Camponeses atacados por bandos armados do Catâneo

Família camponesa que escapou apenas com a roupa do corpoO acampamento Conquista da União, localizado no município de Campo Novo, foi atacado no dia 9 de abril, por cerca de 30 pistoleiros fortemente armados, com coletes a prova de balas, coturno e capuz preto. Diante do ataque covarde os camponeses saíram correndo sob disparos, deixando todos seus pertences para trás. Segundo nos relataram os camponeses, os pistoleiros gritavam “aqui é a turma do Amorim”, denunciando a já conhecida ligação de políticos rondonienses com crimes de pistolagem e grilagem de terras públicas.

No acampamento, estavam mais de 300 pessoas entre crianças, idosos, homens e mulheres, inclusive uma grávida de 8 meses que lutavam por um pedaço de terra para produzirem e terem uma vida digna. Um senhor de idade teve que retirar-se mancando e outro ainda se machucou numa queda de moto enquanto tentava salvar uma mulher e suas crianças.Outro homem passou mais de 12 horas dentro de uma lagoa para não ser executado.

Marcas de tiros como esta foram encontradas por todo o acampamentoA polícia só foi aparecer no local no dia 10, mais de 30 horas depois do ataque! O genro do Catâneo, Edson Luis Liutti assumiu na frente da polícia ambiental para uma comissão, com representantes da CPT e Ouvidoria Agrária, que seus pistoleiros despejaram as famílias atirando “pra cima”. A única ação da polícia foi apreender cerca de 20 motos que ficaram no acampamento destruído.

O representante da CPT, Padre Afonso, que esteve na área atacada com representante da Ouvidoria Agrária já no dia 10, viu com os próprios olhos o que os camponeses da região de Jacinópolis sentem na pele. Ele declarou em nota após sua ida à região, que as autoridades policiais só se preocupam em reprimir os camponeses e nem mencionam os pistoleiros fortemente armados dos latifundiários.

Após expulsarem as famílias, os pistoleiros queimaram barracos com roupas, documentos pessoais e mantimentos, que muitas famílias tinham acumulado para passarem um, dois e até três meses. Camponeses que voltaram ao acampamento para tentar Pistoleiros assassinam camponeses e autoridades não tomam providênciasrecuperar suas motos foram recebidos a bala pelos pistoleiros. Jornalistas e advogados também foram impedidos de entrar na área para apurar os fatos.

Depois do ataque os camponeses ficaram ao relento nos esqueletos dos barracos do antigo acampamento, na linha 02 próximo à BR 421, só com a roupa do corpo e se alimentando graças à ajuda de moradores do local.

Antes do ataque o INCRA declarou que as terras pertencem a União e foram griladas pelo Catâneo.

Este ataque covarde veio logo após odiosa campanha da revista IstoÉ e imprensa local a serviço dos latifundiários que taxava os camponeses como guerrilheiros perigosos, atiçando a repressão.

Cadastro do INCRA gera mais revolta em Buritis

Edson Dutra Barros: assassindo por pistoleiros da família CatâneoApós estes episódios o INCRA foi a região escoltado pela polícia para distribuir cesta básica e prometendo assentar as famílias.No dia do cadastramento realizado em Buritis mais de 500 pessoas compareceram, os representantes do INCRA disseram que não teria vagas para todos, o povo se revoltou e ameaçou invadir a sede do INCRA local. O forte aparato repressivo que atua na região veio logo em socorro dispersando os camponeses com violência.

Esta é a velha jogada do INCRA, promete assentar para desmobilizar as famílias, dividi-las e jogá-las umas contra as outras.

Pistoleiros do Catâneo assassinam trabalhador

No dia 29 de abril, seis pistoleiros da família Catâneo atacaram camponeses do acampamento Conquista da União que estavam em cima de um caminhão, passando pela linha 02, no município de Campo Novo.

Os pistoleiros com armas de grosso calibre pararam o caminhão e começaram a atirar.

O motorista do caminhão, Edson Dutra Barros foi gravemente ferido com um tiro na barriga que vazou em suas costas e veio a falecer no hospital público da cidade de Buritis. Edson tinha 51 anos, foi vereador em Alvorada D’Oeste em 1996 e era pré-candidato a vereador pelo PT em Buritis. Deixou esposa e seis filhos. Ele era muito querido e as pessoas lotaram seu funeral em Buritis.

O conflito agrário existente no local é notório e a polícia faz vistas grossas para a ação dos pistoleiros. Acusam os acampados de estarem armados, mas no conflito quem morreu e quem saiu atingido com tiros foram apenas os acampados.

O peso dessa morte recai diretamente na responsabilidade da revista IstoÉ e seu escriba Alan Rodrigues, do grileiro Sebastião Conti Neto, do corrupto governador de Rondônia, Ivo Cassol, do major Enedy, do Secretario de Segurança Pública de Rondônia – Cezar Pizzano, do comandante do batalhão de polícia ambiental Josenildo Jacinto, do Jornal Folha de Rondônia e de todos que se omitem e acobertam as atividades criminosas dos latifundiários.

image_pdfimage_print