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Latifundiário rondoniense deve à união e se assanha em campanha eleitoral antecipada

Publicado originalmente por Taís Souza em anovademocracia.com.br

Bruno Scheid, um latifundiário rondoniense pouco notável, esteve recentemente no Palácio do Planalto no dia 7 de março. O fascista Bolsonaro o recebeu no Palácio do Planalto juntamente a outros representantes do latifúndio no encontro que não constava na agenda oficial mas mesmo assim contou com a participação de Tereza Cristina, Ministra da Agricultura e Paulo Guedes, Ministro da Economia.

Denunciando supostas injustiças cometidas contra ele e “sua propriedade”, Bruno fez juras de compromisso com Bolsonaro e sua já anunciada campanha à reeleição. Contudo, omitiu durante o encontro que deve R$ 482.191,46 em impostos à União. O que poderia ser mais uma das inúmeras ações de benesses cedidas ao latifúndio pelo velho Estado, foi também mais uma ação de um agitador aliado do fascista Bolsonaro e entusiasta do golpe contrarrevolucionário propalado pelo capitão. O apoio de setores do latifúndio de Rondônia se soma a outras ações (já denunciadas pelo AND) de preparação de uma grande guerra reacionária contra os camponeses pobres, planificada pelo Alto Comando das Forças Armadas.

As dívidas de Scheid

O latifundiário bolsonarista é ferrenho defensor dos princípios morais imaculados que supostamente regem esta horda. O cinismo das classes dominantes é, contudo, exposto quando constatamos que Bruno Scheid faz parte do grupo que pratica impunemente a inadimplência fiscal (ou seja, o não pagamento de impostos) em escalas exorbitantes em nosso País. Além do montante de cerca de R$ 500 mil em impostos não pagos, segundo informações apuradas pelo portal Metrópoles junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Scheid também foi sócio da ABS Comércio de Móveis e Representação Comercial LTDA, com sede em Pinheiros, bairro de São Paulo, até dezembro de 2010. Esta empresa possui dívida de R$ 835.559,02 em débitos tributários e passivos previdenciários.

Mesmo assim, o latifundiário, com sua cara de pau, já afirmou em suas redes sociais que estava “movido pela dignidade de ser um cidadão comum” quando reivindicou melhorias para a BR-429. Nesta ocasião ele definiu como cidadãos comuns como “gente que paga seus devidos impostos e que por isto tem o direito de usufruir de estradas melhores”. Ora, se assim for, Bruno Scheid não é um cidadão, pois está excluído deste grupo que paga os impostos. Deste grupo (ao qual ele não faz parte) está a imensa parcela da população brasileira que enfrenta a carestia geral, além de não poder contar com o perdão de dívidas com a União e nem poder sonegar impostos sem sofrer as consequências.

Inimigo declarado dos camponeses

Durante o encontro, o latifundiário destilando sua satisfação com o avanço da repressão contra os camponeses. Scheid afirmou que “com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, as pessoas do campo voltaram a ter dignidade e respeito. As invasões acabaram e passamos a ter o direito de defender nossas propriedades”. Além de ser mentira que as invasões acabaram, o que Bruno chama de “direito a defender a propriedade” é o direito ao latifúndio roubar terras da União e utilizar todo tipo de violência reacionária contra os camponeses que lutam por um pedaço de terra para viver e trabalhar – algo que a própria Constituição do velho Estado diz defender.

O próprio Bruno Scheid já foi acusado de cometer crimes contra o povo. No ano de 2012, em Alvorada d’Oeste, o reacionário teria atirado contra camponeses e em 2015, foi absolvido por falta de provas.

O que o latifundiário busca, finalmente, é ter cada vez mais respaldo dos “poderosos de Brasília” – verdadeira casta de parasitas que sobrevivem à custa do sangue e suor do povo – na sua prática anti-camponesa.

Passe livre aéreo

Como parte da minoria que explora e oprime o povo, Bruno Scheid também desfruta das benesses dos que se aliam às classes dominantes. Entusiasta que é do governo de Bolsonaro e generais, o latifundiário faz o uso de aeronaves institucionais, mesmo sem ter cargos no governo. O passe livre aéreo foi inclusive divulgado pelo próprio quando fez registros emocionados em suas redes sociais durante uma visita ao gabinete de Bolsonaro. Nesta ocasião, sobrevoou Brasília a bordo do helicóptero presidencial, em 06/09/21, durante os preparativos para as manifestações da extrema-direita de 7 de setembro.

O bolsonarista também participou da comitiva do encontro do presidente fascista do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente reacionário do Peru, Pedro Castillo em 03/02/22. Na ilustre companhia do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, o representante do latifúndio foi de Brasília até Rondônia. Certamente não teve muito a contribuir no encontro.

Quem paga a banda?

Bruno Scheid compartilhou imagens de Valdemar Costa Neto para anunciar que entrou no PL. Valdemar, junto com Flávio, coordenam a preparação da campanha eleitoral. Por mais que negue, Bruno Scheid é apontado como o responsável por arrecadar fundos para a campanha de reeleição de Bolsonaro até mesmo por outros latifundiários. Este seria um ponto de divergências com outros apoiadores do fascista, pois na campanha de 2018 tal financiamento não se deu de maneira centralizada.

Ele também ostenta sua relação com o presidente e seus filhos e esposa. De acordo com a denúncia, o latifundiário por vezes liga para Michele Bolsonaro durante conversações sobre a campanha eleitoral, colocando o telefone no modo de auto-falante para se credibilizar com as palavras de apoio proferidas pela primeira-dama.

Como já dito por tantas vezes neste jornal, quem paga a banda escolhe a música. Assim segue a íntima relação deste setor do latifúndio rondoniense com o fascista Bolsonaro marchando em direção aos planos mais abjetos do Alto Comando, se colocando como “inimigo número um” dos camponeses em luta pelo sagrado direito à terra.