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Viva os 13 anos da heroica resistência camponesa em Corumbiara! A Santa Elina é do povo!

1995: camponeses presos em campo de concentração após longa resistência.

1995: camponeses presos em campo de concentração após longa resistência. 2008: placa erguida no mesmo local indica a retomada da fazenda.

1. Foi em Rondônia que o latifúndio cometeu um dos crimes mais bárbaros de toda a história brasileira contra os camponeses. Na madrugada do dia 9 de agosto de 1995, as 600 famílias acampadas na fazenda Santa Elina foram violentamente atacadas pela Polícia Militar (3° Batalhão de Vilhena e COE – Comando de Operações Especiais) e bandos de pistoleiros.

2. O episódio ficou conhecido como Massacre de Corumbiara e ganhou repercussão nacional e internacional.

3. O resultado foram 11 camponeses assassinados, inclusive a pequena Vanessa de 7 anos de idade, executada com um tiro pelas costas, 7 desaparecidos, mais de 200 com graves sequelas físicas e psicológicas da violência, muitos deles com balas encravadas no corpo. Alguns companheiros faleceram de doenças causadas pelos espancamentos e torturas.

4. Além dos assassinatos, os camponeses foram submetidos a humilhações e torturas durante horas. Entre muitas atrocidades, alguns foram obrigados a comer terra e pedaços de cérebro de outros camponeses que tiveram o crânio estourado por tiros.

5. Pouco tempo depois, também foi assassinado na porta de sua casa, em Corumbiara, o vereador Manoel Ribeiro, o Nelinho (PT), que apoiou as famílias durante toda a ocupação.

6. A ação da polícia a serviço do latifúndio só não resultou em mais mortes graças à heroica resistência dos camponeses que enfrentaram os assassinos com foices, paus, facões e espingardas velhas.

Tomada da Fazenda Santa Elina em 19957. Os responsáveis pelo massacre foram o governador de Rondônia à época Valdir Raupp (PMDB), o latifundiário e coronel da reserva Antenor Duarte do Valle e os comandantes da PM José Hélio Cysneiro Pachá, Mauro Ronaldo Flores Correia e Vitório Regis Mena Mendes. Apenas o último foi condenado, mas respondeu o processo em liberdade.

8. Nenhum deles foi punido pelo massacre contra os camponeses. Raupp hoje é senador, líder do PMDB no Congresso, partido da base aliada do governo Lula. Antenor sequer foi citado no processo e os comandantes foram promovidos. Por outro lado, dois camponeses foram condenados pelas mortes sendo que um deles, o companheiro Cícero, ficou meses na cadeia e ainda cumpre pena em regime aberto.

9. O PT que fazia parte do governo Raupp, devido a estes acontecimentos se dividiu e uma parte deixou o governo.

10. Hoje, passados 13 anos da histórica resistência em Corumbiara, as famílias vítimas seguem lutando pela punição dos culpados, o direito a indenização e pelo corte das terras da fazenda.

11. Recentemente, a Corte Interamericana de Justiça da OEA – Organização dos Estados Americanos decidiu que o governo brasileiro deve pagar as indenizações, reconhecendo que o massacre contra os camponeses foi uma operação de guerra em tempos de paz. Até hoje, nenhuma indenização foi paga.

12. Luís Inácio Lula (PT) quando esteve em Corumbiara logo após o massacre prometeu que se caso fosse eleito presidente puniria os responsáveis, pagaria a indenização e cortaria a fazenda. Agora está provado que tudo não passava de demagogia para ganhar votos.

13. No ano passado, nós vítimas de Santa Elina estivemos em Brasília acampados por 21 dias. Lula não teve a coragem sequer de nos receber. O ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, o presidente do Incra, Rolf Hackbart e o secretário do gabinete Civil da presidência da República, Gilberto Carvalho prometerem que em 60 dias resolveriam os problemas das indenizações e corte da fazenda, mas não cumpriram nenhuma das promessas.

14. Cansados de tanto esperar, decidimos retomar a fazenda Santa Elina e no dia 11 de maio nós, famílias organizadas pelo Codevise, entramos nas terras.

15. Temos enfrentado não apenas a polícia e justiça a serviço do latifúndio e seus jornais como também Incra de Rondônia e seu superintendente Carlino Lima (PT) e Fetagro, aliados com bandidos oportunistas (bando do Sandro Barbosa) que tentam desviar a luta das famílias de Santa Elina para seus interesses eleitoreiros e econômicos. Para isso tentam dividir as famílias usando de mentiras e manipulações. Quando isso não resolve tentam intimidar e ameaçar companheiros, se prestando ao mais sujo trabalho de auxiliar da polícia.

16. Neste dia 9 de agosto, nós os combatentes da Heroica Batalha de Santa Elina queremos relembrar e homenagear os companheiros que derramaram seu generoso sangue na fazenda Santa Elina, resgatar o heroísmo da resistência das famílias e seu grandioso exemplo de combatividade. Também queremos reafirmar nossa decisão de lutar pelo nosso direito a indenização, pelo tratamento de saúde às vítimas, pela punição aos culpados do massacre e pelo corte imediato da fazenda Santa Elina e a entrega das terras a todas as vítimas e também às famílias sem terra ou com pouca terra.

Honra e glória aos mártires de Santa Elina:

Sérgio Rodrigues Gomes, Vanessa dos Santos Silva, Manoel Ribeiro – Nelinho, Ari Pinheiro dos Santos, Alcindo Correia da Silva, Enio Rocha Borges, Ercílio Oliveira de Campos, José Marcondes da Silva, Nelci Ferreira, Odilon Feliciano, Maria Bonita

Viva a heroica batalha de Santa Elina!
Tomar todas as terras do latifúndio!
Viva a Revolução Agrária!
Abaixo o oportunismo, banditismo e papel de polícia do Incra!

CODEVISE – Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina