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Polícia Militar prende, humilha e tortura trabalhadores na Bahia

Trabalhadores de um “assentamento” foram atacados covardemente pela polícia militar de Ilhéus/BA. É o que denuncia relato de Sérgio Bertoni, que recebemos via e-mail e reproduzimos aqui na íntegra.


Estamos no meio de uma atividade com os Trabalhadores na Indústria moageira do Cacau e fomos procuradores pela liderança do assentamento Dom Helder Camara que foi invadido na noite de sábado pela polícia militar de Ilhéus.

A sede do assentamento foi ocupada por forças armadas, que barbarizaram homens, mulheres e crianças.

Pegaram a líder espiritual do acampamento, a algemaram e a arrastaram até um formigueiro onde ela foi atacada pelas formigas. Tortura primitiva. Os policiais justificaram sua ação com argumentos religiosos, ou seja, a necessidade de tirar o demônio incorporado na companheira e que teriam ido ao acampamento para libertá-los de Oxossi, que estaria no assentamento. Os membros do assentamento são todos negros e pobres, seguidores do Candomblé.

Essa é a tolerância do fundamentalismo cristão dos brancos incorporado ideologicamente por policiais negros. Eles não aceitam outras religiões, principalmente as dos pobres, negros, índios. Lembre-se da canção Haiti de Caetano e Gil…

Fato é que o ataque ao assentamento começou com a prisão de dois jovens na cidade de Ilhéus. Os policiais teriam prometido aos jovens que se eles disserem que no assentamento havia drogas, seriam libertados.

É a criminalização dos movimentos sociais em sua forma mais banal e brutal.

No meio de toda a confusão, o comandante da operação gritava para o líder do assentamento: “Chame Lula agora!”.

Levaram a líder comunitária e espiritual para a delegacia onde ela foi encarcerada em um cela com homens, correndo o risco de ser violentada. Por sorte os presos parecem ter mais dignidade que certos policiais e nada fizeram com a companheira. No distrito diziam para a agredida. “Chame (Jaques) Vagner!!!”

Neste momento os companheiros do Sindicacau (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Moageiras de Cacau) estão acompanhando os assentados agredidos levando-os para fazer exame de coropo delito, registrar boletim de ocorrência na polícia civil e fazer denúncia junto ao Ministério Público.

O episódio de Ilhéus reúne em um só ataque todos os elementos da campanha dos nazi-fascistas: religião, drogas, violência, preconceito, luta de classes e intolerância. Não é por acaso que a única atacada fisicamente seja uma MULHER, NEGRA e Líder religiosa do Candomblé. Voltamos ao tempo da escravidão!!!

Por favor retuitem a história dos assentados em Ilhéus. Espalhem isso para todo mundo. É uma prova real da apelação da direitona fascista e de que há muita coisa em jogo nestas eleições presidenciais.

Sérgio Bertoni   –  Ilhéus, 24.10.2010