Relembre a luta dos camponeses da Área Revolucionária Gedeon José Duque

Luta camponesa

A luta dos camponeses da área revolucionária Gedeon José Duque tem demonstrado de forma inequívoca a grave agudização da contradição entre massas populares e o sistema latifundiário em nosso país. Após os diversos ataques da pistolagem em conluio com as forças de repressão do Velho Estado, confrontados pela brava resistência dos camponeses, a situação segue tensa e gesta novas batalhas. Relembre aqui a cronologia dos fatos.

No dia 28 de março, pistoleiros sob o mando de Gesulino Cesar Travagine Castro (elemento condenado a 35 anos de prisão em 2023 por ser o mandante da Chacina de Buritis) se instalaram em uma fazenda vizinha à Área Gedeon que seria do pretenso proprietário do imóvel ocupado pelos camponeses. Cerca de 30 paramilitares operando aos moldes do grupo Invasão Zero circularam nos comércios da região ameaçando os camponeses.

No dia 30 de março, os pistoleiros adentraram a mata que circunda a área portando armas de fogo, incluindo fuzis, e dispararam contra os camponeses, atingindo um deles na perna com três disparos de pistola. O próprio Gesulino, esteve na entrada da área queimando placas, faixas e construções dos camponeses, conforme postou em suas redes sociais.

No dia 1º de abril, terça-feira, foram identificadas 8 caminhonetes com homens armados, dentre eles policiais militares da ativa e da reserva, circulando no entorno da área Gedeon.

Na noite do dia 08 de abril, latifundiários estavam convocando uma “carreata” para o dia seguinte na linha onde fica a sede da fazenda do latifúndio ocupado.

No dia 09 de abril, pistoleiros fortemente armados do grupo “Invasão Zero”, acompanhados de latifundiários e policiais militares, invadiram a área Gedeon e parte de áreas vizinhas e atacaram as famílias que lá viviam, ao arrepio da lei e sem nenhum mandado de reintegração. Cobertas por um helicóptero da PM, cerca de 15 caminhonetes (identificadas como da polícia ou de latifundiários) entraram atacando e atirando indiscriminadamente nos camponeses, incluindo mulheres e crianças, que tiveram de correr para se abrigar na mata. As famílias foram caçadas e seus barracos, produções, animais e demais pertences foram queimados e destruídos.

No mesmo dia, a polícia apreendeu 6 armas de fogo e algumas dezenas munições de integrantes do grupo “Invasão Zero” na região, como uma encenação para acobertar os pistoleiros que estavam na mata atacando os camponeses com armamento em quantidade muito maior.

No dia 10 de abril, os pistoleiros e a PM fizeram um arrastão invadindo a casa de camponeses na Área vizinha Gonzalo, ameaçando e agredindo vários moradores, chegando a ameaçar de morte um casal de idosos.

Nos dias 12 e 13 de abril realizou-se a Missão de Solidariedade organizada pelo CEBRASPO em conjunto com diversas entidades e personalidades democráticas de Porto Velho.

No dia 25 de abril, os camponeses voltaram para a Área Gedeon para tentar recuperar seus pertences de valor e encontraram com o bando do Gesulino derrubando toda a mata do local, inclusive a reserva, como forma de tentar dificultar o retorno dos camponeses às suas terras. O bando atacou novamente os camponeses com disparos de arma de fogo, mas a autodefesa dos posseiros reagiu e os camponeses saíram ilesos. Um derrubador contratado pela pistolagem foi ferido pelos próprios pistoleiros, que saíram em debandada.

No dia 27 de abril, viaturas da Polícia Militar do Estado de Rondônia, do Patrulhamento Tático Motorizado (Patamo) e caminhonetes descaracterizadas realizaram incursões em volta das Áreas Revolucionárias Gedeon, Valdiro Chagas e Gonzalo 1 e 2.

No dia 28 de abril, camponeses dessas mesmas áreas vizinhas tiveram seus lotes invadidos e foram torturados pela pistolagem de Gesulino.

No dia 15 de maio aconteceu em Porto Velho o evento de lançamento do relatório produzido pelo CEBRASPO na Missão de Solidariedade, que contou com a presença de entidades e personalidades democráticas como: Grupo de Pesquisa em Gestão do Território e Geografia Agrária da Amazônia (GTGA/UNIR), Ouvidoria da Defensoria Pública do Estado de Rondônia, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO), Associação Brasileira de Advogados do Povo (ABRAPO), Comitê de Apoio ao AND de Porto Velho, HISTEDBR-UNIR, Executiva Rondoniense de Estudantes de Pedagogia (ExROEPe) e Diretório Central de Estudantes (DCE-UNIR). Os participantes criaram o Comitê de Apoio à Luta pela Terra – Rondônia (CALT-RO) e têm organizado atividades de solidariedade como arrecadação de roupas, alimentos e dinheiro para destinar aos camponeses. Contribuições financeiras podem ser feitas através do link:

https://benfeitoria.com/projeto/solidariedade-aos-camponeses-da-area-gedeon-jose-duque-ro-1ybn