No dia 24 de fevereiro cerca de 500 camponeses marcharam pelas ruas de Ariquemes agitando bandeiras, faixas, cartazes e produção. Denunciaram o terrorismo dos latifundiários e seus bandos armados que agem impunemente e com total cobertura de policiais e outras autoridades do estado, que nos últimos meses tem intensificado como nunca os despejos, a perseguição, ameaças, tortura, sequestros, desaparecimentos e assassinato de lideranças camponesas.
Participaram camponeses das áreas 10 de maio 1 e 2 (município de Buritis), Monte Verde e Luiz Carlos (município de Monte Negro), Canaã, Raio do Sol, Renato Nathan 2, Nova Estrela, Terra Prometida (município de Ariquemes), Bacuri (município de Rio Crespo), Rancho Alegre 1 e 2 (município de Pimenta Bueno) e área Zé Bentão (Corumbiara). Também estiveram presentes professores, estudantes, advogados e representantes de organizações e entidades democráticas de vários lugares de Rondônia e outros estados do país. Entre os manifestantes estavam parentes e companheiros de Enilson, Valdiro, Lucas, Renato Nathan, Zé Bentão e tantos outros líderes e apoiadores da luta camponesa.
Logo no começo da manifestação a polícia militar do coronel Ênedy reuniu um grande contingente de viaturas e policiais. Durante todo tempo a pm provocou e ameaçou os manifestantes, mas os camponeses não se intimidaram e continuaram a marcha entoando canções de luta e palavras de ordem. Num dado momento uma viatura quase atropelou um camponês e em seguida policiais tentaram prendê-lo, porém não conseguiram porque os manifestantes firmemente impediram mais essa arbitrariedade.
A manifestação foi muito bem recebida pela população e comerciantes de Ariquemes que ouviram com atenção as intervenções e leram os panfletos. A pm aplicou multas exorbitantes e descabidas ao proprietário do carro de som numa clara demonstração de perseguição aos apoiadores da luta do povo.
Na frente do fórum os camponeses expuseram mandioca, milho, inhame, feijão, arroz, abóbora, quiabo, limão, banana, cana, coco e muito mais amostras da rica produção camponesa, que abastece mais de 70% da mesa dos brasileiros. Motoristas paravam seus veículos e recebiam os alimentos direto das mãos calejadas de quem os produziu.
Os juízes que mandam despejar famílias camponesas que vivem e tiram seus sustento há anos dessas terras, são os mesmos que acobertam e favorecem a grilagem de terras da União, pelos latifundiários, esses sim invasores e verdadeiros ladrões de terra. Alguém já viu algum grande fazendeiro ser despejado das terras que não têm documento nem lhe pertencem? Como sempre dois pesos, duas medidas.
Só a luta por conquistar a terra, varrendo o secular latifúndio e entregando a terra aos camponeses sem terra ou com pouca terra, seus verdadeiros e legítimos donos, pode mudar essa realidade.
Mesmo todo terrorismo e covardia criminosa dos latifundiários com seus bandos de assassinos a soldo, acobertados por agentes do Estado, por governos e juízes mercenários, não pode parar a luta pela terra.