Reproduzimos abaixo matéria de autoria de Enrico Di Gregorio publicada no portal de notícias A Nova Democracia em 25 de novembro de 2024
Polícia invade acampamento camponês Nova Esperança, em Rondônia
Policiais militares invadiram, sem decisão judicial, o acampamento Nova Esperança, em Nova Brasilândia, Rondônia, hoje (25/11), para despejar as famílias que ocupam o latifúndio Capão da Onça desde o dia 15 de novembro.
Essa é a terceira tentativa de despejo as famílias enfrentam sem decisão judicial. “A polícia chega e tira as famílias e as depejam na Delegacia da cidade ou as abandonam na praça da cidade”, diz uma denúncia, enviada por apoiadores da luta ao A Nova Democracia. “Nenhuma providência é tomada frente a ação ilegal da polícia agindo à serviço do latifúndio”.
Corte Popular
As famílias afirmam que a terra é pública. “O latifundiário só tem o documento de compra e venda. Não tem o título da terra”, comentou um camponês à reportagem.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) se comprometeu, em agosto, a fazer um levantamento dos acampados e um estudo do imóvel, mas ainda não concretizou a promessa, apesar dos indícios de grilagem por parte do latifúndio e das constantes invasões policiais e despejos contra as famílias.
Os camponeses decidiram avançar na organização e estão em contato com a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) para traçar os próximos passos. Uma importante etapa planejada é o Corte Popular (a divisão da terra ocupada entre as famílias, com entrega de título pelos órgãos geridos pelos próprios camponeses, cultivo da terra e construção de casas e outras estruturas). De acordo com os cálculos já realizados, a terra pode ser dividida em 93 lotes de 4 alqueires para cada família.
17 anos de luta
As famílias lutam na região desde 2007. Entre 2007 e 2008, os camponeses ocuparam uma parte do latifúndio ao lado do atualmente ocupado e inauguraram o acampamento Paulo Freire III. Uma intervenção policial despejou as famílias.
Os camponeses voltaram em 2022. Ocuparam a terra, trabalharam o terreno, ergueram os barracos, mas acabaram novamente despejados seis meses depois. A ocupação mais recente já é a segunda de 2024.