Notícias da Luta Camponesa 08: Leia mais em AND

Reproduzimos abaixo importantes notícias acerca dos recentes acontecimentos relativos à luta camponesa no país, publicados em www.anovademocracia.com.br

 

Em nova onda de ocupações, 1,7 mil famílias camponesas ocupam quatro latifúndios na Bahia

Publicado em 28 de fevereiro de 2023, por Gabriel Artur

Camponeses ocupam quatro latifúndios na madrugada do dia 27/02

As ocupações massivas de latifúndios por camponeses pobres na Bahia continuam. Na madrugada do dia 27 de fevereiro, cerca de 1.700 famílias camponesas ocuparam quatro latifúndios no extremo sul do estado. De acordo com informações divulgadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os alvos dos camponeses foram três latifúndios eucalipteiros da empresa latifundiária Suzano Papel e Celulose S/A, localizados nos municípios de Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas, e um latifúndio abandonado há mais de 15 anos, de nome Fazenda Limoeiro, localizado no município de Jacobina. As famílias exigem a desapropriação imediata dos latifúndios para que possam viver e produzir com dignidade.

Desde o início de 2023, somente no estado da Bahia, mais de 9,5 mil camponeses se mobilizam em defesa de suas terras contra o latifúndio.

Camponeses denunciam expansão do eucalipto sobre suas terras; Suzano é responsabilizada

O MST afirma que as ocupações foram uma resposta à expansão do eucalipto no sul da Bahia e que as famílias camponesas exigem a desapropriação imediata dos latifúndios para que as terras sejam entregues às famílias.

As famílias camponesas repudiam os problemas relacionados à crise hídrica nos municípios vizinhos aos latifúndios da Suzano Papel e Celulose LTDA, causados pela produção em grande escala de eucalipto e a pulverização aérea realizada nas áreas dos monocultivos. Além disso, os camponeses denunciam outros impactos ambientais irreversíveis causados pelo eucalipto, como assoreamento de rios, enchentes, deslizamentos de terra, secas prolongadas e incêndios devastadores.

Somente no terceiro bimestre de 2022, a empresa latifundiária teve R$ 5,44 bilhões de lucros, e a venda de celulose e papel ultrapassou as marcas de 2,8 e 311 milhões de toneladas, respectivamente.

Atualmente, o Brasil possui a maior floresta cultivada com eucalipto do mundo, área que supera a plantada por arroz, feijão e café. Enquanto o lucrativo negócio de eucalipto enriquece o latifúndio, o arroz, feijão e café é, em grande parte, plantado por camponeses nas piores terras, com as piores condições de crédito e constantemente atacados por latifundiários.

A região do sul da Bahia tem uma longa história de conflitos envolvendo plantações de eucaliptos. Nas últimas três décadas, lideranças camponesas e indígenas têm sido assassinadas, seja pelos bandos de pistoleiros a soldo do latifúndio, seja pelas forças de repressão do velho Estado burocrático-latifundiário. Em comum, estão os contextos de grilagem de terra associados à expansão desse cultivo. Em 2020, com a autorização do então governador Rui Costa (PT), uma área do tamanho do perímetro urbano de Salvador (34,3 mil hectares) foi desmatada e replantada com eucalipto a favor da Veracel Celulose, que possui acumuladas 10 ações judiciais em que camponeses denunciam que a empresa degradou áreas da mata nativa, expulsou famílias e invadiu territórios indígenas.
Luta camponesa soma 9,5 mil camponeses mobilizados em janeiro e fevereiro na Bahia

O AND noticiou que o fim de janeiro e início de fevereiro foi marcado por grandes mobilizações camponesas no estado da Bahia. Do dia 30 de janeiro ao dia 13 de fevereiro, cerca de 2,6 mil camponeses participaram das mobilizações tomando terras, fechando rodovias ou ocupando prédios do velho Estado. No Vale do Jequiriçá, 250 famílias ocuparam duas fazendas. A prefeitura de Santa Cruz de Cabrália foi ocupada por 200 camponeses (que representam outros 400) por melhores condições nas rodovias e nos serviços públicos e pela construção de uma ponte. Em Sento Sé, 300 camponeses protestaram contra a mineradora imperialista australiana Tombador Iron e exigiram o asfaltamento imediato da BA-210. Em Correntina, no cerrado baiano, houve um grande protesto contra a grilagem e a pistolagem. Em Itabela 178 famílias foram despejadas de suas terras. Na madrugada do dia 1º de março, cerca de 120 camponesas ocuparam a Fazenda Santa Maria, no município de Itaberaba, na região da Chapada Diamantina. Somadas à onda de ocupações do dia 27/02, as mobilizações camponesas na Bahia de janeiro a março totalizam 9,5 mil camponeses.

Esta situação, em que somente no estado da Bahia quase 10 mil camponeses se mobilizam ativamente em defesa de suas terras, é mais um sintoma das condições insustentáveis de vida da massa camponesa brasileira. Exploradas pelo latifúndio, famílias camponesas com pouca terra ou sem terra não têm a garantia de poder ter o direito de viver e trabalhar em suas terras. Este novo impulso da luta das massas camponesas contra o latifúndio é só o início de uma inevitável onda de tomadas de terra por todo o país.

Camponeses ocupam latifúndio na madrugada do dia 27/02

Concentração fundiária na Bahia é uma das maiores do país

O MST também denuncia a grande concentração de terras por fazendeiros e empresas do agronegócio na Bahia, e que essa prática contribui diretamente para o aumento indiscriminado dos índices de desigualdades sociais. A Bahia, segundo o estudo “Estrutura fundiária na Bahia, Brasil: uma análise sob a ótica do índice de Gini”, de 2018, possuía, no ano anterior ao estudo, mais de 230 municípios com concentração fundiária considerada forte a muito forte, e 8 deles tinham concentração fundiária muito forte a absoluta.

 

Leia mais:

BA: Na Chapada Diamantina, famílias ocupam latifúndio e denunciam pistolagem

Publicado em 14 de março de 2023, por Gabriel Artur

Cerca de 170 famílias camponesas (aproximadamente 680 camponeses) ocuparam um latifúndio no município Macajuba, na região da Chapada Diamantina, Bahia, na madrugada do dia 12 de março. Segundo informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a área de 1.400 hectares intitulada “Fazenda Recreio” é disputada judicialmente por onze herdeiros e está abandonada há pelo menos duas décadas. O MST denuncia atuação de pistoleiros na área. (Leia mais)

170 famílias ocuparam latifúndio na Bahia

 

Na Bahia, novos casos de relações semifeudais são denunciados em momento de grandes lutas camponesas

Publicado em 14 de março de 2023, por Gabriel Artur

Cinco trabalhadores foram encontrados submetidos a relações semifeudais em um galpão de carvoaria no bairro Cassange, em Salvador, capital da Bahia, no dia 2 de março. (…) Desde o início do ano, 553 camponeses foram encontrados em trabalho semifeudal no Brasil. (…) Enquanto ganha subsídios estatais (o valor destinado ao “agronegócio”, na forma de linhas de crédito de curto prazo com juros subsidiados, pode chegar ao montante de R$ 1 bilhão), o latifúndio segue desenvolvendo-se de Norte a Sul explorando camponeses por todo o país. Na outra ponta, famílias camponesas seguem sem terra e sem trabalho, obrigadas a migrar para a cidade ou a juntar-se à luta pela terra. É nesse cenário que relações semifeudais surgem e se desenvolvem, com momentos de maior expansão (como o que estamos vivendo).

Somente a luta pela terra, tomando todas as terras do latifúndio, é capaz de pôr fim à essa vergonha nacional que está, agora, exposta aos brasileiros à luz do dia. (Leia mais)

Cinco trabalhadores foram encontrados submetidos a relações semifeudas na Bahia

 

Mais de 80 camponeses são encontrados submetidos a relações semifeudais no RS

Publicado em 13 de março de 2023, por Gabriel Artur

Pelo menos 82 camponeses estavam sendo submetidos a relações semifeudais em duas propriedades de cultivo de arroz em Uruguaiana, na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, a 630 quilômetros de Porto Alegre (RS). (…) “Ao contrário de incorporar esses camponeses em relações mais avançadas de trabalho (capitalistas), os latifúndios se aproveitam da situação calamitosa daqueles para estabelecer as relações de trabalho mais brutais, interior adentro, como se registra à exaustão nos chamados ‘trabalhos análogos à escravidão’ (formas semi-escravistas e semifeudais). Mesmo o ‘agronegócio’, que emprega força de trabalho extensiva, não absorve tal massa camponesa senão que em atividades complementares à produção, como rescaldo após colheita nos cultivos pelos maquinários, em formas variadas de servidão.”. (Leia mais)

Cerca de 82 camponeses estavam submetidos a relações semifeudais em Uruguaiana (RS)

 

Mulheres lutam pela terra em todo o Brasil

Publicado em 8 de março de 2023, por Gabriel Artur

Milhares de mulheres camponesas se mobilizaram em luta pela terra por todo o Brasil entre os dias 1º e 8 de março, Dia Internacional da Mulher Proletária. As lutas, em forma de tomadas de terra e manifestações, ocorrem na Bahia, Alagoas e Rio Grande do Sul. (Leia mais)

Camponesas se mobilizaram na Bahia, em Alagoas e no Rio Grande do Sul

 

120 camponesas ocupam latifúndio na Chapada Diamantina

Publicado em 2 de março de 2023, por Gabriel Artur

Na madrugada do dia 1º de março, cerca de 120 camponesas ocuparam a Fazenda Santa Maria, no município de Itaberaba, na região da Chapada Diamantina (BA). A fazenda ocupada tem quase 2 mil hectares de terra e está abandonada. Segundo informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a ocupação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem o lema “O agronegócio lucra com a fome e a violência. Por Terra e democracia, mulheres em resistência!”. (Leia mais)

Ocupação mobilizou cerca de 120 mulheres camponesas na Bahia

 

Camponeses se mobilizam com ocupações e protestos e estremecem a Bahia

Publicado em 23 de fevereiro de 2023, por Gabriel Artur

O fim de janeiro e início de fevereiro foi marcado por grandes mobilizações camponesas no estado da Bahia. Do dia 30 de janeiro ao dia 13 de fevereiro, cerca de 2,6 mil camponeses participaram das mobilizações tomando terras, fechando rodovias ou ocupando prédios do velho Estado. (…) A Bahia é, de acordo com o relatório de conflitos no campo da CPT de 2021, o terceiro estado no número de conflitos agrários no Brasil. O estado, segundo o estudo “Estrutura fundiária na Bahia, Brasil: uma análise sob a ótica do índice de Gini”, de 2018, possuía, no ano anterior ao estudo, mais de 230 municípios com concentração fundiária considerada forte a muito forte, e 8 deles tinham concentração fundiária muito forte a absoluta. Os dados foram analisados sob o Índice Gini. Desde 2017, o índice de concentração fundiária cresceu em todo o País. (Leia mais)

Camponeses fecheiros protestam contra grilagem de terras
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