trabalhador precisa se convencer de que isto é um direito e que só será conquistado com luta. O editor do AND ressaltou a importância de não nos iludirmos com o “canto da sereia” de que um país melhor nascerá através da farsa das eleições ou de reformas feitas dentro do sistema que impera no Brasil. Quem trabalha tem que confiar em quem trabalha, não em quem nos explora e oprime.

Companheiro Paulo Justino, presente na luta!

No debate foram distribuídos panfletos sobre o bárbaro assassinato do camponês Paulo Justino e estendido um cartaz e um mural com fotos dele. Como homenagem ao ativista, camponeses e professores apresentaram um jogral sobre sua vida, trabalho e luta e a poesia “Os homens da terra”. Os participantes do debate cantaram uma adaptação da canção “Cipó de Aroeira” e emocionados gritaram palavras de ordem.

Um ativista da LCP destacou: “Nosso hino ensina ‘o sangue será uma semente’, a luta de Paulo Justino é a mesma luta do Renato Nathan, Zé Bentão, Cleomar Rodrigues e tantos outros camponeses assassinados, é a mesma luta do professor indiano Dr. Saibaba que está preso e em greve de fome, é a mesma luta nossa. A morte de Paulo Justino não pode e não será em vão, pois vamos segui-la ainda com mais força!”

E o professor Fausto Arruda citou um trecho de uma música de Milton Nascimento: “Quem cala sobre teu corpo / consente na tua morte (…) / Quem cala morre contigo / Mais morto que estás agora (…) / Quem grita vive contigo.”