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Seminário debate a produção nas áreas da Revolução Agrária

Nos dias 16 e 17 de janeiro a LCP realizou o seminário “A produção nas áreas da Revolução Agrária”, nele participaram camponeses das áreas José e Nélio, Oziel Nunes, Raio do Sol, Capivari, Terra Boa, João Batista, Corumbiara, Canaã, Rio Alto, Sol Nascente, Gonçalo, Jaru, Jacinópolis e Jacinópolis 2. Além de professores, estudantes e apoiadores. Ao todo mais de 70 pessoas estiveram presentes.
Durante os dois dias os participantes debateram a situação atual da luta pela terra com o aumento da criminalização e repressão ao movimento camponês em todo país, principalmente na região amazônica. Foi avaliado que este cerco repressivo se dá em função do avanço da luta camponesa e suas importantes conquistas. Na abertura do seminário foi realizada uma homenagem aos camponeses Élcio Machado e Gilson Teixeira Gonçalves assassinados em dezembro de 2009.

Outro ponto debatido foi o balanço das principais lutas no ano de 2009 em que se destacaram a formação das Assembleias Populares – AP e seus Comitês de Defesa da Revolução Agrária em algumas áreas, os cortes populares e entrega de certificados de posse da terra e o crescimento da produção.

Os relatos apontaram que onde funcionaram as AP ocorreu a melhoria das condições de vida, com a construção de escolas, estradas, pontes, produção, alfabetização, celebrações, festas etc. Ou seja, onde os camponeses se organizaram e debateram os problemas eles foram resolvidos de forma coletiva.

Nos relatos vários camponeses ressaltaram ter chegado nos acampamentos com quase nada, muitos com a roupa do corpo e hoje estão se sustentando com muito trabalho e esforço, muitos construíram casas e possuem criações e lavoura. Também muitos disseram da importância de entrar e cortar a terra por conta e iniciar a produção. A opinião geral foi de que onde os camponeses cortaram por conta vivem melhor do que aqueles que esperam pelo Incra em barracos de lona e dependendo de cesta básica.

Toda a produção nestas áreas é feita com poucos recursos e na base da ajuda mútua e arrecadação com apoiadores e simpatizantes, sem financiamento de bancos e Ongs que na verdade só servem para endividar os camponeses que no fim acabam perdendo a terra.

Os números recolhidos pela organização do seminário mostram o que todos já sabem, quando a terra do latifúndio é cortada e entregue aos camponeses se transforma imediatamente em terra produtiva. Só na área José e Nélio a produção de 40 famílias deve atingir este ano 128 mil pés de café, 20 mil pés de banana, 7300 de urucum, 5900 de mandioca, 7000 de cacau, vão colher 2200 sacos de arroz e mais de 3500 sacos de milho além de diversas frutas e legumes. Também em outras áreas a produção foi maior que no ano passado.

Muito importante foram os relatos sobre o funcionamento dos Grupos de Ajuda Mútua (GAM) que realizam troca de dias de trabalho e se organizam para derrubar, roçar, plantar e colher, além de se organizarem para construir obras que servem a toda coletividade. Os GAM funcionaram em quase todas as áreas com grupos pequenos de famílias, amigos ou vizinhos de lote resultando no aumento da produção quando comparado com a produção individual, os camponeses que trabalham desta forma conseguem plantar e colher muito mais.

Com o seminário a LCP buscou discutir a necessidade de melhorar o planejamento da produção em cada área, prevendo os problemas do plantio, colheita, transporte, armazenamento e comercialização dos produtos para buscar sua solução e também impulsionar a criação de Grupos de Ajuda Mútua e seu funcionamento permanente. As discussões e definições do seminário serão levadas a todas as áreas até o mês de maio.