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Polícia de Rondônia acusa qualquer camponês que já foi acampado por morte de policiais

Nota da Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
Goiânia, 18 de outubro de 2020

O camponês Charles Aguimar foi preso em Vale do Paraíso, após apresentar-se à polícia ao tomar conhecimento que estava sendo acusado de ter participação na morte dos policiais no distrito de Nova Mutum-Paraná. A Polícia Civil e a PM de Rondônia estão acusando qualquer camponês que já tenha sido acampado ou parado em alguma blitz, mesmo que a blitz tenha ocorrido há vários anos. Charles já está há vários anos morando em Vale do Paraíso com sua família, trabalha de pedreiro e tomou conhecimento que sua foto estava sendo divulgada na imprensa como foragido. Ele procurou a polícia para saber o motivo, já que há vários anos mora em Vale do Paraíso que fica a aproximadamente 500 km de distância de Nova Mutum-Paraná. Mesmo assim Charles foi detido e mantido preso.

Também foi preso o camponês Rogério (macaco), filho da dona Bia e do falecido companheiro Adalto (conhecido como “Febre do rato”). Rogério nunca teve no acampamento, foi preso apenas porque já teve em outros acampamentos, há anos atrás, como no Élcio Machado.

Dentre os acusados existem pessoas que há muitos anos ou nem moram mais em Rondônia ou já são falecidos. Inclusive está circulando um panfleto, em PDF, que os policiais estão compartilhando entre si, em que acusam, além dos casos citados até pessoas que foram assassinadas em 2016.

Estão se movendo processos contra os camponeses que são uma verdadeira aberração jurídica e de violação de direitos elementares. Desde o despejo, sem ouvir as partes e sem dar o prazo recursal para que os camponeses acusados pudessem recorrer, até a ilegalidade de mandados de prisão baseados em achismo, como os absurdos relatados de acusação a pessoas já falecidas há anos.

O que está claro é que a PM-RO está aproveitando a situação para perseguir e criminalizar os camponeses e o direito de lutar pela terra.

Mas por mais que possam perseguir a LCP e os camponeses a luta não vai cessar. Perseguição, prisão, assassinatos e massacres não matam a fome do povo. Somente atendendo os anseios do povo em ter a terra para nela trabalhar e viver, bem como o fim do latifúndio é que se poderá pôr fim aos conflitos e à violência no campo. Todo aparato estatal de repressão colocado a serviço de um latifundiário ladrão de terras públicas como Sebastião Martins, “galo velho”, notório criminoso condenado e preso por falsificação de documentos de propriedade de terras e compra de sentença que dava por produtiva uma fazenda que tinha apenas mata e mato, só aumentará mais a fome, mais desempregados, mais injustiças e mais revolta entre os camponeses.

Todavia os camponeses seguem sua luta em meio a enormes dificuldades, mas a luta é o que lhes restou já há séculos. E mais do que nunca é o único caminho para conquistar seu sagrado direito à terra. É inclusive a única solução ante ao fato de que as cidades não comportam mais gente e a vida de miséria de dezenas de milhões.

Nestes atos do velho Estado brasileiro de latifundiários e grandes burgueses serviçais do imperialismo, principalmente ianque (Estados Unidos), e não somente nos ataques do atual governo militar e do capitão Bolsonaro a suas próprias instituições são ameaças fascistas e demonstração cabal que esta velha democracia só serve aos ricaços, oprime o povo e legitima este apodrecido sistema de exploração dos trabalhadores, dos pequenos e médios proprietários, dos intelectuais honestos e artistas comprometidos com a cultura nacional e popular, sistema de subjugação da Nação aos interesses imperialistas estrangeiros.

Abaixo a demonização e criminalização da luta dos camponeses pela terra!
Terra a quem nela trabalha!
Basta de repressão e massacres!
Conquistar a terra, destruir o latifúndio!
Viva a revolução agrária, morte ao latifúndio!
Viva os camponeses em luta pela terra e a Liga dos Camponeses Pobres!