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Viva os 9 anos da Área Paulo Freire 4!

No dia 22 de setembro, centenas de camponeses da Área Paulo Freire 4, no município de Seringueiras, celebraram 9 anos de ocupação, resistência, corte popular das terras do latifúndio, produção, a conquista da terra e de uma vida digna. Também participaram representantes dos Acampamentos Terra Nossa (do município de Cujubim), Jhone Santos (Ji Paraná) e Enilson Ribeiro (Seringueiras), bem como professores, estudantes e advogados de Porto Velho e Jaru. Ainda estiveram presentes representantes da Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres e da Abrapo – Associação Brasileira de Advogados do Povo.

Pela manhã, cerca de 70 pessoas andaram pelas ruas de Seringueiras, empunhando faixas, bandeiras, gritando palavras de ordem e entoando músicas de luta. Foram distribuídos um jornal feito pelos moradores da Área Paulo Freire 4 com um histórico da sua luta e com um levantamento detalhado da farta produção camponesa. Os camponeses gritavam com muito orgulho: “Se o camponês não planta, a cidade não almoça nem janta!” Comerciantes e a população em geral expressaram apoio, pois sabem que a economia das cidades de Rondônia gira em torno da produção camponesa em acampamentos e áreas de posseiros. Muitos reconheciam entre os manifestantes vários feirantes que vendem o excedente de sua produção na feira de Seringueiras, que cresceu muito nestes anos, graças às famílias que conquistaram o latifúndio Riacho Doce. Os manifestantes também deram vivas ao Acampamento Enilson Ribeiro, no mesmo município, alvo da repressão fascista por parte do latifúndio e do velho Estado nos últimos meses.

De volta à área, foi feito um ato político no barracão da associação, recém construído pelos camponeses. Vários camponeses e apoiadores parabenizaram a luta das famílias da Área Paulo Freire 4, do Acampamento Enilson Ribeiro e destacaram que a Revolução Agrária é o único caminho para o camponês exercer o direito sagrado à terra e para iniciar mudanças verdadeiras em nosso país. Em seguida, deu-se início a um almoço farto, com churrasco e refrigerante, tudo arrecadado e produzido coletivamente.

Todas as atividades corriam em paz, quando a polícia militar fascista de Confúcio Moura / PMDB e Ênedy Dias fizeram uma blitz no começo da linha 2 de maio, onde se localiza a Área Paulo Freire 4. Os policiais pararam todos que passavam, revistaram, perguntaram aonde iam e ameaçaram que naquele dia prenderiam os membros da LCP. A moto de um camponês foi apreendida.

Assim que souberam, os camponeses que estavam celebrando a luta, se reuniram para reclamar da ação provocativa das forças de repressão do velho Estado. Homens, mulheres, jovens e crianças, que se deslocaram em motos, carros e num caminhão, pediram aos policiais para pararem com a blitz, pois os camponeses não são bandidos, são trabalhadores. Os policiais pediram reforços e dispararam tiros de pistola contra os camponeses, que responderam avançando contra as forças repressivas, com pedras, paus e a revolta acumulada de quem foi despejado 8 vezes pela polícia. Em todos os despejos violentos, policiais destruíram as casas, roças e criações das famílias, chegaram a atirar com munição de borracha contra mulheres grávidas e crianças, não permitiram que um camponês fosse à cidade buscar o remédio para seu pai que acabou falecendo e não fez nada diante do assassinato de dois acampados.

Os policiais se retiraram da estrada, diante da massa combativa. Dois camponeses foram atingidos de raspão, e várias cápsulas deflagradas da polícia foram recolhidas pelos trabalhadores.

Os latifundiários e seus serviçais no velho Estado querem que os camponeses abaixem a cabeça para eles seguirem explorando e oprimindo. A riqueza do latifúndio vem do suor e sangue camponês. De norte a sul do país, o povo tem elevado sua consciência e organização e como diz o hino da Conquistar a Terra: “Quem gosta de nós somos nós, e aqueles que vem nos ajudar. Por isso confia em quem luta a História não falha, nós vamos ganhar!”

Breve histórico da Área Paulo Freire 4

No dia 22 de setembro de 2207, camponeses iniciaram o Acampamento Paulo Freire 4, tomando a fazenda Riacho Doce, de 2.500 hectares, distante 4 quilômetros de Seringueiras. São terras públicas, griladas pelo latifundiário Sebastião Péder, conhecido como Tião Terboi, que se dizia dono. Ele é muito conhecido na região por acumular suas terras grilando de camponeses e seringueiros pobres, soltando gado nas lavouras e contratando pistoleiros para atacar os trabalhadores.

Os camponeses cortaram as terras por conta e distribuíram para mais de 80 famílias que logo iniciaram a construção de casas e estradas, plantação de roças e hortas, criação de vários tipos de animais. A produção camponesa ajuda a abastecer a cidade de Seringueiras, tudo sem nenhum centavo dos governos. Os camponeses mudaram a cara do lugar onde antes só tinha gado para exportação e terminaram conquistando o apoio de trabalhadores, comerciantes e democratas da cidade.

Este é um exemplo das conquistas da Revolução Agrária. É muito importante divulgarmos a vitoriosa resistência camponesa da Área Paulo Freire, especialmente neste momento em que mais e mais brasileiros rechaçam as eleições podres e corruptas e buscam um caminho para mudarem verdadeiramente suas vidas e o país.

Viva a Revolução Agrária!

O povo quer terra, não repressão! Tomar todas as terras do latifúndio!

Abaixo a corrupção e a farsa eleitoral! Fora Temer, PMDB, PT, PSDB, e todos partidos eleitoreiros!

Jaru, 29 de setembro de 2016

 LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental