PROFESSORES E ESTUDANTES DO IFRO/VILHENA PARTICIPAM DE ATIVIDADES EM CORUMBIARA

Luta camponesa
20 anos de Corumbiara trás em pauta os conflitos agrários de Rondônia.

Instituto Federal de Rondônia quer debater os conflitos agrários do passado e do presente.

Nos dias 08 e 09 de agosto, os camponeses das áreas Renato Nathan, Alzira, Zé Bentão e Maranatã (antiga fazenda Santa Elina em Corumbiara) realizam uma série de atividades para marcar a data dos 20 anos do massacre de Corumbiara ou a “heroica resistência camponesa”, como afirmam os camponeses.

Em 1995 um confronto entre a PM e camponeses resultou na morte imediata de 9 sem-terra e 2 policiais militares. Contudo, há inúmeros relatos de mais mortos, já que muitas denúncias apontaram para a presença de pistoleiros entre os policiais militares e muitos sem-terra estão desaparecidos. À época, D. Geraldo Verdier, bispo de Guajará-Mirim enviou à França, ossos encontrados no acampamento incendiado que meses depois confirmou-se se tratar de ossos de seres humanos.

Desde 2008, com uma nova reocupação da fazenda, os camponeses organizados pelo Comitê das Vítimas de Santa Elina – CODEVISE e Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental – LCP, passaram a exigir o “corte imediado” da fazenda Santa Elina. Em 2010, nova ocupação dos camponeses, resultou na distribuição de lotes sem esperar pelo INCRA, que foi obrigado a reconhecer a posse. Atualmente existem cerca de 700 famílias assentadas e em processo de regularização do assentamento. Na atualidade, mesmo com uma decisão da Corte Interamericana da OEA (Organização dos Estados Americanos), o governo brasileiro não indenizou nenhuma vítima do conflito.

Entre a programação prevista para o dia 08 e 09 de agosto, está uma manifestação nas ruas de Corumbiara, seguida de homenagem aos mortos no conflito e posteriormente outras atividades celebrativas dos 05 anos da ocupação da área. “Nosso intuito é celebrar com o camponeses esse momento, considerando ser um marco na história da luta pela terra em Rondônia”, enfatizou Fábio Brizolla, estudante do IFRO/Vilhena.

PROJETOS DE EXTENSÃO CONTRIBUEM PARA PERMANÊNCIA NA TERRA

Além da visita técnica, que faz parte da integração de atividades de Ensino e Extensão, os estudantes e professores poderão conhecer um pouco mais da realidade dos camponeses e vislumbrar outras possibilidades de pesquisa e atividades de campo para novas atividades futuras. O IFRO já está executando dois projetos de Extensão que incluem, entre outras demandas, o auxílio às comunidades no que se refere a demandas educacionais e de produção agrícola. “Nossa proposta é desenvolver o debate e busca de soluções, agindo conjuntamente, professores, estudante e camponeses”, afirmou o professor Márcio M. Martins, do IFRO/Vilhena, coordenador do Projeto de Extensão História, memória e resistência camponesa de Corumbiara. Também a professora Xênia de Castro Barbosa, através do projeto Terra, Trabalho e Memória pretende fomentar a memória dos conflitos agrários na Fazenda Santa Elina.

Os projetos de Extensão utilizarão o Trailer da Extensão do IFRO, para divulgação, sensibilização e mobilização da comunidade presente nas atividades posteriores. Durante os dois dias que estarão na comunidade professores, pesquisadores e estudantes estarão discutindo com a comunidade formas de organização e participação para solucionar os problemas existentes.

As atividades contam, também, com pesquisadores e estudantes da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, de Porto Velho, Rolim de Moura e Vilhena, dos cursos de Pedagogia, História, Jornalismo, Ciências Sociais e Psicologia. Também delegações de representação de entidades de classe, documentaristas e cineastas, participarão das atividades.