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Ilario Bodanese, que é proprietário de postos de combustíveis em Vilhena e em Candeias do Jamari, e que já foi secretário do ex-governador e atual senador Ivo Cassol, se diz o dono das terras dessa fazenda. Porém o fato é que cerca de 100 famílias camponesas há mais de 8 anos viviam e produziam nessa área.
Desde o ano passado denúncias das famílias e da CPT indicavam a existência de bandos armados atuando na região, ameaçando as famílias que ocupavam as terras do Barro Branco. Na mesma época dessas denúncias, ocorreu na região um homicídio ainda não esclarecido. Já no início desse ano as famílias foram despejadas de suas terras, tendo seus barracos, roça e demais pertences completamente destruídos.
No fim do mês de junho desse ano, pistoleiros atacaram os camponeses Elias da Silva e José Roberto Rodrigues. Os dois foram alvejados a tiros enquanto pescavam e por sorte conseguiram escapar correndo pra dentro da mata, mesmo com sérios ferimentos. Segundo relato dos moradores, após esse episódio a polícia militar do distrito de Boa Esperança se deslocou até o local, porém no caminho foram cercados e recebidos a tiros.
Todos esses fatos, e a recente apreensão de armas dentro desse latifúndio, só confirmam as denuncias que há muito vem sendo feitas. A utilização de bandos armados a serviço do latifúndio não é novidade em Rondônia. E não é coisa do passado como alguns imaginam. É a realidade atual no campo que só tem se agravado ao longo dos últimos anos com os latifundiários cada vez mais encorajados a combater a luta camponesa. Nos últimos anos, a falida reforma agrária do governo praticamente não cortou nenhuma terra em Rondônia, enquanto isso o número de camponeses mortos em conflitos agrários só tem aumentado ao lado do aumento da criminalização da luta pela terra e do aumento da impunidade aos crimes do latifúndio. Pior cego é aquele que não quer ver.