Notícias da Luta Camponesa 05: Leia mais em AND

Reproduzimos abaixo importantes notícias acerca dos recentes acontecimentos relativos à luta camponesa no país, publicados em www.anovademocracia.com.br

 

Acampamento Valdiro Chagas ameaçado de despejo em Rondônia (atualizado) 

Publicado em 4 de agosto de 2022, por Gabriel Artur

Produção e casas das famílias camponesas residentes no Acampamento Valdiro Chagas, em Machadinho do Oeste. Foto: Banco de Dados AND

Atualização (04/08, 12h08): Em decisão liminar de Ação Reclamatória feita por advogado da Associação Brasileira de Advogados do Povo – Gabriel Pimenta (ABRAPO), o Ministro Alexandre de Moraes mandou suspender Reintegração de Posse que aconteceria contra as 100 famílias posseiras do Acampamento Valdiro Chagas, na região de Machadinho D’Oeste em Rondônia. Despejos e remoções coletivas durante a pandemia estão suspensos por força da ADPF 828/DF.

Passado um ano da criminosa ação de despejo ao Acampamento Valdiro Chagas, ocorrida em junho do ano passado, um novo ataque é anunciado. O juízo da Vara Cível da Comarca de Machadinho/RO determinou o cumprimento de Reintegração de Posse contra as 100 famílias que vivem no Acampamento Valdiro Chagas, uma ocupação que existe há mais de 6 anos. 

As famílias do Acampamento Valdiro Chagas não tem nenhuma alternativa habitacional e não tem para onde irem. São famílias trabalhadores rurais que vivem em situação de vulnerabilidade social, à espera do acesso democrático à terra. O despejo pode acontecer a qualquer momento.

HISTÓRICO DE LUTA DO ACAMPAMENTO VALDIRO CHAGAS

Em 2021, por meio de decisão tomada pela juíza Luciane Sanches, favorável a latifundiários que alegam serem donos da antiga Fazenda Jatobá, foi determinada a expulsão dos trabalhadores do Acampamento, entre estes, mulheres, idosos e crianças. A ação criminosa foi parte da Operação “Paz no Campo”, já inúmeras vezes denunciada pelos camponeses por expulsar trabalhadores de terras comprovadamente griladas pelo latifúndio.

Na época aproximadamente 60 policiais civis e militares participaram da operação. Em meio ao despejo, as casas do Acampamento foram derrubadas. Os camponeses foram levados à delegacia e “qualificados”, mesmo não havendo embate entre as famílias e os policiais. Foram tiradas fotos dos camponeses, de seus documentos e dos registros profissionais da advogada que os acompanhava. 

O nome do Acampamento é uma homenagem à liderança camponesa Valdiro Chagas de Moura, covardemente assassinado junto com o Coordenador da LCP Enilson Ribeiro dos Santos em Jaru, no ano de 2016. Valdiro e Enilson lideravam o Acampamento Paulo Justino, no município de Alto Paraíso.

Policiais fortemente armados invadem o Acampamento Valdiro Chagas em 2021. Foto: Banco de Dados AND

 

AL: Camponeses marcham e exigem direitos em Maceió

Publicado em 4 de agosto de 2022, pelo Comitê de Apoio ao Jornal A Nova Democracia de Maceió

Camponeses marcham exigindo direitos. Na foto, uma faixa da LCP conclama os camponeses a tomar todas as terras do latifúndio. Foto: Banco de Dados AND

Em 25 de julho, centenas de camponeses marcharam nas principais avenidas de Maceió (AL). Camponeses de diferentes organizações (MST, CPT, MLST, MTL, LCP, FNL, entre outras), se concentraram para o ato na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), e seguiram em marcha até o centro da cidade. Saindo às 6h30 da manhã, o ato percorreu uma das principais avenidas da cidade (Av. Fernandes Lima) e recebeu apoio de muitos transeuntes, que buzinavam enquanto passavam pela longa fileira de camponeses. Os camponeses seguiram em marcha até a empresa de energia do estado, onde fizeram cobranças sobre questões de acesso a energia e preços abusivos cobrados pela empresa, e depois seguiram em direção ao Palácio do Governo.

O ato foi convocado nessa data em comemoração ao Dia do Agricultor, e se levantava como uma das pautas os prejuízos que muitos camponeses têm tido devido às fortes chuvas que tem atingido o estado, cobrando ao governo medidas para sanar esses problemas, como melhoria das estradas para locomoção e escoamento da produção, acesso à saúde e educação etc.

Como foi noticiado pelo AND, no início deste ano, centenas de camponeses fizeram um combativo protesto também em Maceió no qual fecharam o porto da cidade, cobrando uma promessa de campanha do governador de entregar as terras da antiga Fazenda Laginha aos camponeses que lá estão há mais de 8 anos. Essa luta persiste, e os camponeses da Laginha também estiveram presentes no ato.

Uma conquista importante foi alcançada por camponeses de uma área histórica do estado que aguardavam a assinatura para a conquista do título da terra. Além disso, outras questões de diferentes acampamentos, assentamentos e áreas camponesas ficaram de ser resolvidas. Os camponeses da Área Revolucionária Renato Nathan, dirigida pela Liga dos Camponeses Pobres, cobraram uma vistoria da terra pelo Instituto de Terras de Alagoas, a fim de definir a quem pertence legalmente as terras da antiga Fazenda Lajeiro. Na reunião com o governo conseguiram uma data para a realização da vistoria.

No mesmo dia, massas de várias localidades da cidade também se mobilizaram por diferentes questões e fizeram protestos e barricadas pela cidade, demonstrando a situação explosiva em que se encontra a sociedade brasileira e a disposição da massa em lutar por seus direitos.

Camponeses tomaram as ruas de Maceió. Foto: Banco de Dados AND

 

Camponeses marcham em Maceió. Foto: Banco de Dados AND

 

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PE: Camponeses da Zona da Mata protestam contra leilões de terras

Camponeses protestam contra leilão de terras. Foto: Reprodução

02/08/22 – No dia 25 de julho, cerca de 200 camponeses da Zona da Mata Sul de Pernambuco realizaram um protesto no município de Ribeirão exigindo o fim de leilões de terra que ameaçam despejar aproximadamente 1,2 mil famílias. Durante o protesto também foi exigido justiça pela morte de Jonatas Oliveira, criança de 9 anos assassinada por pistoleiros a mando do latifúndio em fevereiro deste ano. Participaram da manifestação camponeses das comunidades Engenho Roncadorzinho (de Barreiros), Canoinha (de Tamandaré), Barra do Dia, Couceiro e Tambor (de Palmares),  Barro Branco, Caixa D’Água e Laranjeira, e Batateira (de Maraial). (Leia mais)

 

MA: Coordenador da Funai manda atear fogo em galpão dos Awá-Guajá

Awá Guajá cercam coordenador da Funai no Maranhão. Foto: Reprodução

02/08/22 – Os indígenas do povo Awá-Guajá denunciaram que o novo coordenador da Frente Etno Ambiental, Elton Henrique Sá de Magalhães, mandou servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) atearem fogo em um galpão onde os indígenas faziam reuniões, no Maranhão. (…) Para se defender dos sucessivos ataques do velho Estado burocrático-latifundiário e realizar a proteção dos TI da floresta amazônica maranhense, os povos Awá-Guajá, Guajajara e Kaapor conformaram o grupo Guardiões da Floresta. (Leia mais)

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