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O povo de Rio Pardo tem o direito de trabalhar e viver com dignidade

Em Rio Pardo a situação voltou a se agravar quando agentes do Ibama e policiais realizaram uma operação de guerra relâmpago para retirada de bombas de gasolina e diesel em dois postos que funcionavam no distrito de Rio Pardo e abastecem toda a região.

A ação covarde foi prontamente repelida pelos moradores, mulheres, crianças e homens se reuniram no posto e tentaram impedir a retirada das bombas. A polícia atacou a população com spray de pimenta e tiros com munição de borracha. Além de retirar as bombas de gasolina os proprietários foram multados em mais de 1 milhão de reais.

Mesmo com o fechamento do acordo entre os governos federal e estadual realizado em junho e que previa a transferência de reservas estaduais para a União que repassaria parte das terras da Flona Bom Futuro para o controle do estado de Rondônia a situação das famílias permaneceu na prática a mesma. Os efetivos do Exército, Força Nacional e Ibama mantiveram o cerco repressivo à reserva e o controle das estradas da região. Combustíveis, ferramentas de trabalho, remédios e outros produtos continuaram sendo impedidos de entrar na área. O Ibama seguiu aplicando multas abusivas e humilhando a população.

Em junho, a situação tensa gerou revolta dos moradores e resultou na queima de uma viatura do Ibama, além de ameaças aos agentes do órgão e enfrentamentos como o ocorrido entre um camponês e soldados armados de fuzis diante da indignação das multas abusivas aplicadas no lote de sua mãe.

No último final de semana a situação voltou a se agravar quando agentes do Ibama e policiais realizaram uma operação de guerra relâmpago para retirada de bombas de gasolina e diesel em dois postos que funcionavam no distrito de Rio Pardo e abastecem toda a região.

A ação covarde foi prontamente repelida pelos moradores, mulheres, crianças e homens se reuniram no posto e tentaram impedir a retirada das bombas. A polícia atacou a população com spray de pimenta e tiros com munição de borracha. Além de retirar as bombas de gasolina os proprietários foram multados em mais de 1 milhão de reais.

No enfrentamento, pelo menos três moradores ficaram feridos. Um jovem que sofreu acidente quando se dirigia para a cidade de Buritis para denunciar as agressões está internado em Porto Velho e pode ter perdido os movimentos das pernas.

“Eu chamo o que eles fizeram de roubo à mão armada, com espingardas 12 apontadas pras cabeças do povo e spray de pimenta.”

“O jovem que não vai mais andar “- é sozinho, só ele e seu irmão. Quem vai cuidar dele?”

“Várias crianças vão ficar sem estudar porque seus pais não poderão abastecer suas motos para levar seus filhos à escola.”

“Estão começando a fazer guerra com nós. A única solução que nos resta é resistir.”

As frases acima foram ditas num programa de TV por alguns moradores de Rio Pardo e expressam bem o sentimento de revolta do povo.

Esta ação do Ibama deixa claro que ele quer estrangular a economia de Rio Pardo inviabilizando que a população consiga trabalhar e produzir em toda a Flona Bom Futuro, quer fechar os comércios, bloquear a estradas, tirar as crianças das escolas e impedir o direito de ir e vir dos moradores. Estão mantendo um cerco repressivo que visa humilhar e intimidar as pessoas. Enquanto isso, acena com negociações para desmobilizar o espírito de luta do povo.

Diante destas agressões covardes o povo de Rio Pardo tem o direito de se defender de todas as formas possíveis para garantir sua permanência nas terras, garantir seu legítimo direito de viver, trabalhar, produzir e criar suas famílias com dignidade.

Repudiamos os crimes do Ibama, seus agentes e da sua famigerada “Operação Arco de Fogo” contra os camponeses de Rondônia e todo o povo trabalhador da Amazônia!

Fora Ibama inimigo dos trabalhadores!
O povo quer terra, não repressão!
Pelo cancelamento das multas e fim das perseguições ao povo de Rio Pardo!
A Amazônia é do povo brasileiro!

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

Jaru, 24 de setembro de 2009