No último dia 05 de setembro, a Polícia Civil de Rondônia iniciou a “Operação Chave” com a prisão temporária de 5 camponeses do Acampamento Enilson Ribeiro*, em Seringueiras, município rondoniense, localizado na microrregião de Alvorada d’Oeste. Foi mais um capítulo do terrorismo de Estado que o governador Confúcio Moura / PMDB, serviçal dos latifundiários de Rondônia, comete contra camponeses em luta pela terra.
Segundo a página oficial da Polícia Civil, a operação foi coordenada pelos Delegados Júlio César, William Sanches, Silvio Hiroshi e Henrique Bittencourt e contou com policiais civis de São Miguel do Guaporé, Seringueiras, Alvorada d’Oeste e São Francisco do Guaporé. E ameaçaram realizar mais prisões nos próximos dias. Os trabalhadores presos são acusados de associação criminosa, esbulho possessório, tortura, tentativa de homicídio, corrupção de menores, incêndio, dano qualificado, roubo e crimes ambientais.
No último dia 09, uma advogada popular visitou os camponeses presos e constatou várias arbitrariedades. As ordens de prisões não constavam no sistema do Tribunal de Justiça; quando prenderam os camponeses, os policiais não apresentaram os mandados, apesar da Polícia Civil afirmar que eles foram expedidos pelo juízo da comarca de São Miguel do Guaporé.
Claudeir Cleres Barros foi preso na casa de sua ex-esposa quando visitava os filhos. Logo cedo, policiais civis cercaram a casa, prenderam-no e vasculharam toda a casa e arredores procurando armas. Ele foi acusado de ser o mandante e responsável pelos danos ocorridos na fazenda Bom Futuro. A polícia divulgou fotos de Claudeir em alguns sítios da internet, afirmando que ele é liderança da LCP e que praticou diversos crimes. Edicarlos Germiniano dos Santos e Jederson de Oliveira foram presos no acampamento provisório, na Área de posseiros Paulo Freire IV, em Seringueiras. Jorge Schuvnck foi preso apenas pelo fato de camponeses terem pegado ônibus para ir ao acampamento em frente de sua casa. Policiais acusaram-no de mobilizar famílias para a ocupação.
Os quatro trabalhadores estão presos no presídio de São Miguel do Guaporé.
Renata Fernandes Machado, acampada de 22 anos, mãe de duas filhas pequenas, também foi presa no acampamento. Covardes, os policiais gritaram com ela, coagiram-na para identificar a advogada dos camponeses como comandante da LCP; apresentaram a letra da canção de luta “O risco” e exigiram que ela cantasse, o que foi recusado pela trabalhadora. Ela está presa na Casa de Detenção de Alvorada.
Durante os interrogatórios, delegados e policiais queriam saber quem os mandou entrar na terra, quem eram os líderes do acampamento e da LCP, quais as armas que os acampados possuíam, quem derrubou casas e curral da fazenda, quem gradeou o pasto, matou gado e atirou na polícia. Apresentaram fotos de diversos camponeses na entrada da fazenda e perguntaram o que faziam, se eram lideranças. Mostraram foto do camponês Enilson Ribeiro, assassinado em Jaru, em janeiro deste ano.
Delegados e policiais perguntaram o que o procurador do MPF, Dr. Raphael Bevilaqua, disse quando participou de uma reunião com os camponeses no acampamento. Mostraram fotos da advogada dos camponeses, inclusive uma com sua filha, e questionaram se ela comandava o acampamento e se ordenou as destruições na fazenda. Informaram que havia mandado de prisão contra esta advogada, que ela seria presa em breve e que sua cabeça está a prêmio.
Delegados e policiais falaram que não desistirão das terras, voltarão na área, prenderão todos acampados para não sobrar ninguém na região, acabarão com o acampamento até o fim de setembro. Confessaram que há 18 pistoleiros na fazenda, que a cada dia chegam mais para proteger a propriedade, atirar nos camponeses, matar as lideranças da LCP e a advogada. Disseram que o pistoleiro Davi Teixeira, preso no dia 30 de agosto foi contratado para assassinar Claudeir e a advogada dos camponeses.
Lutar pela terra não é crime
Assim como a PM, a Polícia Civil usou sua página na internet para criminalizar os camponeses em luta pela terra e para esconder o fascismo da gerência Confúcio / PMDB. E