SEMINÁRIO DENUNCIOU ASSASSINATOS DE INDÍGENAS E CAMPONESES NO BRASIL

Luta camponesa

Evento celebrou os 22 anos da Resistência Camponesa de Corumbiara

Cerca de 140 pessoas participaram do Seminário 22 anos da Resistência de Corumbiara e os Conflitos Agrários na atualidade realizado no último dia 30 de agosto na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em Porto Velho/RO. O Auditório da DIRED/UAB, no Campus da UNIR, ficou lotado. O evento foi organizado pela Associação Brasileira de Advogados do Povo – ABRAPO e Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – CEBRASPO. Além dos organizadores, compuseram a mesa a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental – LCP, o Movimento dos Atingidos por Barragem – MAB, A Comissão Pastoral da Terra – CPT e o Conselho Indigenista Missionário.

Na abertura do Seminário, o Comitê do Jornal A Nova Democracia exibiu o documentário Terra e Sangue — Bastidores do Massacre de Pau D’Arco. O curta-metragem impactou os presentes, sobretudo a partir do depoimento dos camponeses. Estiveram presentes ao Seminário, advogados e professores da Área de Direito, além de outros professores da Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Camponeses de áreas camponesas da LCP e lideranças indígenas também deram seus depoimentos sobre a violência praticada pelo Estado e pelo latifúndio.

O centro das intervenções das organizações que compuseram a mesa foi o de externar a necessidade das organizações democráticas e intelectuais honestos denunciarem o processo crescente de fascistização existente em nosso país. Este processo se dá de forma institucionalizada a partir da ação do Judiciário e, como no caso de Pau D’Arco, da Polícia Militar que persegue e criminaliza camponeses; bem como por bandos armados de pistoleiros que agem sob a proteção estatal. Assassinatos como de Nicinha (2016), liderança do MAB-Rondônia, continuam impunes.

As organizações presentes também afirmaram que a repressão não parará a luta pela terra. Esta afirmativa partiu da análise que em momentos onde ocorreu o recrudescimento da repressão, como foi o caso de Corumbiara/RO (1995), Eldorado dos Carajás/PA (1996) ou mesmo Pau D’Arco/PA e Colniza/MT neste ano, tal repressão só gerou e gera mais sede de vingança dos camponeses e isto estimula sua organização para tomar as terras do latifúndio. O processo crescente de avanço do latifúndio nas terras de Rondônia e as grandes obras de infraestrutura como as Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau aumentaram ainda mais as contradições e violência no campo.

SÓ A REVOLUÇÃO AGRÁRIA VAI ENTREGAR TERRAS AOS CAMPONESES

As denúncias de crimes do latifúndio e do Velho Estado foram feita cara-a-cara na presença de policiais que estavam à paisana. Em Rondônia, inúmeros policiais militares são acusados de pertencer a grupos de extermínio e atuarem na organização da pistolagem e Isto é fato. Sem se intimidar a Liga dos Camponeses Pobres conclamou a todos os presentes a tomar todas as terras do latifúndio através de uma Revolução Agrária, parte da Revolução Democrática, ininterrupta ao Socialismo.

A luta dos indígenas, atingidos por barragens, ribeirinhos, quilombolas e camponeses é uma luta contra o Velho Estado burguês latifundiário que quer expulsá-los de suas terras. No caso dos povos indígenas, denunciou-se a disposição do gerente de turno, Michel Temer, de rever todos os processos de demarcação de Terras Indígenas, para atender a sua base de sustentação no Congresso de Bandidos, principalmente a bancada de latifundiários.

No encerramento do Seminário, a ABRAPO saudou os advogados e estudantes de Direito presentes ao evento e conclamou a todos a se somarem na estruturação de um núcleo local de Advogados do Povo para dar sustentação jurídica às diversas lutas do Campo e da Cidade.