Orowao Pandran, Guerreiro Canoé Oro Mon, Presente na luta!

“No fundo, amanheci com saudades, pois queria mesmo era sentar-me ao seu lado e contar-te de tudo que tenho visto acontecer com nosso povo. Sabia que a perseguição insiste? O motivo continua o mesmo: ganância.”

Orowao Pandran Canoé Oro Mon

O guerreiro indígena Orowao Pandran Canoé Oro Mon faleceu no último dia 27 de janeiro, sendo uma das milhares vítimas do contágio por COVID-19 e do gerenciamento do capitão genocida Jair Bolsonaro, dos generais e seus galinhas verdes apoiadores. Pandran, como era conhecido, era o único filho do sexo masculino de uma liderança indígena Canoé e de um indígena Wari’, do subgrupo, OroNao. Nasceu na Terra Indígena Sagarana, município de Guajará-Mirim/RO.

Uma docente da UNIR, do campus de Guajará-Mirim, denunciou em redes sociais que “Durante todos esses dias em que ele esteve internado eu acompanhei a luta e o sofrimento dos familiares… Revolto-me por saber que Pandran não teve o atendimento necessário e pereceu. Somente hoje [dia 27], conseguiram transferi-lo para um Hospital onde havia o equipamento de hemodiálise… Mas foi tarde demais”, desabafou. Pandran foi estudante do curso de Gestão Ambiental da UNIR de Guajará-Mirim e atualmente era mestrando em Letras pela mesma Instituição e pesquisava as “Narrativas Tradicionais do Povo Indígena Oro Mon”.

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de RondÇonia (DCE/UNIR), divulgou NOTA DE PESAR pelo falecimento de Pandran, uma vez que ele “sempre ressaltava a importância e necessidade da realização de sua pesquisa para a memória de sua cultura, por mais que os moldes da universidade fossem insuficientes para sua capacidade e não atendessem de fato os interesses do povo, seu povo”, e ainda “trazia latente a ferida das agressões sofridas contra os povos indígenas, os massacres e etnocídios contra culturas inteiras, a perseguição religiosa entre tantas violências. Dava grande importância para que os estudantes indígenas conseguissem se organizar dentro da Universidade de forma combativa e independente”. A entidade máxima dos Estudantes da UNIR exulta a trajetória de luta de Pandran, pela sua contribuição ao fortalecimento do Movimento Estudantil combativo com o qual lutou ombro a ombro contra as posições imobilistas e “era grande apoiador da construção de um DCE de luta que ele ajudou a tirar do pântano”.

Segundo o DCE/UNIR, Pandran, legítimo representante dos povos originários deste país, “Sempre deixava expresso seu sentimento de orgulho e honra pela trajetória de luta de seus avós, pais e irmãs, suas batalhas em defesa de seu povo, sua família e suas origens assim como tinha a paciência de compartilhar o que sabia. Com uma mágoa tratava do fato de ter que sair de sua terra pra aprender outro modo de vida para ajudar os seus a sobreviver, era um gigante contribuinte na luta, compreendia a importância da unidade de todos os lutadores e lutadoras do povo em especial no que concerne a luta pela terra e por direito a vida”. Pandran, junto com inúmeros parentes, atuou cotidianamente nas lutas dos povos indígenas em Rondônia, mas também em mobilizações nacionais.

A população indígena – sobretudo as que vivem no contexto urbano – conjuntamente com o povo pobre de Rondônia padece sem atendimento médico, num contexto de aumento de infectados e mortos por COVID-19, enquanto os gerentes genocidas seguem sua sanha de atacar camponeses, indígenas, quilombolas e ribeirinhos.

O atual gerente de turno, Marcos Rocha, seu secretário Fernando Máximo, querem transferir suas responsabilidades para uma suposta falta de médicos, num momento em que chovem denúncias de vacinas desviadas, falsificação de relatórios e de dados sobre a real situação da pandemia.

Este velho Estado genocida burguês-latifundiário tem como objetivo exterminar os mais pobres através do sucateamento da saúde pública ou expulsando camponeses, indígenas, quilombolas e ribeirinhos de seus territórios.

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